Siderúrgicas disparam até 8%, Petrobras ON cai e exportadoras afundam 5%

Acompanhe os destaques do pregão desta segunda-feira

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – No dia da votação do relatório sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff na comissão especial que analisa o assunto na Câmara, o mercado foca mais uma vez no noticiário político, sem deixar para trás importantes notícias corporativas, como no caso da Vale, que fica entre as maiores altas desta segunda-feira (11).

Na ponta negativa, destaque para as empresas exportadoras Embraer e do setor de papel e celulse, que caíram pressionadas pela forte desvalorização do dólar, que recuou 2,8% nesta sessão, fechando abaixo dos R$ 3,50.

Confira os principais destaques do pregão desta segunda-feira (11):

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BM&FBovespa (BVMF3, R$ 15,70, -1,26%) e Cetip (CTIP3, R$ 41,90, -0,50%)
O conselho de administração da Cetip aprovou, na noite da sexta-feira, a proposta de fusão com a BM&FBovespa. Na proposta, para cada ação CTIP3, será pago 0,8991 ação da BVMF3 mais o valor de R$ 30,75. O valor será pago à vista, em parcela única, em até 40 dias, contados da obtenção de todas as aprovações regulatórias previstas na legislação. Com base nesta troca, os atuais acionistas da Cetip passarão a ser titulares de 11,8% do capital social da Bovespa.

Dentre as propostas que serão apresentadas na Assembleia Geral Extraordinária da BM&FBovespa está ainda a ampliação do número de integrantes do seu conselho de administração, de 11 para 13 membros, excepcionalmente pelo prazo de 2 anos, limitado ao término do mandato em vigor. Os dois novos conselheiros serão indicados pela Cetip e precisarão ser aprovados pelo conselho da Bovespa.” A ampliação temporária do número de Conselheiros visa a propiciar a melhor integração e absorção de conhecimento dos negócios da Cetip pela BM&FBovespa”, diz o comunicado.

Em relatório desta segunda-feira, analistas do UBS viram diluição de 11% do lucro por ação no primeiro ano de operação da nova empresa. O cálculo considera que aquisição será financiada com R$ 3,1 bilhões da venda de fatia na CME, R$ 1,5 bilhões com caixa, R$ 4 bilhões em emissão de ações e R$ 3,2 bilhões em dívida nova. O banco estima benefício fiscal de amortização de ágio de R$ 2,4 bilhões. Para os analistas, a relação risco/retorno das ações da BM&FBovespa não é atrativa e recomendam venda dos papéis, com preço-alvo de R$ 13,00. 

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Vale e siderúrgicas
Subiram forte nessa sessão as ações da Vale, no embalo da forte valorização do minério no mercado internacional, com os papéis referentes ao porto de Qingdao (China) fechando com ganhos de 4,79%, cotados a US$ 56,62 a tonelada.

Além disso, chamou atenção notícia de que a Vale (VALE3, R$ 16,97, +4,50%; VALE5, R$ 12,80, +5,00%) pretende superar Rio Tinto e BHP para se tornar o maior fornecedor da commodity ao gigante asiático. Acompanharam o bom desempenho das ações da Vale os papéis da holding Bradespar (BRAP4, R$ 6,90, +6,98%).

Os preços do minério foram impulsionados por uma alta de quase 6% nas cotações do aço na bolsa de Xangai, que atingiram uma máxima de 10 meses em meio a uma queda da oferta e à recuperação sazonal da demanda no país asiático. Os estoques de aço de comerciantes de chineses atingiram 10,4 milhões de toneladas em 8 de abril, queda de 5% ante a semana anterior e 28 por cento abaixo do mesmo período do ano passado, disse a analista da Argonaut Securities Helen Lau, em Hong Kong. Com isso, as siderúrgicas CSN (CSNA3, R$ 8,94, +8,36%), Usiminas (USIM5, R$ 1,78, +5,95%) e Gerdau (GGBR4, R$ 7,08, +3,96%) lideram os ganhos da sessão.

Petrobras (PETR3, R$ 10,42, -0,67%; PETR4, R$ 8,39, +1,57%)
O período de exclusividade para negociações de venda da Petrobras Argentina foi prorrogado por mais 30 dias. A companhia informou que as negociações com a Pampa Energia prosseguem e reitera que a transação ainda está sujeita à aprovação de seus termos e condições finais pela diretoria executiva e pelo conselho de administração da Petrobras, além dos órgãos reguladores. A estatal ainda informou que a produção total de óleo e gás em fevereiro soma 2,48 milhões barris por dia, contra 2,47 milhões registrados em janeiro.

As ações da Petrobras sobem novamente nesta sessão em que o mercado observa os desdobramentos da pauta do impeachment. Também contribuiu para o dia de ganhos o movimento dos papéis de petróleo no mercado internacional, com o barril tipo WTI subindo 1,89% e o Brent, 2,34%.

Bancos
Também na euforia da agenda política do possível impeachment presidencial, os bancos apresentaram ganhos expressivos nesta sessão. Nem mesmo os rebaixamentos de recomendação recentes impedem o otimismo dos investidores com os papéis do setor financeiro. Após rebaixar recomendação sobre as ações do Bradesco (BBDC3, R$ 31,14, +1,43%; BBDC4, R$ 27,99, +2,12%) para venda e do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,86, +0,50%) para neutra, o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,54, +3,06%) foi a nova vítima dos analistas do Citi. Os papéis do banco estatal foram rebaixados para venda.

Exportadoras
O dólar comercial recua 1,91% a R$ 3,5280 na venda, enquanto o dólar futuro para maio cai 1,88% a R$ 3,548. O câmbio estendeu perdas depois dos leilões de swap reverso do Banco Central acabarem sem nenhum comprador para os contratos de outubro e 7.700 contratos vendidos para julho de um total de 20 mil ofertados. Um novo leilão não programado foi convocado pelo Banco Central para as 11h30, o que fez com que a moeda norte-americana reduzisse as perdas.

Acompanhando o movimento do dólar, as ações das companhias do setor de papel e celulose Fibira (FIBR3, R$ 28,05, -0,71%), Suzano (SUZB5, R$ 10,94, -0,45%) e Klabin (KLBN11, R$ 15,80, -4,24%), assim como a fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3, R$ 21,19, -4,51%) e a JBS (JBSS3, R$ 9,16, -4,78%). 

Sobre o setor de papel e celulose, o BTG Pactual realizou nesta segunda-feira um drástico corte nas suas projeções para essas ações, vendo um dólar mais baixo esse ano e os preços da commodity longe de uma recuperação. O preço-alvo das ações da Fibria passou de R$ 70,00 para R$ 50,00, enquanto o da Suzano foi de R$ 28,00 para R$ 20,00. A recomendação de ambas, contudo, permaneceu em compra, com os analistas reiterando Suzano como sua top pick. No caso de Klabin, a recomendação seguiu em neutra, mas com o preço-alvo passando de R$ 24,00 para R$ 20,00. A mudança na projeção ocorre em meio à uma visão mais pessimista sobre os preços da celulose, que, para os analistas, devem se manter abaixo de US$ 500,00 a tonelada por mais tempo antes de começarem a ver fechamentos de capacidade e, com isso, recuperação. 

Em relação à JBS, a companhia informou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), nesta segunda-feira, que segue as políticas de gestão de risco para hedge cambial e que não teve acesso aos parâmetros usados para fazer cálculos e não pode comentar sobre projeções de perdas para o 1° trimestre. O comunicado veio após pedido de esclarecimento da autarquia em função de uma matéria da Bloomberg da semana passada que apontava que a empresa poderia reportar no período uma perda financeira de cerca de R$ 5 bilhões com seus derivativos de câmbio. 

Já a Embraer firmou contrato com Rheinmetall para desenvolvimento e fornecimento de um conjunto completo de equipamentos de treinamento para o avião KC-390. Para a companhia alemã, o programa pode significar vendas acima de 100 milhões euros ao longo dos próximos 10 a 15 anos. A brasileira espera fazer as primeiras entregas no primeiro semestre de 2018.

BTG Pactual (BBTG11, R$ 19,55, +3,33%)
O banco decidiu separar suas atividades de commodities da estrutura operacional do banco e reunir a plataforma em uma nova companhia sediada em Luxemburgo. A exceção nessa segregação será a atividade desenvolvida pela mesa de energia do Brasil.

Segundo o banco, a plataforma de commodities funcionará com poucos serviços administrativos e operacionais a serem prestados pelo BTG Pactual, incluindo contratos de compartilhamento de custos e infraestrutura, até que esses serviços sejam integralmente absorvidos pela empresa de Luxemburgo, a Engelhart CTP. A nova companhia terá US$ 1,6 bilhão de patrimônio líquido e US$ 5,7 bilhões em ativos.

Ainda no noticiário do banco, destaque para as afirmações de Pérsio Arida, que assumiu a chefia da instituição após a prisão de André Esteves no ano passado. Conforme publicou o jornal Folha de S. Paulo no sábado, Arida disse que o BTG só perdeu dinheiro ao fazer negócios com o governo. “Todos os negócios do BTG com o governo perderam dinheiro. Todos, sem exceção. Essa é uma lição”, disse em Chicago (EUA), após palestra a estudantes brasileiros no exterior.

Lojas Americanas (LAME4, R$ 15,16, -5,55%)
As ações da Lojas Americanas figuraram como uma das maiores quedas do Ibovespa nesta sessão. No noticiário, a coluna do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, informou que a companhia planeja um corte de 25% de sua folha salarial. A companhia, no entanto, negou a informação por meio de sua assessoria de imprensa. 

BRF (BRFS3, R$ 48,38, -2,56%)
A fabricante de alimentos comprou ativos selecionados da Globosuínos Agropecuária, no valor total de R$ 20,2 milhões. Os ativos incluem uma unidade produtora de leitões, bem como um plantel de aproximadamente 7,5 mil matrizes suínas. Os ativos estão localizados em Toledo (PR). Nesse mesmo município, a BRF opera uma de suas maiores plantas industriais de suínos.

Oi (OIBR4, R$ 0,99, -2,94%)
A operadora de telefonia informou que notificou agentes fiduciários sobre o descumprimento pela companhia de índices financeiros previstos por escrituras de emissões de debêntures, segundo documentos divulgados na quinta-feira. O descumprimento de índice previsto na quinta emissão foi notificado à GDC Partners Serviços Fiduciários. Já o descumprimento de índice da nona emissão foi notificado à Planner Trustee DTVM. A GDC e a Planner convocaram assembleias gerais de debenturistas para sexta-feira.

Fras-Le (FRAS3, R$ 3,39, -11,42%)
A companhia informou o mercado que foi aprovada em reunião do conselho de administração a realização de oferta pública de distribuição primária de até 92,59 milhões de ações ao preço de R$ 3,24 por papel, totalizando um montante de até R$ 300 milhões. 

JHSF (JHSF3, R$ 1,42, -4,05%)
Pressionada por seu nível de endividamento, a administradora de projetos imobiliários JHSF direcionou todo seu fôlego de investimento para terminar as obras do aeroporto executivo Catarina, em São Roque (SP). Para poupar caixa, a empresa vai inaugurar, no segundo semestre deste ano, um aeroporto bem menor do que o inicialmente previsto. O adiamento de parte das obras da primeira fase é mais uma medida tomada para aliviar a situação financeira da companhia que, nos últimos meses, se desfez de ativos internacionais e de participações em grifes estrangeiras.

O novo aeroporto começará a operar com uma pista de 1.600 metros, 14 mil m² de pátio para aeronaves e uma área de hangares de 10 mil m². Em janeiro de 2014, quando anunciou o início das obras, a JHSF previa inaugurar o aeroporto com uma pista de 1.940 metros, 50 mil m²de hangares e 50 mil m² de pátios para aeronaves. A projeção inicial de investimento na primeira fase era de R$ 500 milhões, número que foi ajustado para R$ 300 milhões. Na fase final, o projeto do aeroporto prevê uma pista de 2.470 metros e um investimento total de cerca de R$ 1,2 bilhão.

Para dar prosseguimento às obras, a empresa afirma que assinou um contrato de financiamento de 12 anos com o BNDES, no valor de R$ 145,7 milhões. A empresa está negociando a venda ou locação de hangares, mas, até agora, não tem contratos fechados. O mercado está em um momento ruim. A crise no Brasil impacta a aviação executiva, que sente uma retração em torno de 7%, nas estimativas de Francisco Lyra, sócio da Cfly Aviation. 

Aliansce (ALSC3, R$ 14,20, +1,00%)
A Aliansce Shopping Centers fará sua segunda emissão de debêntures no valor total de R$ 75 milhões, em série única. Serão emitidas 75 mil debêntures com valor unitário de R$ 1 mil. As debêntures terão prazo de 144 meses, vencendo em 20 de março de 2028. O saldo devedor será amortizado em 132 parcelas mensais e sucessivas. Os títulos pagarão juros de 100% do DI, acrescida de sobretaxa de 1,70% ao ano. Os recursos serão destinados para construção e manutenção de empreendimentos.

Sweet Cosmetics (SWET3, R$ 0,74, +34,55%)
A small cap Sweet Cosmetics seguiu sua forte alta na sessão desta segunda, atingindo ganhos de 257% desde o dia 5 de abril, quando era cotada a R$ 0,21. Apesar da forte valorização, não há nenhuma notícia que justifique o movimento.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.