Setor de celulose deve melhorar em 2013, mas riscos persistem

Expectativa é de que China e EUA aumentem importações da commodity, mas a demorada recuperação da Europa ainda irá pesar sobre o setor

Reuters

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SÃO PAULO – O setor de celulose deverá ver uma melhora nas exportações e nos preços da commodity em 2013, assim como níveis de endividamento de suas principais empresas no Brasil, mas ainda não o suficiente para trazer alívio ao segmento.

Segundo analistas, a expectativa é de que China e Estados Unidos aumentem importações da commodity, mas a demorada recuperação da Europa, o principal mercado da celulose brasileira, ainda irá pesar sobre o setor. Além disso, a entrada de novas capacidades poderá pressionar os preços da tonelada.

“O cenário para 2013 é melhor. Os fatores que pressionaram o mercado em 2012 podem até estar presentes em 2013, mas com menor força”, afirmou o economista Wemerson França, da LCA Consultores.

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Além da crise da dívida na zona do euro, a lenta recuperação econômica dos EUA e a desaceleração na China prejudicaram as exportações da celulose brasileira, que acumulam queda de 0,8 por cento no acumulado deste ano até outubro, ante o mesmo período de 2011, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).

No segundo semestre deste ano, a China retomou as compras de celulose, o que possibilitou a elevação de preços pelas fabricantes Fibria e Suzano em outubro. Para França, essa retomada chinesa deve continuar em 2013, o que guiará uma melhora no setor, mas que pode não ser suficiente para produzir uma alta significativa nos preços da commodity.

“Na China o pior já passou. O fator que está negativo e ainda estará presente é a Europa. Esperávamos que a situação melhorasse em 2013, mas está demorando”, afirmou ele. “Quem mais conta (para as exportações de celulose do Brasil), não melhora”.

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Para o economista, a crise na região europeia irá pressionar também os preços da tonelada do insumo. “A gente espera estabilidade no preço (em 2013 vs 2012), mas se não fosse a Europa, seria melhor.”

Já o analista Victor Penna, do BB-Investimentos, acredita que a tendência para os preços é de queda, devido à entrada em operação de novas fábricas, elevando a capacidade de produção do setor.

“Tem a Eldorado (inaugurando fábrica) neste ano, a Stora Enso no ano que vem, então, o preço tende a cair”, afirmou.

A brasileira Eldorado inaugura neste mês uma fábrica em Três Lagoas (MS). A Stora Enso deve inaugurar em 2013 sua planta em Montes del Plata, no Uruguai, por meio de uma joint venture com o conglomerado chileno Copec. Já a Suzano inicia as operações na unidade que está sendo construída no Maranhão no fim do próximo ano.

A agência de classificação de riscos, Fitch Ratings, também destacou a entrada em operação de novas fábricas em um relatório sobre o setor, divulgado na semana passada.

“Os preços da celulose devem permanecer sob pressão, uma vez que a capacidade de produção de celulose no mercado global deve aumentar cerca de 8 por cento nos próximos 12 meses, e demanda, cerca de 2 por cento”, afirmou o diretor-executivo e autor do relatório, Joe Bormann, em nota.

“Para os produtores de celulose na América Latina, o fluxo de caixa livre deve apresentar melhora em relação a 2012, mas continuará negativo. Os investimentos deverão começar a diminuir gradualmente, após atingirem patamares elevados em 2012. As aquisições também devem diminuir, à medida que as companhias busquem fortalecer seus balanços patrimoniais.”

Alavancagem das empresas
Em meio à busca das empresas por melhorar seus resultados financeiros, Penna, do BB-Investimentos, acredita que o nível de endividamento poderá apresentar melhoras, mas lembrou que a situação das duas principais empresas do país no setor é diversa.

“A Suzano está em um nível mais preocupante. Por questão cambial, ela pode voltar a ter lucro em 2013, mas (entrada em operação de planta no) Maranhão pode pressionar. A Fibria está segurando expansão. Esse investimento de 1,25 bilhão para 2013 está em linha com este ano”, disse.

A própria diretoria da Suzano já afirmou que o nível de alavancagem da empresa deverá atingir um pico em 2013, com os investimentos para iniciar as operações da fábrica de Maranhão, passando a diminuir apenas em 2014.

A Fibria, por sua vez, anunciou na semana passada investimentos de até 1,25 bilhão de reais em 2013. Em entrevista à Reuters, o diretor de finanças e relações com investidores, Guilherme Cavalcanti, afirmou que a empresa continua esperando uma melhora no cenário econômico para dar continuidade aos seus planos de uma nova unidade em Três Lagoas (MS).

Atualmente, a relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Suzano está em 4,7 vezes, enquanto a da Fibria está em 4,5.