Suzano (SUZB3) eleva preço de celulose para Ásia e ação sobe 1,5%: aumento pontual ou sinal para maior otimismo?

Bradesco BBI não vê sinais para alta perdurar e segue cauteloso com setor, enquanto Morgan Stanley vê possível aumento nas projeções

Equipe InfoMoney

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A Suzano (SUZB3) vai elevar o preço da celulose fibra curta em US$ 30 a tonelada para todos os mercados asiáticos a partir de junho, informou a companhia na segunda-feira.

A produtora de papel e celulose afirmou que o reajuste deve-se a um processo de formação de estoques por clientes tradicionais no mercado chinês, bem como à demanda de produtores integrados de papel e celulose, que miram reduzir as taxas de fabricação. A Suzano acrescentou que os preços de revenda de madeira estão subindo na China.

Com isso, nesta terça-feira (23), as ações SUZB3 fecharam em alta, de 1,51%, a R$ 45,86, bem longe das máximas de 5,27% de alta, mas acima do Ibovespa, que caiu 0,26%.

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O Bradesco BBI aponta que a Suzano não divulgou seu último preço líquido para o mercado chinês, embora as últimas notícias apontassem para preços de cerca de US$ 450 a tonelada (o que significa que a Suzano elevou os preços para US$ 480 a tonelada).

“Não esperamos uma tendência consistente de alta nos preços da celulose a partir de aqui, pois continuamos pensando que o aumento da oferta no mercado dificultará novas iniciativas. Notamos que Arauco mencionou recentemente que esperava que os preços permanecessem mais baixos por mais tempo (preços abaixo de US$ 500 a tonelada), enquanto a RISI relatou que a maioria dos fornecedores pretendia seguir com os preços estáveis por alguns meses, pois eles estavam preocupados com os problemas de excesso de oferta de celulose e excesso de capacidade à medida que entramos em um período de demanda sazonalmente mais fraco”, apontam os analistas.

Os analistas do BBI seguem com recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para a ação SUZB3, com preço-alvo de R$ 54 (ou um potencial de valorização, upside, de 20% em relação ao fechamento da véspera). Para a Klabin (KLBN11), a recomendação é neutra.

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Já o Morgan Stanley está mais otimista e tem recomendação overweight (exposição acima da média, equivalente à compra) para a ação da Suzano.

Para os analistas, se o aumento de preço anunciado se mantiver, os preços de BEKP (celulose branqueada de fibra curta de eucalipto) na China podem chegar a cerca de US$ 500 a tonelada em junho. Isso implicaria um ligeiro aumento na previsão de US$ 500 a tonelada de BEKP China esperada para o segundo trimestre de 2023 (2T23), já que estavam assumindo um preço de US$ 460 a tonelada para maio e junho.

“O anúncio, em nossa opinião, sugere que a empresa vê uma melhora nas condições de mercado na China. Prevemos que o BEKP e o BSKP [celulose branqueada de fibra longa] da China terão uma média de US$ 575 a tonelada e US$ 629 a tonelada em 2023, respectivamente”, apontam.

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Na visão da Levante, o ponto de máximo pessimismo aparentemente já ficou para trás. Os analistas apontam que deve-se observar melhora a partir do quarto trimestre, mas como o mercado conhece os ciclos e os preços das ações costumam reagir de modo antecipado é possível que as ações da Suzano venham a precificar essa dinâmica de forma antecipada.

A casa de análise destaca que a Suzano é a maior produtora de celulose do mundo: a empresa produz cerca de 10,5 milhões de toneladas por ano atualmente e tem o menor custo de produção do mundo.

“Sendo assim, o que grandes investidores enxergam no papel é um top pick do setor para investimentos, uma vez que a empresa consegue vender seus produtos com margem positiva quando nenhum competidor consegue, sendo mais rentável ao longo do ciclo. A empresa vem desenvolvendo o projeto Cerrado no Mato Grosso do Sul e, com essa nova planta, irá aumentar sua capacidade em 25% – corroborando para a ampliação de sua liderança global no setor, com uma produção de custo ainda mais baixo dadas as evoluções tecnológicas”, destaca.

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Para a Levante, o valuation da empresa segue atrativo nos preços atuais, seguindo otimista com as ações da companhia visando o longo prazo. “Mantemos nossa recomendação de compra para as ações de SUZB3 e ainda observamos a empresa como top pick para os investimentos no setor”, finaliza.

Cabe destacar que, em meio à queda recente das ações do setor e cenário de que a celulose pode ter chegado ao seu patamar mínimo de preços, analistas têm mostrado maior otimismo com Suzano e Klabin.

(com Reuters)