Suzano: ótimo fluxo de caixa e possível expansão nos EUA; as boas notícias para SUZB3

Companhia reportou seu resultado do terceiro trimestre na noite da véspera

Felipe Moreira

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(Divulgação)
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A produtora de papel e celulose Suzano (SUZB3) divulgou resultados acima do esperado no terceiro trimestre de 2024 (3T24), com o resultado operacional (Ebitda) totalizando R$ 6,5 bilhões, valor 5% acima da projeção do mercado.

A ação da companhia subiu 2,79%, a R$ 59, na sessão desta sexta-feira (25).

Analistas da XP apontam os volumes de vendas de celulose e papel como o principal destaque nos resultados, com preços em real positivamente impulsionados pela depreciação do câmbio no 3T24, compensando os preços mais baixos da celulose.

Análise de Ações com Warren Buffett

Além disso, com o fluxo de caixa significativo após ramp-up (início de operações) do Cerrado, a XP vê a Suzano como atraente por várias métricas, com um rendimento de FCF (fluxo de caixa livre) de 12 e 15% para 2025 e 2026 e múltiplos descontados

O BTG classificou os resultados como sólidos, apesar dos desafios macro, vindos principalmente da China. O banco ficou satisfeito em saber que o ramp-up do projeto Cerrado está progredindo bem (níveis de eficiência acima do esperado), o que acredita compensará a pressão de preços dos próximos trimestres.

Por outro lado, o ponto-chave para o BTG é que a empresa está gerando um yield de fluxo de caixa para o acionista anualizado (ex-capex de crescimento) próximo a 20%, o que considera uma conquista significativa (ainda não precificada) e reforça sua preferência pela empresa.

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O BTG manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 81, uma vez que a Suzano está entregando um yield de fluxo de caixa para o acionista de aproximadamente 9%, o que é “bastante impressionante”.

O Bradesco BBI também disse que a Suzano divulgou outro conjunto de resultados operacionais sólidos.

Olhando para o 4T24, embora os resultados da empresa provavelmente sofram com os menores preços realizados da celulose, o BBI espera um forte desempenho operacional contínuo, com a Cerrado contribuindo com maiores volumes e menores custos.

O BBI reitera recomendação de compra e preço-alvo de R$ 78, com base em sua avaliação de 5,2 vezes Ebitda para 2025 e rendimento de fluxo de caixa de 13%.

Com um desempenho sólido no 3T24 e considerando a perspectiva positiva para os preços da celulose, a XP Investimentos acredita que a Suzano está bem posicionada para capitalizar um potencial ponto de inflexão no ciclo da celulose.

Já o Itaú BBA atribuiu o bom desempenho principalmente aos melhores volumes no segmento de celulose.

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Na divisão de papel, segundo BBA, o resultado sequencial veio mais forte, com maiores volumes e preços realizados. Com base nisso, o banco reiterou recomendação de compra para Suzano, com preço-alvo de R$ 67 ao fim de 2024.

A Genial Investimentos considera que o destaque positivo foi o aumento dos embarques de celulose para 2,6 Mt (milhões de toneladas), subindo 6,0% na base anual, acima das estimativas da casa de análise. Já o preço realizado foi consistente com as expectativas, atingindo R$ 3.720 por tonelada, crescendo de forma sequencial mesmo com a reversão de ciclo da BHKP ocorrendo justamente no mês do trimestre que acumulou maior volume de vendas (setembro).

A Genial Investimentos mantém recomendação de compra e preço-alvo de R$ 72.

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Além dos resultados em si, novas indicações de fusões e aquisições entraram no radar da companhia. A Suzano estaria interessada na empresa americana de papel e embalagens Rand-Whitney Group, de propriedade do Kraft Group, de acordo com fontes contatadas pela Bloomberg. A Suzano também estaria de olho na International Forest Products e na New-Indy Containerboard, outros dois ativos controlados pela holding. Após o anúncio da Suzano de que não avançaria mais com a aquisição da International Paper, a empresa vem adotando uma abordagem mais conservadora para o crescimento inorgânico, comprando ativos menores nos EUA e na Europa (ativos da Pactiv e participação na Lenzing).

“Quanto ao interesse no grupo Rand-Whitney, notamos que a Suzano não comentou o artigo, e ainda não temos visibilidade sobre os números financeiros e o valor potencial da transação da Rand-Whitney. No entanto, tomando como referência transações passadas no setor e assumindo a capacidade potencial de 2 milhões de toneladas da Rand-Whitney (excluindo volumes de negociação), um negócio potencial poderia ser em torno de US$ 800 milhões, o que o balanço da Suzano poderia facilmente administrar”, aponta o BBI.

Sinalizações da teleconferência

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 A Suzano está concentrada em reduzir níveis de endividamento e tirar proveito de recentes aquisições e da conclusão do bilionário projeto de investimento em uma nova fábrica de celulose e não vê grandes movimentos “transformacionais” à frente, afirmou seu presidente-executivo, João Alberto Fernandez de Abreu, nesta sexta-feira.

“Sobre alocação de capital, é simples: a Suzano não fará nenhum movimento transformacional, qualquer tamanho de tíquete que impacte de maneira importante nossa alavancagem”, disse o executivo em teleconferência.

O vice-presidente financeiro, Marcelo Bacci, afirmou, por sua vez, que a Suzano não pretende mudar sua política de dividendos “como resultado do momento que vivemos hoje”, em que a companhia prevê uma rápida desalavancagem em razão da captura dos resultados do investimento na nova fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul, o chamado “Projeto Cerrado”.

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“Temos muito o que fazer com os ativos que já temos no portfólio, precisamos extrair todo o valor do (projeto) Cerrado, temos que desalavancar os negócios”, disse Abreu.

Questionado sobre a previsão de investimento da Suzano para 2025, Bacci comentou que a Suzano deve concluir o orçamento do próximo ano em dezembro, mas que já é possível ter certeza que o valor será menor que o desembolsado este ano “com certeza”.

A meta da empresa é trazer a alavancagem de volta ao patamar abaixo de três vezes dívida líquida sobre Ebitda ajustado, disse Bacci. No terceiro trimestre, o indicador foi de 3,2 vezes, redução ante o múltiplo de 3,5 do final de junho.

O vice-presidente comercial da Suzano, Leonardo Grimaldi, acrescentou que a companhia tem informações de mercado envolvendo atrasos de entradas de novas capacidades de produção de celulose na Indonésia no próximo ano e que a demanda por celulose atualmente “está saudável” em todas as regiões de atuação da empresa.

(com Reuters)