Siderúrgicas lideram perdas em 2015 e 5 ações desabam mais de 60% no ano

Gol derrapa e termina período de 12 meses como a segunda pior ação do Ibovespa, enquanto a Oi tem ano conturbado e cai 76,54%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O ano foi bastante complicado no Brasil, principalmente por conta da piora da economia e disparada do dólar, o que levou o Ibovespa a um 2015 de perdas na casa dos 12%. Das 63 ações que terminam estes 12 meses dentro do índice, 22 caminham para fechar o ano com perdas superiores a 30%, mas 5 empresas em especial viram seus papéis terem quedas acumuladas superiores a 60%.

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A indústria siderúrgica acabou sendo a maior representante entre as perdas do ano, apesar de já sofrerem na Bolsa já faz tempo. Mas dentre as companhias listadas uma sempre teve um motivo a mais para ter um desempenho “diferenciado”. A Gerdau (GGBR4, R$ 4,64, -50,06%)tem seu negócio mais voltado para o mercado norte-americano, ou seja, tem uma receita maior em dólar. Com a recente disparada da moeda, a companhia poderia ser mais beneficiada que seus pares, mas não é o que aconteceu até agora.

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Com o pior desempenho do Ibovespa em 2015 ficaram as ações de sua controladora, a Metalúrgica Gerdau (GOAU4), que afundava 85,16%, a R$ 1,65 até o fechamento do penúltimo pregão, na terça-feira (29). A companhia tem sido muito prejudicada pelo seu alto endividamento, e sua fraca perspectiva de melhora. Isso porque como a empresa não possui atividades, ela não recebe o caixa gerado pelo grupo, que fica retido com suas controladas. Para arcar com o custo de sua dívida, a Gerdau precisa repassar pesados dividendos para sua controladora, mas que nem sempre são suficientes. Para se ter uma ideia, em 2014, a Metalúrgica Gerdau recebeu R$ 342 milhões em dividendos, valor inferior ao custo anual da dívida da empresa, de R$ 350 milhões.

Apesar de acabar pressionada por sua controladora, a Gerdau consegue ainda ter boas recomendações dos analistas. Recentemente, o Goldman Sachs colocou a companhia como “compra”, afirmando que “nós acreditamos que a combinação de forte exposição ao mercado americano e ao segmento de aços longos devem mais do que compensar a desaceleração dos embarques no Brasil”.

Também entre as maiores perdas do ano ficaram os ativos da Usiminas (USIM5), que acabou afundando 69,14%, a R$ 1,55, em um ano muito prejudicado pelo menor crescimento da economia chinesa, o que acabou impactando o setor inteiro. Além disso, a piora da economia acabou reduzindo muito o ritmo da indústria nacional, o que, recentemente fez com que a Usiminas passasse a fechar suas usinas às sextas-feiras. Completando o setor, a CSN (CSNA3) conseguiu registrar o melhor desempenho, mas mesmo assim acumulou queda de 18,73% no ano, encerrando a R$ 4,20.

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Os altos e baixos da Oi
Entre os piores desempenhos do índice no ano há uma companhia que não tem exatamente tanta relação com o ambiente econômico nacional. A empresa de telecomunicação Oi (OIBR4), viu seus papéis afundarem 76,54%, fechando a R$ 2,02 no penúltimo pregão do ano, em um ano bastante volátil e até confuso. Não é de hoje que analistas não veem a empresa com bons olhos, com um elevado endividamento e uma fraca operação, mas foram três notícias principalmente que permearam as “idas e vindas” da Oi na Bolsa.

No início de 2015 o mercado ficou atento a uma possível fusão entre a Oi e a Portugal Telecom, o que gerou forte oscilação dos papéis enquanto os investidores tentavam entender quais seriam os termos do acordo e possíveis impactos, fossem eles positivos ou negativos, na companhia. Porém, o negócio não deu certo.

Logo em seguida, a empresa anunciou uma conversão se ações preferenciais em ordinárias, o que derrubou os ativos na Bolsa. No meio do ano, o presidente da Oi, Bayard Gontijo, disse que a operadora passaria a ter capital pulverizado por conta dessa conversão.

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Por fim, neste segundo semestre o grande tema no noticiário da Oi ficou para uma fusão com a Tim, que por diversos momentos chegou a ser dada como certa, ao mesmo tempo que rumores negavam a possibilidade. Exatamente por este noticiário confuso e sem certezas que não foi raro ver as ações da companhia disparando diversos pregões seguidos e acumulando ganhos de mais de 40% em poucos dias, ao mesmo tempo que no acumulado do ano, as perdas ficavam sempre entre as maiores da Bolsa.

Veja também: “Trio da celulose” sobe mais de 60% em 2015; outras xxx ações sobem mais de 20%

Gol e sua tempestade perfeita
A Gol (GOLL4) viu seu cenário se transformar significativamente em um ano. A empresa passou de uma história bem-sucedida em seu processo de reestruturação no ano passado, após reduzir número de voos e cortar postos de trabalho, para uma história turbulenta diante da drástica mudança no cenário macroeconômico. Em 2015, as ações da companhia desabaram 84,26% – figurando como a segunda maior queda do Ibovespa.

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Nem mesmo os preços mais baixos do petróleo, que atingiu seu menor valor em 11 anos, e que poderia contribuir para reduzir seus custos com combustíveis, deram um alívio à empresa, já que junto a isso veio uma disparada do dólar. A Gol tem 55% dos seus custos e 80% de sua dívida expostos ao dólar, enquanto 90% da receita é em real.

Essa piora no cenário macroeconômico se transformou na “tempestade perfeita” para a empresa, com receitas mais fracas e pressão de custos, uma vez que o dólar passou de R$ 2,30 para R$ 4,00 em um ano.Vale lembrar que a própria empresa já havia alertado, em março deste ano, em entrevista ao InfoMoney, que o problema não era a empresa [para o fraco desempenho operacional e, consequentemente, de suas ações na Bolsa], mas sim o Brasil, salientando, sobretudo, o cenário político interno e piora da economia, que estavam dificultando a empresa em montar suas estratégias para conter os efeitos do dólar.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.