Suzano (SUZB3): elevação de investimentos não é bem recebida por analistas, mas visão é diferente sobre ações

Empresa anunciou estimativa de investimento de R$ 18,5 bilhões para o próximo ano, acima dos R$ 16,1 bilhões previstos para 2022

Felipe Moreira

(Shutterstock)

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A Suzano (SUZB3) anunciou nesta quinta-feira (1) estimativa de investimento de R$ 18,5 bilhões para o próximo ano, incluindo R$ 8,9 bilhões para o projeto Cerrado da empresa – número 21% acima da estimativa anterior do Morgan  Stanley de R$ 15,2 bilhões, e 32% acima do consenso de R$ 14 bilhões, o que foi avaliado como ligeiramente negativo para as ações pelos analistas.

Apesar do capex – investimentos em capital – estar apenas R$ 590 milhões acima da estimativa do Itaú BBA de cerca de R$ 17,9 bilhões,  os analistas do banco acreditavam que o mercado esperava capex de aproximadamente R$ 16 bilhões para 2023.

A principal divergência em relação aos números do BBA foi o capex acima do esperado para o projeto Cerrado e para manutenção (R$ 1,8 bilhão e R$ 600 milhões acima das projeções, respectivamente), que mais do que compensaram o capex abaixo do esperado para aquisição de terras e florestas e para projetos de eficiência e outros (R$ 600 milhões e R$ 1,2 bilhão abaixo das estimativas, respectivamente).

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“A Suzano está acelerando alguns pagamentos a fornecedores para se beneficiar da forte geração de fluxo de caixa (FCF) frente ao ambiente provavelmente mais difícil em 2023-2024 para geração de lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) em relação aos resultados recordes esperados para 2022”, comenta o BBA, em relatório.

Além disso, o BBA apontou continua preferindo a Suzano à Klabin (KLBN11) , com base em: “i) múltiplos mais baratos da Suzano e o baixo preço de câmbio e celulose implícito em seu valor de mercado atual; e ii) maior exposição da Suzano ao negócio de celulose, que acreditamos pode continuar surpreendendo positivamente os investidores com uma correção de preço mais gradual ao longo de 2023 do que o esperado pelo mercado”.

O Morgan Stanley permanece com recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à neutro) nas ações da Suzano, pois o risco de preços mais baixos de celulose nos próximos meses impede o banco de ser mais construtivo sobre os papéis da empresa.

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A empresa deve manter sua alavancagem em média de 2,0 vezes durante este período, contra 2,2 vezes no 3T22, pois analistas do Morgan ainda esperam que a Suzano apresente fluxo de caixa sólido para a empresa nos próximos anos – cerca de 10% em média em 2022–25. Além disso, a ação está sendo negociada abaixo de sua média histórica de 10 anos de 7,4 vezes.

Mais otimista, o Itaú BBA mantém avaliação outperform (equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 70, o que representa potencial valorização de 31,7% frente a cotação de fechamento de quinta-feira (1) de R$ 53,17.

Por outro lado, o Bradesco BBI tem recomendação equivalente à venda (underperform, desempenho abaixo da média do mercado) para os ativos SUZB3.

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Os analistas da casa observam que, durante o CEO Forum promovido em Nova York pela Bradesco BBI há algumas semanas, já tiveram a sinalização de que os investimentos da Suzano para 2023 provavelmente seriam maiores (potencialmente entre R$ 16 e 18 bilhões).

Os R$ 18,5 bilhões anunciados ficaram acima da estimativa atual do banco de R$ 16 bilhões, com investimentos maiores em diversas linhas, principalmente manutenção e projeto Cerrado.

Assim, mantiveram a recomendação de venda para as ações, pois continuam preocupados com as perspectivas para o mercado de celulose até 2023, dada a demanda mais fraca, redução dos gargalos logísticos e novas ofertas chegando ao mercado.

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“Dito isso, acreditamos que é improvável que as ações tenham um bom desempenho em um ambiente de preços de celulose e papel em declínio entre 2023 e 2024 e vemos espaço limitado para uma reavaliação no curto prazo”, aponta o banco. O preço-alvo é de R$ 56, ou 5% acima do fechamento da véspera.