Shein no Brasil: expansão de companhia chinesa deixa analistas mais cautelosos com varejistas de moda

Varejista digital tem diferenciais na competição com brasileiras e maior presença deve trazer novas ameaças

Vitor Azevedo

Empreendedora em loja de roupas (Ksenia Chernaya/Pexels)

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A Shein é uma empresa chinesa digital focada na exportação de vestuário produzido no gigante asiático, que tem uma indústria desse setor bem desenvolvida, para outros países. A companhia trabalha em desenvolver um sistema de logística eficiente, focando apenas no online, bem como novas tecnologias de vendas. Nos EUA, a marca já superou nomes como a H&M e a Zara em vendas – agora, a varejista pretende fazer sua “entrada oficial” no Brasil

A empresa de moda chinesa já é um sucesso por aqui, antes mesmo de estrear formalmente. Em 2021, o seu aplicativo foi o mais baixado do setor de modas, contando com mais de 23,8 milhões de downloads no país. Além disso, as estimativas são que ela faturou cerca de R$ 2 bilhões no Brasil.

A Shein, agora, teria começado a fechar contratos com fornecedores locais. Segundo notícias, a ideia da companhia, com isso, é diminuir o período de entrega e também reduzir a dependência das importações.

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“Vemos o movimento da Shein como negativo para as varejistas brasileiras focadas em média e baixa renda, uma vez que deve aumentar o ambiente competitivo do setor”, comentam os analistas da XP Investimentos Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday em relatório do final de fevereiro.

Para eles, a Shein tem diversos atrativos que a diferem das suas concorrentes brasileiras. A chinesa consegue, por exemplo, acompanhar de forma mais rápida as tendências da moda e com um vasto sortimento de peças – e, mesmo assim, consegue manter preços bastante competitivos.

Apesar dos diferenciais, os analistas da corretora veem que ainda falta à Shein uma multicanalidade maior e também avançar no processo de logística reversa, que abrange temas como devolução e reciclagem de produtos. “Além disso, existem discussões sobre aumentar a fiscalização e tributação dos produtos importados por essas plataformas a fim de melhorar a competitividade de produtos brasileiros”, completam os analistas.

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De toda forma, a companhia chinesa vem avançando no país e deve continuar a melhorar sua presença por aqui, o que é, para XP, um risco para nomes como a C&A (CEAB3), Hering (agora do Grupo Soma SOMA3) e Lojas Renner (LREN3).

Entrada da Shein deixa Itaú BBA mais cauteloso com Lojas Renner

“Embora a Shein seja um case de sucesso com um modelo de negócio interessante, concluímos que a verdadeira característica disruptiva da empresa permanece sendo sua inteligência artificial, que acreditamos que nenhum outro player saiba usar tão bem ou precisamente quanto”, afirma o analista Thiago Macruz, do Itaú BBA. “Do design do produto ao front-end com os consumidores, essa expertise é bastante diferenciada”.

A Shein consegue colocar, diariamente, cerca de seis mil novos itens em seu catálogos on-line, número muito maior do que qualquer outra companhia. Em seu caso, não são fashionistas ou estilistas que capturam tendências da moda para levarem às maquinas de costura, mas sim softwares que rondam redes sociais e sites de marcas famosas.

Além disso, a companhia não depende do Instagram para se promover, como outras varejistas de moda, utilizando mais o seu conterrâneo TikTok para crescer, o que a coloca ainda mais em contato com a geração Z. A Shein conta também, segundo levantamentos, com estímulos mais eficazes para manter usuários no aplicativo, fazendo outras compras e gastando mais.

“Essa expertise deve ser o próximo objetivo do mercado doméstico, pelo menos para os players que querem uma fatia significativa do mercado digital, que esperamos que impulsione a maior parte do crescimento futuro da indústria da moda”, pontua o Itaú BBA.

A Lojas Renner é uma companhia que vem investindo no online e o BBA tem uma visão positiva para ela, que negocia a múltiplos atraentes, o que justifica a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para as ações ordinárias.

Apesar disso, em relatório publicado nesta semana, o BBA afirmou que, agora, está mais cauteloso: “até que possamos entender completamente o tamanho de seus investimentos digitais no curto e médio prazo”, explicaram.

Essa visão mais cautelosa implicou numa redução do preço-alvo, de R$ 51 para R$ 30, o que ainda corresponde a um potencial de valorização de 36,5% frente o fechamento da véspera.

Já em uma perspectiva de longo prazo, os analistas avaliam que a Lojas Renner continua sendo a mais bem posicionada em nossa cobertura de moda para surfar as tendências futuras de crescimento relacionadas à digitalização do setor.

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