Sem Treasuries, taxas de juros caem com falas de membro do Fed, apesar do petróleo

Declarações dovish do Fed e informações de que o grupo extremista estaria aberto a negociar um armistício abriram caminho para uma correção mais consistente

Estadão Conteúdo

Além da taxa de juros acima de 13%, crise no SBV marcaram trimestre. Foto: Pixabay

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Os juros futuros fecharam a segunda-feira, 9, em baixa, a despeito das tensões geopolíticas vindas do conflito entre Israel e o Hamas. As taxas já pela manhã operavam comportadas, com viés de baixa que se transformou em queda firme à tarde. Declarações dovish de um dirigente do Federal Reserve e informações de que o grupo extremista estaria aberto a negociar um armistício abriram caminho para uma correção mais consistente de parte da alta da semana passada. Ainda, em boa medida, o alívio da curva foi propiciado pela ausência do mercado de Treasuries, que nesta segunda-feira não funcionou em razão do feriado do Dia de Colombo nos Estados Unidos.

A taxa dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,845%, de 10,954% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,83% para 10,67%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,89% (11,08% no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029 cedeu a 11,37%, de 11,56%.

De maneira geral, o comportamento da curva surpreendeu positivamente, mesmo pela manhã, quando ainda não havia os principais “drivers” de alívio, que apareceriam somente à tarde. Na primeira etapa, as taxas oscilavam entre a estabilidade e sinal levemente negativo, com o mercado tentando interpretar o contexto geopolítico e suas consequências para o cenário econômico. O efeito mais direto dos ataques e contra-ataques foi a escalada do petróleo novamente rumo a US$ 90 por barril, com alta de mais de 4%. Ainda assim, o mercado de juros arriscava alguma correção, aproveitando que nesta segunda não havia negócios com Treasuries uma vez que os prêmios de risco subiram muito nos últimos dias.

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“Apesar da alta do petróleo, a reação nos mercados têm sido discreta ao avaliar que a guerra em Israel contra a Faixa de Gaza será limitada à região”, afirmou o economista André Perfeito, sobre a redução da aversão ao risco ao longo do dia. Outro fator de alívio veio da informação, publicada pela Reuters, de que o Hamas supostamente estaria disposto a negociar uma trégua. Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que irá atacar a facção islamista com “forças nunca vistas antes”.

Para o Brasil, há receio de contágio das tensões via preços de combustíveis se o avanço do petróleo, que vinha devolvendo altas na semana passada, de fato se consolidar perto dos US$ 100. “Os preços de combustíveis trazem risco de contaminação para outros preços e, com isso, o Banco Central poderia cortar menos a Selic ou encurtar o ciclo”, explica o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz.

No meio da tarde, declarações do vice-presidente do Federal Reserve, Phlip Jefferson, com voto permanente no Fomc, acabaram se sobrepondo às preocupações com o petróleo, abrindo espaço para a melhora dos ativos e colocando os juros em queda firme na B3. O ponto que mais chamou a atenção é quando disse que atuará com cautela ao avaliar a necessidade de aperto monetário adicional, mencionando o avanço recente nos juros dos Treasuries de longo prazo. Disse que estará atento ao aperto nas condições financeiras, e manterá isso em mente nas suas decisões, ao lado dos indicadores.