Camex cria imposto de importação de aço: quais impactos para siderúrgicas locais?

Governo busca medidas para reconciliar seus interesses e dos produtores de aço

Equipe InfoMoney

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*Matéria atualizada com a decisão da Camex

As notícias de que o governo estudava proposta para os pleitos da indústria siderúrgica de sobretaxar o aço importado no Brasil em até 25% estiveram no radar dos investidores nos últimos dias e tiveram desdobramentos nesta terça-feira (23), como previsto.

O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior do Brasil decidiu nesta terça elevar para 25% o imposto de importação de 11 produtos de aço e estabelecer cotas de volume de importação para esses produtos. O órgão afirmou em nota à imprensa que a tarifa só sofrerá aumento quando as cotas forem ultrapassadas. “Serão avaliadas, ainda, outras quatro NCMs que poderão receber o mesmo tratamento”, afirmou a Gecex/Camex. A medida vale por doze meses.

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Cabe ressaltar que o Estadão tinha informado no fim de semana que o governo poderia aplicar cotas de importação de aço para 15 produtos siderúrgicos diferentes (NCMs), equivalentes aos volumes médios importados de 2020 a 2022. Para volumes acima dessa média, a tarifa de importação de 25% seria aplicada (versus cerca de 12% de imposto hoje). A expectativa era de que houvesse a apresentação de uma proposta definitiva após reunião marcada para a última segunda-feira (22) e a medida proposta seria então analisada pela Câmara de Comércio (Camex) nesta terça, como ocorreu, com menos produtos.

Na avaliação do Morgan Stanley, as medidas recentes do governo para enfrentar o aumento do aço importado ficaram aquém das expectativas da indústria e uma cota seria uma abordagem inteligente para conciliar os interesses do governo (preocupado com as pressões inflacionistas e com a sua relação com a China) e os dos produtores de aço (preocupados com perdas de participação de mercado devido ao aço importado a preços mais baixos, alegadamente subsidiado). Uma tarifa de 25% estaria em linha com o atualmente em vigor nos EUA, Europa e México.

O Bradesco BBI vê que alguns aumentos nas tarifas de importação poderiam ser razoáveis e teria impacto positivo para as siderúrgicas locais.

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O banco estima que cada mudança de 1% nos preços do aço afeta o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) anual de seus nomes cobertos no setor em 1 a 7% – em 7% para Usiminas  (USIM5), em 2% para Gerdau (GGBR4) e em 1% para CSN (CSNA3). As ações, contudo, não têm uma reação positiva na sessão, com Usiminas em forte queda também após os resultados do 1T24.

O Morgan tem recomendação overweight (exposição acima da média, equivalente à compra) para a Gerdau, tendo como preferida do setor.