Suzano e Rumo têm trocas inesperadas de CEOs: como os analistas viram as mudanças?

De acordo com os analistas, apesar de surpreender o mercado, os processos de transição para ambas as empresas deve ser tranquilo, sem grandes alterações nas estratégias

Felipe Moreira

(Getty Images)

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Além dos resultados do quarto trimestre, o noticiário corporativo foi movimentado para a Suzano (SUZB3) também pelo anúncio da troca do diretor presidente, que também afetou outra companhia da Bolsa, a Rumo (RAIL3).

A Suzano anunciou o processo de sucessão do atual CEO, Walter Schalka, que permanecerá no cargo atual até julho de 2024, com o Conselho de Administração aprovando o João Alberto Fernandes de Abreu, atual diretor presidente da Rumo (RAIL3), para ser o novo CEO da Suzano.

Embora inesperada para este momento, a XP Investimentos possui uma visão neutra sobre a mudança de comando para a empresa de papel e celulose, uma vez que Schalka deixa a empresa após a conclusão de um dos projetos mais desafiadores da companhia, com um período de transição (entre abril e julho) tornando a sucessão menos disruptiva, além de ser indicado também para uma cadeira no Conselho de Administração, com João Alberto Fernandes assumindo efetivamente o posto em julho deste ano.

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O JPMorgan também destaca que foi uma grande surpresa o anúncio de que Walter Schalka, muito respeitado e considerado pelos investidores, está deixando o cargo de CEO. No entanto, o banco avalia que o processo de transição foi bem planejado, com um novo CEO já contratado. Ambos os executivos trabalharão juntos de abril a junho em um processo de transição para preparar o novo CEO. Além disso Schalka permanecerá envolvido com a Suzano, participando de quatro comitês de gestão e provavelmente ocupando também um assento no conselho da Suzano.

O Itaú BBA elogia Schalka por suas muitas contribuições à Suzano e não prevê mudanças estratégicas significativas. Os analistas acreditam que o envolvimento contínuo do executivo nessas novas funções mitigará os riscos potenciais associados à transição de gestão e às decisões de alocação de capital.

O Bradesco BBI, por sua vez, comentou que durante a teleconferência as atenções se voltariam para a transição do CEO e o tom da administração em relação aos preços de celulose no primeiro semestre de 2024.

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Com relação ao balanço de Suzano, de forma geral, os banco consultados esperavam reação neutra das ações no pregão de hoje, tendo em vista os números foram bons e estão em linha com o consenso. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 4,5 bilhões, ligeiramente abaixo das expectativas do JPMorgan, mas em conformidade com o consenso compilado para a empresa. Já o desempenho do segmento de celulose foi marcado por remessas robustas, preços sequencialmente mais altos e custos mais baixos. Por outro lado, o papel decepcionou um pouco devido a preços mais baixos e custos mais elevados.

Ao olhar para a Rumo, João Alberto Fernandes de Abreu será substituído no cargo de CEO por Pedro Marcus Lira Palma, atual diretor comercial da companhia. O JPMorgan também aponta que a notícia foi inesperada e que, embora raramente seja bom ver um executivo bem conceituado deixando uma empresa, acredita que a substituição interna deverá levar a uma transição tranquila, limitando qualquer interrupção significativa na estratégia da Rumo. Lira Palma está na Rumo há mais de uma década, em diferentes funções, atuando como Diretor Comercial desde 2020.

A XP também vê o anúncio como neutro para a Rumo, mesmo que inesperado. “Embora por um lado reconheçamos que Abreu é altamente considerado por nós e pelo mercado, observamos que vemos isso como uma decisão profissional/executiva natural, pois ele está assumindo um papel importante como CEO da Suzano e esperamos uma transição tranquila para a Rumo, já que Palma foi eleito CEO pelo Conselho de Administração (CA) como parte do plano de sucessão da empresa”, aponta. O Citi também não vê impacto na estratégia atual da empresa.

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O Morgan Stanley apontou que João Alberto, atual CEO da Rumo, enfrentou um dilema, uma vez que RAIL3 está em um ótimo momento do ciclo, mas substituir Walter Schalka na gestão da Suzano é uma grande oportunidade na carreira de qualquer CEO. Vendo transição suave e continuidade na estratégia, o banco lembra que o novo CEO Lira Palma ajudou a mudar a posição comercial da empresa e a estrutura de preços. Os analistas de XP, JPMorgan, Morgan e Citi têm recomendação equivalente à compra para as ações da Rumo.

O Itaú BBA e o Bradesco BBI mantêm classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de, respectivamente, R$ 63 e R$ 72,50, para a Suzano. O JPMorgan também tem recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 72. A XP Investimentos reitera a Suzano como sua preferida no segmento de Papel e Celulose. Já o Morgan Stanley recomenda venda do papel, com preço-alvo de R$ 47.