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Em 2020, mais 250 empresas brasileiras passaram a fazer parte do Pacto Global, maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, encabeçada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, a necessidade de humanizar as questões de trabalho por conta da pandemia, a crescente preocupação com as mudanças climáticas e a recorrente necessidade de medidas anticorrupção colaboraram para esse desempenho.
“O pacto tem importância histórica há mais de duas décadas, mas nos últimos anos estruturamos um trabalho mais prático no Brasil. Saímos de um papel de consultores para auxiliar de fato a transformação”, explica Pereira.
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A alta de cerca de 25% no volume de inscritos no Brasil foi recorde global. Agora, a iniciativa da ONU conta com 1.190 empresas brasileiras. O diretor acredita que a forte presença do mercado financeiro vai acelerar ainda mais o número de inscritos.
“A adesão de empresas do setor financeiro acaba guiando o mercado. Cada vez mais os investimentos serão pautados por questões ESG”, defende Pereira.
Acrônimo do inglês ambiental, social e governança, a sigla foi exposta em uma publicação, de 2004, do próprio Pacto Global da ONU, em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins.
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O termo surgiu de uma provocação do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a 50 CEOs de grandes instituições financeiras, para integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
Para entender como ser uma empresa adequada ao ESG, muitas companhias aderiram ao Pacto Global da ONU, que acaba servindo de referência e ponto de encontro entre as corporações.
Pereira reforça que, além de mapear as iniciativas focadas nos dez pilares do pacto, que permeiam temas como direitos humanos, trabalho, meio ambiente e ações anticorrupção, a instituição caminha com os parceiros para a implantação deles em cada uma das empresas.
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Sustentabilidade no mercado financeiro
Essa onda sustentável também já chegou ao mercado financeiro no Brasil. Como parte de sua estratégia de ampliação do portfólio de índices ESG, a B3 lançou em setembro do ano passado, em parceria com a S&P Dow Jones, o índice S&P/B3 Brasil ESG, que utiliza critérios baseados em práticas ambientais, sociais e de governança para selecionar empresas brasileiras para sua carteira.
Entre os critérios está a aderência aos Dez Princípios do Pacto Global na área de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. O índice auxilia o investidor a gerenciar riscos reputacionais e analisar os impactos sociais, ambientais e de integridade dos seus investimentos.
Ajudar os investidores na hora da tomada de decisão também foi uma das inspirações da XP Inc. ao anunciar sua adesão ao Pacto Global. “Ainda é complexo para um leigo compreender esse tema. Nossa missão é colaborar para uma educação e na transparência sobre o assunto e auxiliar para que o investidor não caia em empresas que pratiquem greenwashing”, diz Marta Pinheiro, diretora ESG da XP Inc.
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A executiva qualifica a entrada no acordo como um marco simbólico na trajetória da empresa. “Fazer parte do Pacto Global significa que evoluímos na agenda e vamos buscar concretizar as metas”, afirma Marta.
Ao participar do pacto, a XP Inc. fez um exercício de priorização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), considerando estudos internacionais e o modelo de atuação da empresa, tanto em suas atividades internas como no desenvolvimento de produtos e serviços.
A partir desta análise, foram identificados oito ODSs onde a companhia pretende reforçar sua atuação: Educação de Qualidade, Igualdade de Gênero, Trabalho Digno e Crescimento Econômico, Paz, Justiça e Instituições Eficazes, Indústria, Inovação e Infraestrutura, Cidades e Comunidades Sustentáveis, Consumo e Produção Responsáveis e Ação Contra a Mudança Global do Clima
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“Vamos traçar ações ligadas às metas de cada ODS para que a XP Inc. participe de iniciativas e busque atingir as metas até 2030. Nesse caminho, seguimos abertos para apoiar temas que façam sentido para nossos clientes”, finaliza Marta.
As ODSs do Pacto Global
Em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova York, e decidiram um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, da qual fazem parte 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas.
Tudo que é feito pelo Pacto Global permeia essas ODSs. Há alguns exemplos práticos disso. A Rede Brasil, por exemplo, tem plataformas de ação pela água, que reúne soluções, capacitações, eventos e parcerias que visam colaborar para a construção de uma agenda de governança em água.
Além disso, há ações pelos direitos humanos, que incluem discussões sobre igualdade de gênero, imigrantes e refugiados, direitos das pessoas LGBT, povos indígenas, pessoas com deficiência, enfrentamento ao racismo e ao trabalho forçado.
“No último ano, transformamos os grupos temáticos em plataformas de ação. Não só por uma questão semântica, mas para fazer acontecer na prática. Temos um planejamento estratégico para que cada uma das plataformas tenha impacto real”, diz diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global.
Entre as ações práticas, há um programa para ajudar refugiados a encontrarem emprego no Brasil que já auxiliou dezenas de pessoas, há uma iniciativa que ajuda empresas a estabelecerem metas de redução de emissão com base em dados científicos e um estímulo para companhias ampliarem a presença de mulheres em cargos de diretoria.
“As empresas que não cumprem essas metas são punidas pelo próprio mercado. Hoje, não há mais espaço para greenwashing, aquela maquiagem de sustentabilidade em que a empresa tem um discurso que finge que se importa com essas questões e na prática é diferente”, afirma Pereira.
O executivo explica que sustentabilidade corporativa é um caminho sem volta. Como exemplo, Pereira aponta que boa parte dos pacotes econômicos de recuperação por conta do Covid tem questões de sustentabilidade atreladas.
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