Selic a 4,5%? Analistas revisam projeções após Copom e veem mais dois cortes de juros este ano

Banco Central indicou que cenário atual permite a continuidade dos cortes de juros. Analistas agora se dividem sobre a intensidade

Rodrigo Tolotti

Fachada do Banco Central do Brasil (divulgação)

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SÃO PAULO – Após cortar a Selic para 5,5% ao ano, seu menor valor na história, o Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou em seu comunicado que deve seguir reduzindo a taxa básica de juros este ano. E isto deve impactar diretamente o dólar já nesta quinta-feira (19).

No comunicado, o Copom reforçou a visão de que o ciclo de corte de juros ainda não acabou, avaliando “que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”.

Em relatório, a equipe de análise da XP Investimentos ressaltou que “o comunicado [do BC] foi bastante claro que o comitê entende que mais cortes serão necessários”.

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Com isso, os analistas revisaram a projeção para a Selic para 4,5% em 2019 – com dois cortes de 0,50 ponto percentual nas reuniões de outubro e dezembro -, ficando estável nesse patamar até o final de 2020 (clique aqui para conferir o relatório completo).

Além disso, a XP avalia que, no comunicado, o BC sinalizou que “o balanço de riscos para a inflação está mais benigno agora do que estava na última reunião do Copom, realizada em julho”.

Na nota divulgada junto com a decisão, o Copom disse que o “nível de ociosidade elevado pode continuar produzindo trajetória prospectiva abaixo do esperado”.

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Do outro, porém, o comitê afirmou que há ainda o risco de que uma eventual frustração com a continuidade das reformas possa afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação, podendo se agravar em caso de piora do cenário externo.

Já para Gabriela Fernandes, economista chefe da Gauss Capital, a próxima reunião do Copom, em outubro, deve contar com mais um corte de 0,50 p.p., enquanto em dezembro, o BC deve reduzir outros 0,25 p.p., levando a Selic para 4,75% no encerramento do ano.

Para ela, o dado que mais chamou atenção no comunicado foi a nova projeção de inflação, considerando o cenário com câmbio e juros extraídos da pesquisa Focus: 3,6% de inflação em 2020, o que, segundo ela, sugere que “há folga para maior afrouxamento monetário à frente”.

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“Além disso, apesar de insistir na necessidade de perseverar com as reformas fiscais, o risco de uma deterioração significativa desse processo deixou de ser preponderante no balanço de riscos do comitê”, avalia Gabriela.

Em relatório, a LCA também destacou que vê novas quedas de juros este ano. Sem dar uma nova projeção, a consultoria afirma que irá revisar para baixo seus números.

“A decisão e o comunicado do Copom parece sugerir que é elevada a probabilidade de que o de corte da Selic seja mantido em 50 pontos-base na próxima reunião […] Adicionalmente, as chances de que a Selic seja reduzida para abaixo dos 5% parecem ter passado a preponderar”, avalia.

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Na mesma linha, o Goldman Sachs também afirma que “há espaço para a Selic ir abaixo de 5% eventualmente”, mas disse que levar a taxa de juros para estes níveis menores seria uma “escolha com alguns riscos”.

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Em meio a estas revisões, a avaliação é que o dólar deve seguir pressionado para cima contra o real. Isso se dá pelo fato de que, mais cedo, o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos), apesar de reduzir os juros, colocou dúvidas sobre a continuidade do corte das taxas no país.

Com a projeção de que a Selic caia ainda mais que o esperado anteriormente, a diferença das taxas entre Brasil e EUA ficará ainda menor, o que faz com que o nosso país fique menos atrativo para os investidores estrangeiros (veja mais clicando aqui).

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.