Taesa se credencia como uma das melhores pagadoras de dividendos e ofusca resultado fraco do 4º trimestre

Resultado da companhia não animou os analistas, mas pagamento de dividendos, com um dividend yield de 15% em 2020, foi o ponto positivo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Resultados fracos, mas dividendos fortes. Mesmo com os números do quarto trimestre de 2020 decepcionando o mercado, o anúncio dos dividendos da companhia de energia Taesa (TAEE11) acabaram animando os investidores, em um dia também de alta generalizada para os mercados. Às 11h53 (horário de Brasília), os ativos TAEE11 subiam 3,84%, a R$ 31,93.

A princípio, o balanço da transmissora de energia elétrica parece ser bem positivo, uma vez que ela registrou lucro líquido de R$ 829 milhões no quarto trimestre de 2020, um salto de 194,7% na comparação anual, ajudada pela disparada do IGP-M, que corrige parte de seus contratos, e após aquisições e conclusão de projetos. Os ganhos totais em 2020 foram de R$ 2,26 bilhões, pouco mais que o dobro do resultado de R$ 1,1 bilhão em 2019.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) regulatório foi de R$ 302 milhões no último trimestre de 2020, alta de 17% ano a ano, com margem de 78,9%, contra 76,1% em mesmo período de 2019. No ano, a companhia encerrou com margem Ebitda de 81,9%, contra 82,7% em 2019.

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A receita líquida da Taesa para o período de outubro a dezembro somou R$ 1,17 bilhão, com significativa expansão de 148,5% em base anual, “em função das aquisições recentes e entrada em operação de algumas concessões”, segundo a empresa.

Também houve impacto positivo do reajuste inflacionário de receitas asseguradas em contratos de concessão da empresa, parte eles associados ao índice de inflação IGP-M, que disparou em 2020, com alta acumulada de 24,5% no ano.

Enquanto no último trimestre de 2020 o IGP-M avançou um acumulado de 11,24%, em 2019 o índice chegou a ter variação negativa de 0,01% em setembro e acumulou 0,97% nos últimos três meses, destacou a Taesa.

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A correção monetária dos ativos rendeu 493,5 milhões de reais em receita líquida para a empresa no trimestre, impressionantes 1.290% a mais que no mesmo período de 2019. No fechado do ano, foram R$ 1 bilhão, alta de 513%.

Os custos, despesas, depreciação e amortização regulatórios da companhia aumentaram 9,6% no último trimestre, para R$ 143,6 milhões, enquanto avançaram 18,8% em 2020, para R$ 517,8 milhões. Mas custos com pessoal, material, serviços e outros recuaram 0,4% no último trimestre, para 80,9 milhões, embora tenham subido 14,6% no ano, para R$ 275,7 milhões.

Os números impressionam mas, com ajustes, eles não foram tão recebidos pelos analistas de mercado. Conforme destaca a XP Investimentos, o Ebitda Ajustado (incluindo resultado de participações por equivalência patrimonial) foi de R$ 334,0 milhões, ligeiramente abaixo (mais precisamente 8,5%) da estimativa dos analistas de R$ 364,8 milhões. Além disso, houve maiores despesas financeiras líquidas do que o esperado.

Por outro lado, os analistas da XP destacaram como positivo que a empresa manteve sua prática de distribuição de proventos nos patamares elevados, refletindo o forte potencial de geração de caixa da companhia e o menor perfil de risco do setor de transmissão de energia.

O Conselho de Administração da companhia aprovou uma distribuição de dividendos adicionais de R$ 561,9 milhões. Isso representa R$ 1,63 por unit e um dividend yield (valor do dividendo em relação ao preço da ação) de 5,3%. A distribuição dos dividendos ainda deverá ser submetida à deliberação da Assembleia de Acionistas. As units negociarão ex-dividendos em 05 de maio de 2021.

Sendo aprovada, a distribuição total será equivalente a R$ 4,66 por ação referente a 2020, um retorno em dividendos de cerca de 15% – um retorno bastante considerável comparada às taxas praticadas pelo setor, destaca a Levante Ideias de Investimentos.

De acordo com a XP,  tal patamar de distribuição de dividendos é muito positivo, e uma evidência da visão da Taesa como um dos melhores veículos pagadores de dividendos. “Estimamos um dividend yield de 9,6% em 2021-22 para as ações”, apontam os analistas.

Para acompanhar

Cabe destacar que, além do resultado, a transmissora ainda divulgou a preparação de um plano de negócios que contemple a sua expansão de atuação em território nacional até 2030, que deverá ser realizada por meio de participações de leilões de transmissão e via aquisições de ativos.

André Moreira, CEO da companhia, apontou que a Taesa deve manter o mesmo nível de investimentos realizados em 2020 para os próximos anos subsequentes, da ordem de aproximadamente R$ 1,5 bilhão.

De acordo com Moreira, a expectativa é que essa competição se mantenha acirrada, com a participação de empresas do setor de energia, além de companhias de construção civil e fundos de investimentos – destaque do leilão anterior. Além do leilão previsto para junho, a agência deve realizar um segundo leilão no final do ano, em dezembro.

Além dos planos de expansão da companhia, que atualmente contabiliza 39 concessões de transmissão, a Taesa também incluiu em seus planos metas relacionadas à integração e sustentabilidade, com ampliação da diversidade no seu quadro de funcionários e métricas para monitorar esse propósito, aponta a Levante.

(Com Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.