S&P se mostra impiedosa com mercados emergentes – e Polônia reclama

Com a crise do petróleo causando agitação nos mercados emergentes, a S&P está surpreendendo investidores e autoridades com uma série de rebaixamentos que a Brown Brothers Harriman Co. classifica como “severos”

Bloomberg

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(Bloomberg) — A Standard Poor’s está adotando a postura mais linha dura com os mercados emergentes entre as agências de classificação em um momento em que a desaceleração global e os riscos políticos estão prejudicando a solvência.

A agência foi a primeira a rebaixar a dívida soberana de países como Arábia Saudita e Polônia neste ano. O corte inesperado na classificação do Bahrain para junk, em 17 de fevereiro — um dia depois de o reino do Golfo Pérsico fixar os preços para US$ 750 milhões em bonds — forçou o Estado a anular a venda. O Bahrain foi rebaixado juntamente com Cazaquistão, Omã e Brasil.

Com a crise do petróleo causando agitação nos mercados emergentes, a S&P está surpreendendo investidores e autoridades com uma série de rebaixamentos que a Brown Brothers Harriman Co. classifica como “severos”. A S&P, a Moody’s Investors Service e a Fitch Ratings foram culpadas por contribuírem para a crise financeira de 2008 com classificações infladas para os bonds que financiavam as hipotecas dos EUA e foram forçadas a responder por isso em audiências do Congresso dos EUA.

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“A S&P definitivamente é conhecida por ser mais agressiva e nós vemos que ela segue essa tendência”, disse Win Thin, chefe de estratégia de mercados emergentes da Brown Brothers Harriman, com sede em Nova York, por telefone, na sexta-feira. “Eles parecem ser mais negativos em relação ao caminho para baixo. Dos seis rebaixamentos, eu concordo com três”.

As commodities, que antes eram o motor do crescimento para muitas economias emergentes, agora são um peso, com o petróleo, por exemplo, registrando o menor valor em 12 anos e minando os lucros em dólares. Enquanto isso, o custo cobrado pelos investidores em bonds para emprestarem aos mercados emergentes atingiu a maior alta em quase sete anos.

“A S&P claramente quer sair na frente da curva no momento”, disse Per Hammarlund, estrategista-chefe da SEB para mercados emergentes em Estocolmo. Os rebaixamentos representam uma mudança em relação ao passado que recebe as boas-vindas dele. “Antes eles esperavam. Agora estão adotando uma abordagem diferente e mais saudável quanto a isso”.

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De sua parte, a S&P disse que está acompanhando a prática padrão e que suas ações não deveriam ser encaradas com surpresa.

“Continuamos aplicando nossa metodologia muito transparente de uma forma consistente e objetiva em todo o mundo”, disse a S&P na quinta-feira, em resposta às perguntas da Bloomberg sobre se mudou sua abordagem para as classificações.

‘Excedendo sua função’
O ministro das finanças da Polônia, Pawel Szalamacha, discorda. Ele disse que o rebaixamento da classificação de seu governo, no mês passado, ampliou a competência da S&P além da determinação das probabilidades de calote.

“Eles estão excedendo a função apropriada de uma agência de classificação de crédito, embora digam que mantêm sua metodologia”, disse Szalamacha, em entrevista, em Londres, na sexta-feira.

Em seu primeiro corte de classificação da história da Polônia, no mês passado a S&P rebaixou o país em um nível, para BBB+ com perspectiva negativa, citando o temor de que o impulso do novo governo para assumir o controle de instituições importantes arriscava a independência delas. Também foi a primeira vez que houve uma mudança na perspectiva positiva, o que fez o zloty registrar a maior queda em quatro anos. A moeda da Polônia se recuperou desses prejuízos, desde então, e ampliou os ganhos hoje para 1,2 por cento em relação ao euro em fevereiro, terceiro melhor desempenho entre seus pares do mercado emergente.

Mesmo nos EUA, o rebaixamento da S&P em 2011 não infligiu um dano duradouro. Dois anos depois de os EUA perderem sua classificação AAA, os investidores rejeitaram a noção de que os EUA eram menos solventes que seus pares de classificação mais elevada.

Os rebaixamentos da S&P na semana passada derrubaram ainda mais a classificação do Brasil no campo do junk, para BB, dois níveis abaixo do aplicado pela Moody’s. No caso da Arábia Saudita, a avaliação da S&P está três degraus abaixo da estabelecida pela Moody’s. O Bahrain, visto como junk pela S&P, tem uma nota de investimento Baa3 da Moody’s.

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