Taxas curtas têm leve baixa e longas sobem com movimento técnico e dados dos EUA

Perto do fechamento, o Federal Reserve divulgou seu Livro Bege, com apontamentos sobre a economia norte-americana

Reuters

(Feodora Chiosea/ Getty Images)

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SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs de curto prazo fecharam a quarta-feira com leves baixas no Brasil, enquanto as de longo prazo subiram, em meio a movimentos técnicos e a novas altas dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após a divulgação de dados positivos do varejo e da indústria dos Estados Unidos e de novos comentários do Federal Reserve sobre a economia norte-americana.

Pela manhã, o Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo dos EUA aumentaram 0,6% em dezembro, após elevação de 0,3% em novembro. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4%.

Já o Federal Reserve informou que a produção industrial aumentou 0,1% em dezembro, após alta de 0,2% em novembro. Economistas consultados pela Reuters previram que a produção das fábricas permaneceria inalterada.

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Os dois dados acima do esperado reforçaram o movimento mais recente de alta para os rendimentos dos títulos norte-americanos, com investidores reduzindo as apostas de que o Fed iniciará o ciclo de corte de juros já em março.

“Apesar dos indicadores de PMI, que são mais pesquisas de expectativas e que estão sinalizando para uma desaceleração (econômica), os “hard data”, que são os dados de produção industrial e de varejo em si, estão mais fortes”, pontuou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado a clientes.

“Óbvio que isso coloca mais lenha na fogueira do juro longo. A Treasury de dez anos acima de 4,05%, isso vai empurrando o corte (de juros nos EUA) mais para o meio do ano, possivelmente maio, e agrava um pouco este estresse que a gente está vendo neste início do ano”, acrescentou Gala.

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Neste cenário, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) chegaram a renovar máximas também no Brasil: a taxa para janeiro de 2026 subiu cerca de 6 pontos-base e a para janeiro de 2031 avançou aproximadamente 5 pontos-base às 10h48 — pouco depois dos dados de varejo nos EUA e antes da divulgação da produção industrial norte-americana.

Entre o fim da manhã e o início da tarde, no entanto, as taxas futuras perderam força no Brasil e passaram a oscilar em leve baixa em toda a curva a termo, a despeito de o rendimento do Treasury de dez anos — referência global de investimentos — se manter em alta firme.

Profissionais ouvidos pela Reuters citaram “fatores técnicos” para que as taxas tenham perdido força. Pelo modelo da consultoria Wagner Investimentos, as taxas futuras subiram até atingir pontos técnicos para venda e stops (ordens de parada) podem ter sido acionados.

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O fato de os juros futuros terem registrado fortes ganhos na véspera no Brasil — de quase 20 pontos-base em alguns vencimentos — também favorecia um ajuste de baixa nesta quarta.

“Creio que seja ajuste, além de varejo (no Brasil) ‘de lado’, que sugere que a atividade está morna”, comentou durante a tarde o economista-chefe na Way Investimentos, Alexandre Espirito Santo, ao justificar a queda das taxas dos DIs naquele momento.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) havia informado que as vendas no varejo brasileiro avançaram 0,1% em novembro ante outubro e subiram 2,2% sobre um ano antes. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,10% na comparação mensal e de avanço de 2,10% sobre um ano antes.

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Perto do fechamento, o Federal Reserve divulgou seu Livro Bege, com apontamentos sobre a economia norte-americana. Nele, o Fed avaliou que a atividade econômica nos EUA pouco mudou nas últimas semanas.

Após o Livro Bege — e com os yields do Treasury de dez anos em alta firme — as taxas futuras no Brasil viraram para o positivo e fecharam em leve alta em boa parte dos vencimentos, mantendo leves baixas apenas na ponta curta.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,115%, ante 10,131% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,785%, ante 9,796% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 9,955%, ante 9,95%.

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Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,205%, ante 10,193%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,6%, ante 10,581%.

Perto do fechamento a curva a termo precificava 99% de chances de o corte da taxa básica Selic no fim de janeiro ser de 0,50 ponto percentual. Atualmente a Selic está em 11,75% ao ano.

Às 16:40 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 4,20 pontos-base, a 4,1076%.