SPX se prepara para subida dos juros no Brasil e encerra posição comprada em techs americanas

“Com o fiscal deteriorando e a inflação dando sinais de normalização, acreditamos que as posições tomadas começam a fazer sentido no nosso portfólio"

Beatriz Cutait

SÃO PAULO – Em meio à ampla visão do mercado de que o Banco Central encerrou o ciclo de cortes da taxa básica de juros brasileira, há quem já esteja se posicionando para um aumento da Selic, ainda que o momento de elevação seja incerto.

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“Com o fiscal deteriorando e a inflação dando sinais de normalização, acreditamos que as posições tomadas [em juros] começam a fazer sentido no nosso portfólio”, afirmou a gestora SPX, em carta a cotistas do fundo Nimitz referente ao mês de agosto.

Depois do último corte de juros promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no mês passado, levando a Selic para 2% ao ano, a SPX destacou que a discussão atual é sobre quando as taxas começarão a subir.

A visão da casa é de que as políticas monetária e fiscal continuarão a prover suporte para a economia global e, portanto, a busca se dá por alocações em países com espaço para uma acomodação adicional ou com distorções nos preços.

Mais uma vez, a gestora de Rogério Xavier deixou claras as suas preocupações com o rumo das medidas fiscais e monetárias adotadas globalmente para conter os efeitos da crise provocada pela epidemia de coronavírus, com atenção especial sobre o Brasil.

De um lado, a gestora assinala que, “no contexto delicado da crise de saúde, com gigantescas consequências econômicas em um Brasil de contas públicas frágeis, o presidente já mira o jogo eleitoral de 2022 e não consegue renunciar às políticas populistas que aceleraram a discussão do teto dos gastos para esse ano”.

De outro, “a falta de habilidade de execução e a desorganização da equipe econômica tornam o desafio ainda maior para a agenda de reformas, que é fundamental para garantir a solvência do país no longo prazo”.

Para a SPX, a qualidade da equipe do ministro Paulo Guedes diminui com a saída de figuras importantes do governo, com uma agenda tida como “esvaziada” e com maior valorização de pares com ideias consideradas desenvolvimentistas.

“Não vemos ruído nessa esfera e, sim, um claro sinal de deterioração e potencial perda da âncora fiscal. A cauda está ficando cada vez mais larga”, destacou a gestora, na carta.

Fragilidades pós-coronavírus

Ainda que, de maneira geral, a recuperação do consumo venha surpreendendo favoravelmente o mercado, assim como a queda do PIB, a SPX assinala que a dúvida em relação ao formato da curva de recuperação – em V, raiz quadrada ou “Nike” – prevalece.

Na avaliação da gestora, a pandemia acelerou tendências negativas, como de uma crise em economias emergentes e a perda de graus de liberdade pelos formuladores de políticas, além de ter introduzido e ampliado desequilíbrios.

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Na carta, a SPX aponta para grandes fragilidades a serem deixadas pela reação da política econômica ao coronavírus, no médio e no longo prazo.

“Haverá necessidade de superávits fiscais vultosos para estabilizar a dívida pública sem despertar os Deuses da Inflação. O futuro ficou, assim, comprometido, e países como o Brasil terão um acerto de contas que precisará de um consenso da população e de maturidade da classe política. No abismo fiscal e na verdadeira reabertura da economia, veremos esqueletos corporativos e um nível elevado de desemprego. Adiciona-se o fato de que o nível da renda atual não é sustentável.”

Fim da aposta nas techs

Na parte de ações internacionais, a SPX diz ter encerrado a posição “comprada” (com aposta na alta) no setor de tecnologia e “vendida” (aposta na queda) em small caps nos Estados Unidos.

A gestora segue com as posições relacionadas à eleição americana, consideradas assimétricas em um cenário de vitória democrata na Presidência e no Congresso.

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No que tange à bolsa brasileira, a alocação seguiu intacta, com teses compradas em empresas dos setores de utilities, telecomunicações, consumo e mineração, contra o Ibovespa.

Em termos de moedas, a gestora reduziu a alocação comprada em euro e seguiu vendida em divisas de países emergentes. Já na parte de commodities, a SPX está comprada em metais preciosos e industriais.

Por fim, em crédito, a SPX adicionou posições no mercado americano em títulos de empresas grau de investimento protegidos de oscilações de taxas de juros, além de nomes específicos de melhor qualidade no segmento high yield (papéis mais arriscados e com maior perspectiva de retorno).

Ao mesmo tempo, a gestora ficou mais seletiva na parte de América Latina, mantendo posições compradas em títulos corporativos, mas com menor exposição aos nomes “high beta”, após um bom desempenho do mercado nos últimos meses.

Em agosto, o SPX Nimitz rendeu 1,59%, com ganho de 5,67% em 2020, contra variações de 0,16%, e 2,12% do CDI, nos mesmos períodos.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.