Selic na mínima histórica: veja quais as ações mais beneficiadas pela queda dos juros

Veja quais setores se dão bem - e podem surgir com boas oportunidades de compra - neste cenário de queda da Selic

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Esta quarta-feira (6) se tornou um dia histórico com o Banco Central levando a taxa básica de juros para seu menor patamar na história, aos 7% ao ano. Em janeiro deste ano, quando o Copom (Comitê de Política Monetária) levou a Selic para 13%, publicamos um texto no InfoMoney mostrando sete “tipos” de ação que são impactadas de forma positiva pela queda dos juros.

Vale lembrar também que não são apenas ações específicas que são impactadas, a bolsa como um todo também é favorecida quando a Selic cai. Isso foi demonstrado pela Rio Bravo Investimentos logo após a reunião do Copom de setembro.

Segundo a gestora, há um efeito positivo da queda dos juros na avaliação de risco das companhias, uma vez que reduz a taxa de desconto dos modelos de avaliação de empresas e oferece maior potencial de valorização para as ações, além da migração natural do investidor de renda fixa para variável, em busca de retornos maiores por conta da queda do rendimento dos ativos indexados à Selic.

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Confira  abaixo os 7 setores favorecidos pelo corte de juros:

1) Imobiliárias
É importante ressaltar que a relação da Selic com a queda nos juros do financiamento imobiliário no Brasil não é tão simples assim como ocorre nos outros países. Isso porque o financiamento imobiliário por aqui vem de veículos como o FGTS (Fundo de Garantia por Trabalho e Serviço) e a poupança, que não possuem lastro na Selic, mas sim na TR (Taxa Referencial). 

Porém, cortes da Selic têm impacto sobre essas empresas porque normalmente denotam uma melhora no ambiente inflacionário e porque o investidor estrangeiro tende a se comportar como se a composição da taxa de juros para os imóveis fosse como no seu país de origem, comprando ou vendendo de acordo com a trajetória dos juros – lembrando que: estrangeiros respondem por metade do volume financeiro negociado na Bovespa.

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Ações de destaque: PDG Realty (PDGR3); Helbor (HBOR3); Tecnisa (TCSA3); Gafisa (GFSA3); Cyrela (CYRE3); Direcional Engenharia (DIRR3); Even (EVEN3); Eztec (EZTC3).

2) Empresas cíclicas
Como o juros em queda beneficia a retomada do crescimento econômico, empresas que acompanham o ritmo da atividade do Brasil tendem a se beneficiar. É o caso de empresas de consumo e varejo, especialmente as que vendem a prazo.

Vale destacar que duas varejistas em especial são citadas pelo BTG Pactual como as que mais devem apresentar crescimento de lucro em caso de queda forte na Selic: Marisa (AMAR3) e Restoque (LLIS3), cujos lucros devem crescer 82% e 58%, respectivamente a cada 100 pontos-base de queda no CDI, estimam os analistas.

Ações de destaque: Magazine Luiza (MGLU3), B2W (BTOW3), Lojas Renner (LREN3), Pão de Açúcar (PCAR4), Lojas Americanas (LAME4), Guararapes (GUAR3), Arezzo (ARZZ3).

3) Endividadas

Assim como qualquer cidadão comum, empresas com dívidas em moeda local pagam uma taxa de juros sobre o montante devido. Em geral, esta taxa é atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que segue de perto a Selic. Com isso, as empresas muito endividadas têm despesas financeiras menores quando a taxa básica cai, e isso impacta diretamente no lucro líquido das companhias – já que a linha “Resultado Financeiro” é uma das últimas antes da linha final “Lucro Líquido”.

Veja abaixo a lista das 10 empresas que mais devem ter aumento nos lucros a cada redução de 100 pontos-base nos juros, segundo o BTG Pactual:

Empresa variação no lucro
para 100 bps de
queda no CDI 
CSN (CSNA3) +96%
Marisa (AMAR3) +82%
Restoque (LLIS3) +58%
BR Malls (BRML3) +10%
Iochpe-Maxion (MYPK3) +9%
Light (LIGT3) +7%
São Carlos (SCAR3) +6%
Aliansce (ALSC3) +6%
Even (EVEN3) +5%
Lojas Americanas (LAME4) +5%

4) Pagadoras de dividendos
Entre as ações que pagam bons dividendos, é de se esperar que muitas ganhem atratividade pelo dividend yield (dividendo por ação dividido pelo preço por ação), já que, dependendo de quanto elas pagarem e de qual magnitude for o corte da Selic, o investidor que comprar um papel pode ganhar bem mais em uma distribuição de proventos do que receberia de juros comprando títulos de renda fixa. Vale sempre lembrar, contudo, que o risco da renda fixa é menor que o das ações, então é preciso sempre ter cuidado ao fazer esse tipo de comparação.

Naturalmente, esse time era formado quase todo por empresas do setor elétrico, mas segundo os analistas do BTG e do Santander, companhias imobiliárias começam a figurar entre os melhores “yields” para 2017.

5) Concessões e infraestrutura
As concessionárias possuem fluxos de caixa previsíveis por trabalharem com grandes projetos de longo prazo com valuations próprios. Cada projeto tem uma TIR (Taxa Interna de Retorno) estabelecida e a atratividade dos papéis dessas companhias é majoritariamente determinado pela diferença entre a Selic, que é a nossa taxa livre de risco, e essa TIR, que embute o risco do empreendimento. A lógica é que quanto menor a taxa de juros, maior a atratividade das concessionárias, uma vez que a diferença para os ganhos com investimentos no setor é menor e, para o investidor, fica mais atrativo correr o risco do investimento.

Ações de destaque: CCR (CCRO3); Ecorodovias (ECOR3); Mills (MILS3); Rumo (RUMO3).

6) Administradoras de shopping centers
Estas empresas têm um fluxo de recebíveis ligado à taxa pré de longo prazo. Em um período de queda da Selic, receber em taxa prefixada e pagar em posfixada é uma boa forma de lucrar. Teste de sensibilidade do BTG Pactual indica ainda que para cada redução de 100 pontos-base da Selic, empresas do setor podem ganhar até 10% de FFO (Funds From Operations). O corte de juros é positivo para elas, portanto, porque a geração de fluxo de caixa dessas empresas fica maior com a queda de juros, uma vez que elas operam com alto índice de alavancagem.

Ações de destaque: BR Malls (BRML3), General Shopping (GSHP3); Iguatemi (IGTA3), Multiplan (MULT3).

7) B3
Como a redução da Selic diminui a atratividade da renda fixa em relação ao mercado de ações, há a expectativa de um fluxo de capitais injetado na Bovespa – e naturalmente a B3 (BVMF3) ganha com isso. Segundo estimativa do BTG Pactual, o preço-alvo da ação da administradora da bolsa brasileira sobe 5% para cada R$ 1 bilhão adicional de volume negociado diariamente no mercado de ações.

Se esse acréscimo vier também com um aumento de R$ 500 milhões em negociação na BM&F, o aumento no preço-alvo de BVMF3 seria de 10%, diz o banco.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.