Temer é o Fim. Agora, um Novo Começo

Chegou a hora de se ter ambição e expurgar ao máximo as más práticas e associar idealismo genuína com ação intensa

Francisco Petros

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Os últimos fatos da política brasileira não se constituem em surpresa. Não é preciso ter a imaginação dos irmãos Grimm para saber sobre a natureza da política brasileira, bem como as entranhas de seus feitos nada republicanos. Aqui não cabe nenhum cinismo – é preciso explicitar a verdade factuais e históricas.

Michel Temer nunca foi meio de solução efetiva dos problemas nacionais e sequer poderia ser a“pinguela” verbalizada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em seu delírio falsamente analítico.

A capacidade de articulação política do presidente que alçou voo em meio ao analfabetismo econômico de Dilma Rousseff se resumia aos seus feitos congressuais, moldados no arcaico jogo do toma-lá-dá-cá. Distribuía cargos e, como se sabe, favores, para obter resultados em votações e, diante da necropsia dos fatos espetacularmente lançados às luzes, para os seus bolsos e interesses. O Palácio do Jaburu não viu, em momento algum, sinais de republicanismo e fé sincera nos anseios do povo brasileiro. Era a casa da articulação em torno de uma agenda de “políticas tecnoempresariocráticas” que foram forjadas como única chance para se obter apoio social e, sobretudo, das elites econômicas do país. Nunca teve o presidente e sua turba a convicção verdadeira quanto aos objetivos. Se tivesse, não teria sido a barreira sólida que sempre foi às reformas econômicas e sociais anteriormente tentadas: na cadeira de deputado federal e presidente da Câmara articulava dificuldades à modernização do país para vender as facilidades que lhe empacotavam à vida pessoal e política.

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As votações das reformas trabalhista e previdenciária são absolutamente necessárias, mas há nelas que se incorporar visão mais ampla para integrar o país dentro e fora de suas fronteiras físicas e mentais. Por dentro, caberia ao governo a tentativa de atrair os pobres para o centro do sistema capitalista e, assim, transferir renda e esperança entre gerações. No âmbito externo seria necessária uma abertura integrativa e competitiva por meio da execução de políticas públicas críveis do ponto de vista estratégico e do ponto de vista de execução. Tudo isso com a visão sustentável do desenvolvimento.

Estrategicamente, Temer nada pensava. Apenas comprava uma agenda que lhe era conveniente e, digamos, possível dentre os seus apaniguados. No que tange à execução das políticas públicas, os modos corruptos e de favorecimento seletivo aos participantes dos processos impediam que o país andasse mais rápido e mais firme. Seu ministério é vergonha transportada dos malfeitos políticos para a ocupação de vagas governamentais que de nada servem aos interesses públicos. Balela, é o que se diz nas conversas informais. O arcaísmo presidencial não está expresso apenas nas suas mesóclises de mau gosto: é reflexo de seu íntimo conhecimento do que há de pior na política brasileira.

Dito isso, registro meu mais sincero otimismo diante dos fatos agora escancarados pela mídia. O Brasil tem agora chance real. O que tínhamos antes era apenas a ocasional ilusão de que Temer e seus asseclas eram melhores que o lulismo e o dilmismo. A sociedade brasileira, nesse difícil e turbulento momento, tem revigorada a possibilidade de retomar a liderança da agenda. Muda de facto a ordem das coisas, dessa feita em melhor sentido. Se o país quiser mudar mesmo, terá de mobilizar os seus melhores esforços da sociedade para o Estado e não o contrário. O que tínhamos antes era Brasília lançando redes para capturar os seus próprios interesses, calcados na pequeneza da política estacionada no Congresso Nacional. O simbolismo do mandato popular foi destruído pela corrupção larga e imoral que envergonha o Brasil. Uma Nação tão rica e, ao mesmo tempo, tão pobre, no atual contexto, tem de liderar os processos e vigiar os seus representantes mandatados pelo voto. Ou seja, é preciso recuperar a identidade básica entre o Poder e a Política, ambos com maiúsculas. E sem Robespierre e sem Comitê de Salvação Pública, apenas para lembrar a face dura da Revolução Francesa.

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Chegou a hora de se ter ambição e expurgar ao máximo as más práticas e associar idealismo genuína com ação intensa.

Para tanto, está na hora de seguirmos de perto os arranjos em torno da escolha do próximo presidente. Não importa, nesse sentido, se a escolha será indireta ou se o sonho de uma eleição direta puder se realizar mais cedo. O que deve pesar nesse momento é escolher homens republicanos para tecer o conserto e o concerto de boas políticas e modos mais humanos e éticos na Política.

A sociedade, nesse terrível momento, deve sentir os ares mais sublimes e saber que é tempo de mudar, de pensar grande, de se organizar para evitar que se assalte, mais uma vez, o sonho de um país melhor.

O dólar, as bolsas, os juros e os preços vão subir e cair, conforme os fatos se desenrolarem. Isso pouco importará se seguirmos firme na consciência de que Temer e seu governo acabaram: se ele partirá ou não, é questão meramente formal.

Seu governo em verdade acabou e o país tem enorme chance de cuidar de seus destinos. Vamos parar de pessimismo e cuidar daquilo que é nosso. A sociedade, finalmente, tem a chance de tomar conta daquilo que é seu. Os políticos começam a perder aquilo que juntaram imoralmente.

O Brasil é bem melhor sem Lula, Dilma, Temer, Aécio et caterva. Há muita gente boa que pode ser atraída para a vida pública: agora eles têm uma razão para fazê-lo. Essa razão chama-se Brasil. Os bárbaros estão partindo e, que bom!, nós podemos vê-los como eles são e o que fazem.