Suzano tem 4º tri forte, mas analistas e executivos falam em 2024 mais desafiador

Período entre outubro e dezembro foi marcado por por reposições de estoques por parte de compradores

Vitor Azevedo

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Apesar da queda dos números na base anual, a Suzano (SUZB3) teve um resultado do quarto trimestre considerado positivo por analistas, dentro daquilo que era esperado. Mesmo que ainda longe do pico visto para o preço da celulose um tempo atrás – que explica o recuo dos números na base anual -, a companhia teve uma recuperação sequencial no período entre outubro e dezembro de 2024. No entanto, há dúvidas quanto se o momento continuará. 

A melhora na base trimestral já era esperada por analistas. A receita líquida chegou a R$ 10,3 bilhões, alta de 16% trimestre a trimestre, mas com queda de 28% no ano. O Ebitda  [Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] subiu 22% frente ao segundo tri, para R$ 4,5 bilhões, mas caiu 45% no ano. O lucro de R$ 4,5 bilhões  reverteu prejuízo, mas caiu 39% na base anual. 

O quarto trimestre de 2023 foi marcado pela reposição de estoques por parte dos compradores, que se preparam para o Ano-novo chinês, que aconteceu na segunda semana de fevereiro. A movimentação fez o preço do produto subir. 

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“A Suzano reportou um Ebitda de R$ 4,5 bilhões, em linha com o consenso e nossa estimativa. No geral, a empresa apresentou resultados sólidos, com melhora sequencial em função de preços realizados de celulose mais altos (alta de 5% no trimestre), remessas de celulose sazonalmente mais fortes (+11%) e melhor desempenho do custo caixa”, explica a equipe do Bradesco BBI, encabeçada por Rafael Barcellos. 

A alta dos volumes vendidos também já era projetada, uma vez que a Suzano, no quarto trimestre, não realizou manutenções. Os volumes de celulose e papel vendidos totalizaram  3,1 milhões de toneladas, alta de 12% no trimestre e de 2% no ano. 

“O desempenho acima do esperado foi explicado principalmente por melhores volumes no segmento de celulose. Na divisão de papel, o resultado sequencial veio mais fraco, com melhores volumes ofuscados por preços mais baixos e maiores despesas”, comenta o time do Itaú BBA, liderado por Daniel Sasson. 

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Por volta das 12h30 (horário de Brasília) desta quinta-feira, os papéis ordinários da Suzano caíam 0,73%, a R$ 56,96.

Dúvidas quanto a 2024

No entanto, analistas, já mesmo antes da divulgação do resultado, vinham se perguntando se a melhora sequencial será mantida. O BTG, por exemplo, em sua prévia para o resultado  da companhia, afirmou ver o quarto trimestre como o pico do “mini-ciclo de alta”. E essa preocupação voltou a aparecer após o resultado. 

Indagado sobre as perspectivas para 2024, o atual CEO – que está de saída -, Walter Schalka, falou que enxerga um mercado “complicado”, com pesquisas sugerindo que os preços cobrados na China já alcançaram um pico. Mas, ao mesmo tempo, a demanda vista após o fim do Ano Novo Chinês teria surpreendido positivamente, permitindo algum aumento de preços.

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A Suzano, de acordo com os executivos, vem limitando os volumes para a Ásia e redirecionando estoques para os Estados Unidos e para a Europa, cujos mercados têm se recuperado, em um esforço para recompor seus inventários. Os clientes na Europa, de acordo com o diretor comercial Leonardo Grimaldi, estão aumentando suas projeções de encomendas para os próximos trimestres.

No longo prazo, a perspectiva é que os preços voltem a se recuperar. Os atuais patamares, de preço de acordo com os diretores, devem afastar o surgimento de novas capacidades. “Projetos novos, por agora, são difíceis de justificar. Pedem mais capex e, por isso, pede preço de celulose mais alto. Com os juros altos, então, fica inviável. Há estudos, mas, para nós, é claro que teremos um período nos próximos anos sem capacidade nova chegando ao mercado”, disse o CFO Marcelo Feriozzi Bacci.

O projeto Cerrado deve disponibilizar um aumento da capacidade da companhia em 2024, bem como uma diminuição de custos. “Para diminuir custo caixa, estamos tentando reduzir a distância entre a área florestal e as unidades. Temos a maior área florestal e a diferença ficará cada vez mais nítida com o ramp up do projeto Cerrado”, explicou Aires Galhardo, diretor de celulose da Suzano. 

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Sobre projetos futuros, a perspectiva é que as decisões fiquem para o CEO que assumirá em julho, João Alberto Fernandez, atualmente na Rumo (RAIL3). Schalka, que está ajudando na transição, de qualquer forma, definiu que a Suzano está sempre buscando oportunidades no Brasil e em qualquer outra região. “Mas temos clareza nesse objetivo, com projetos que criem diferenciação de custo, produto ou serviço. Não queremos estar no meio da tabela. Queremos projetos que criem escala, com geração de caixa boa”, falou. 

Nessa frente, por fim, a empresa de celulose afirmou que não descarta novas verticais, como os mercados têxtil e de embalagens