Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) veem mercado de celulose ainda favorável pelo menos até o final do ano

Na apresentação dos resultados do 3T22, empresas ressaltaram pontos que indicam os motivos dos preços da commodity se manterem favoráveis

Augusto Diniz

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Há preocupação das companhias de celulose brasileira coma instabilidade global, aumento do custo de energia e política monetária de aperto em vários países. Mas, no curto prazo, o mercado segue favorável.

Existem alguns motivos que indicam o setor vivendo momento ainda positivo, como estoques internacionais ainda baixos e oferta e demanda equilibrada.

“Mesmo numa situação desafiadora de mercado, aumento dramático do custo energético na Europa e cenário inflacionário global com aumento das taxas de juros, tivemos recorde de Ebitda [sigla em inglês para o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações]”, comemorou Cristiano Teixeira, diretor-geral da Klabin (KLBN11), na apresentação a analistas de mercado dos resultados do 3T22 da companhia.

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Alexandre Nicoline, diretor de negócios de celulose da Klabin, disse que “no cenário de curto prazo se mantém (o preço da celulose) dado todo o contexto de estabilidade e a demanda dos contratos regulares. Segundo o executivo, “um pouco da percepção de arrefecimento de demanda por parte de alguns está muito vinculado à melhoria do cenário de logística”.

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Nicoline afirmou durante a teleconferência com analistas que os problemas de gargalos e atrasos logísticos não foram 100% resolvidos, principalmente no modal de containers. Isso até, segundo executivo, foi um dos motivos do “enxugamento” do mercado spot e que gerou “perda de euforia” com as vendas de celulose. “Mas reforço que as vendas em contratos regulares permaneceram nos mesmos níveis no 3T22. Essa é a nossa visão também para o 4T22”, disse.

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Leonardo Grimaldi, diretor-executivo comercial de celulose da Suzano (SUZB3), aponta que a demanda do produto continua sólida. A companhia, inclusive, segue não atendendo o mercado spot (mercado a vista) para se centrar somente em pedidos de clientes no mercado futuro.

A Suzano pretende manter os seus preços de celulose até novembro, pelo menos. Grimaldi comentou ainda que os níveis de estoques de celulose teve redução de 6 % a 7% em setembro em relação a agosto nos portos europeus – o mesmo ocorrendo na China -, o que significa que há demanda.

Aliás, apesar da melhoria da cadeia logística, a companhia relata que estoques globais de celulose seguem abaixo dos níveis ideais. O executivo vê o mercado de celulose também favorável no quarto trimestre.

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Incertezas em 2023

A Klabin não identifica mudança de oferta de celulose até o final do ano. “Não há nenhuma entrada de capacidade que possa afetar esse ano”, afirmou Alexandre Nicoline a analistas. Segundo o executivo, “o mercado de fibra curta está bem justo, mas melhor do que de fibra longa”.

Nicoline ressaltou ainda que o impacto da fibra longa é baixo ou quase nulo na Klabin já que a exportação é pequena. “Nosso foco é na melhoria de mix de produtos e concentração em fluff e isso deve se perpetuar em 2023 em diante”, comentou o diretor.

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Mas o cenário de médio e longo prazos não permite avaliar com precisão qual será o movimento da celulose dadas às várias incertezas macro econômicas e crise energética na Europa que se avizinham. Nicoline disse que “fica difícil precisar como o preço (da celulose) vai se comportar ano que vem”.

Com relação às novas capacidades de celulose a serem colocadas no mercado, comentou ser também “difícil estimar”. A Klabin trabalha com estimativa de 1,2 milhão de toneladas adicional com aumento de capacidade de produção de celulose em 2023.

Ele lembrou que o gap deixado pelo fechamento de fábrica da Stora Enso no hemisfério norte foi significativo, onde se deixou de se produzir 1 milhão de toneladas de celulose, o que deverá demandar ao mercado ocupação desse espaço.

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Para o ano que vem, a Suzano também aponta muitas dúvidas sobre o desempenho da celulose. “Reconhecemos (novos) projetos de celulose em 2023, mas há muita incerteza de oferta e procura. Do lado da oferta, pode haver atrasos nessas novas unidades”, disse Leonardo Grimaldi.

“Além disso, se acrescenta risco de paradas inesperadas como vimos esse ano. Isso dificulta ainda mais uma avaliação quanto ao timing que esse volume (de celulose) vai ter impacto”, finalizou o executivo da Suzano.