Templeton encontra refúgio contra populismo no Brasil

Gestor também comprou mais títulos brasileiros -- elevando os ativos no país a 15 por cento do fundo -- depois que o impeachment de Dilma Rousseff abriu caminho para políticas pensadas para tirar a economia da recessão

Bloomberg

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(Bloomberg) — Michael Hasenstab acredita ter encontrado um refúgio contra as políticas contrárias ao establishment que estão repercutindo em todo o mundo desenvolvido, mas não onde você imaginaria.

O gestor de recursos da Franklin Templeton dedicava mais de 35 por cento de seu principal fundo, o Templeton Global Bond Fund, de US$ 41 bilhões, à América Latina no fim de 2016 para aproveitar um distanciamento das políticas anticomerciais que estão ganhando força nos EUA e em certas regiões da Europa. Trata-se de um aumento de 11 pontos percentuais em apenas um ano, segundo dados publicados nesta semana.

A ironia de investir em um continente que viu tanta demagogia sem-vergonha nos últimos anos justamente no momento em que Donald Trump construía sua popularidade nos EUA e que o Reino Unido decidia deixar a União Europeia não passou despercebida por Hasenstab. O executivo de 43 anos, que possui PhD em Economia, publicou uma nota técnica neste mês alertando os governos de países avançados de estarem sendo “tentados pelos encantos do populismo” que causaram danos econômicos na Argentina, no Brasil e na Venezuela.

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Os dois primeiros chamaram a atenção de Hasenstab ao adotar medidas para se distanciar do protecionismo. No quarto trimestre, ele fez seus primeiros investimentos na Argentina desde que o país encerrou uma década de isolamento com a eleição do presidente Mauricio Macri, em 2015, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Ele também comprou mais títulos brasileiros — elevando os ativos no país a 15 por cento do fundo — depois que o impeachment de Dilma Rousseff abriu caminho para políticas pensadas para tirar a economia da recessão. O único país que recebe mais investimentos do fundo é o México.

As políticas populistas “prometeram a fantasia de uma saída fácil e indolor — mas em vez disso geraram declínios duradouros dos padrões de vida e infligiram danos graves”, disse Hasenstab, autor do relatório juntamente com outros seis colegas que também possuem PhD.

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Maior preocupação
A estratégia ajudou o fundo de Hasenstab a fornecer retornos de 6,2 por cento aos clientes em 2016, maior total em quatro anos, mas não diminuiu o êxodo de clientes. Os investidores retiraram US$ 30 bilhões do Templeton Global Bond Fund de 2014 para cá, transformando-o em uma das maiores vítimas da corrida para fundos negociados em bolsa mais baratos, que monitoram índices passivamente.

Para um homem cuja fama se fez por assumir riscos em países em desenvolvimento enquanto outros os evitam, o executivo nativo do estado de Washington teme a trajetória política incomum no Ocidente. Mais de 30 por cento dos investidores em créditos de alta qualidade listaram o populismo como sua maior preocupação em 2017 em uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch Global Research no fim do ano passado. Isso ocorre especificamente na iminência das eleições da França, da Holanda e da Alemanha.

Uma das maiores apostas de Hasenstab que foram contra a corrente em 2015, de que o Brasil se recuperaria de uma recessão paralisante, compensou rapidamente. Desde a suspensão de Dilma, em maio, o país se move rumo a uma política econômica mais ortodoxa para estimular o crescimento e reduzir o déficit no orçamento. Isto gerou uma alta no mercado que elevou os títulos em moeda local medidos em um índice da Bloomberg em 67 por cento em 2016. O país ainda está em alta neste ano.