Taxas futuras de juros sobem no pós-Carnaval em ajustes a dados dos EUA

Em uma sessão reduzida, o que também afetava a liquidez, as altas das taxas futuras no Brasil foram firmes, em especial entre os contratos com prazos mais longos

Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira pós-Carnaval em alta no Brasil, ajustando-se ao avanço firme dos rendimentos dos Treasuries no dia anterior, quando dados de inflação mais fortes que o esperado nos EUA elevaram a expectativa de que o corte de juros no país ocorra apenas mais à frente.

Além de os mercados no Brasil estarem fechados na segunda e na terça-feira em função do Carnaval, os negócios começaram nesta Quarta-Feira de Cinzas um pouco mais tarde, a partir das 13h. Assim, os preços dos ativos precisaram se ajustar aos movimentos vistos até então no exterior.

No caso dos juros futuros, o principal condutor do ajuste foi a alta firme dos yields dos Treasuries na terça-feira, após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em janeiro subir 3,1% em base anual, acima dos 2,9% esperados por economistas do mercado.

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Em reação, os rendimentos do Treasury de dez anos, referência global de investimentos, subiram 15 pontos-base na terça-feira, em meio à leitura de que o Fed começará a cortar juros apenas em junho — e não em maio, como vinha sendo precificado na semana passada, ou em março, como se projetava no fim de 2023.

Na manhã desta quarta-feira, com os mercados ainda fechados no Brasil, os rendimentos dos títulos norte-americanos cederam um pouco, mas estiveram longe de zerar o forte avanço visto na véspera.

Com a abertura do mercado brasileiro às 13h, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) passaram a subir, com a curva brasileira se ajustando ao forte movimento dos Treasuries na terça-feira.

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“A divulgação do CPI nos EUA ontem, que veio acima das expectativas, corrobora a visão do Fed de que (eles) provavelmente ainda não estariam confortáveis para iniciar o corte de juros na reunião de março”, pontuou Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, em análise enviada a clientes.

“Como consequência, as (taxas dos) Treasuries abriram uns 15 pontos-base (na terça-feira), e a (taxa) de dez anos chegou ao pico de 4,32%, lembrando que ela estava a 3,85% antes da última reunião do Fomc. Este movimento acaba impactando no câmbio e nos juros aqui no Brasil”, acrescentou Leal.

Em uma sessão reduzida, o que também afetava a liquidez, as altas das taxas futuras no Brasil foram firmes, em especial entre os contratos com prazos mais longos. Segundo Leal, o CPI elevado tende a conter investidores mais otimistas, que enxergam uma taxa básica Selic abaixo de 9% no fim de 2024.

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A projeção da BGC Liquidez é de Selic a 9,5% no final deste ano. No relatório de mercado Focus, que será atualizado apenas na quinta-feira, a projeção atual é de uma Selic a 9% no fim de 2024. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,03%, ante 10,001% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,82%, ante 9,754% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,995%, ante 9,915%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,255%, ante 10,177%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,68%, ante 10,598%. A curva a termo brasileira precificava 86% de chances de o corte da Selic em março ser de 0,50 ponto percentual.

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Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 5,30 pontos-base, a 4,2632%.