Publicidade
SÃO PAULO – Vez ou outra movido pelos consensos e análises feitas na velocidade do frenético ritmo do sistema financeiro, o mercado é também palco de importantes discussões marcadas por grande divergência de perspectivas. A complexidade do universo econômico mostra que não é fácil compreender as inúmeras facetas do cenário atual e sua pluralidade de atores em sua totalidade.
Mesmo as mentes mais brilhantes não conseguem enxergar o atual momento da economia da mesma forma, o que torna as projeções e pitacos sobre o futuro ainda mais diversas. Em evento intitulado “Diálogos para o futuro”, mais um da série “Diálogos Capitais”, realizado pela revista Carta Capital nos dias 18 e 19 de março – no qual o InfoMoney esteve presente -, importantes economistas e empresários destacaram suas previsões e percepções sobre as economias brasileira e mundial, oferecendo boas pinceladas da dimensão do atual quadro do mercado.
Os dois dias de palestras e debates contaram com a participação do economista vencedor do prêmio Nobel em 2008, Paul Krugman, do ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, do governador de Pernambuco e possível candidato às eleições presidenciais deste ano, Eduardo Campos (PSB), do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, além dos CEOs (Chief Executive Officer) da Vale (VALE3, VALE5) e Magazine Luiza (MGLU3) – respectivamente, Murilo Ferreira e Luiza Trajano. Confira os destaques do que cada um deles falou:
Masterclass
As Ações mais Promissoras da Bolsa
Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.
Krugman: “preocupações com o Brasil não se justificam”
O laureado com o Nobel de Economia, em 2008, destacou no evento que “o Brasil saiu da crise mundial muito bem e não se justificam preocupações com sua economia”, afirmou, divergindo de boa parte dos economistas internacionais que aponta que o País é uma das nações mais frágeis ao cenário de maior fragilidade global. E ressaltou que a grande preocupação fica com a China, apontando que o gigante asiático não deve crescer às mesmas taxas, que ela está desequilibrada e que os seus dados não são confiáveis. E isso pode levar a um choque para o Brasil, mas que não deve preocupar tanto o País.
Leia mais em: Por que as preocupações com o Brasil não se justificam, segundo Nobel
Continua depois da publicidade
Para Krugman, atuação do Fed na recuperação dos EUA foi decepcionante
Murilo Ferreira: otimismo com China e a vez dos emergentes
Por outro lado, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, mostrou confiança sobre a economia chinesa, destacando que quem crê que a China cairá este ano vai afundar junto com suas projeções. Ferreira disse que essa percepção tem sido o maior adversário das ações da mineradora. Além disso, o presidente da mineradora comentou sobre o cenário político do País, destacando que a antecipação do debate político gera clima “Fla-Flu” no mercado e gera incertezas para o País.
Continua depois da publicidade
Leia mais em: Quem aposta na queda da China vai afundar junto com as projeções
Antecipação do debate político gera clima de “Fla-Flu” no mercado
Delfim: Brasil continuará “patinando” se não resolver os próprios problemas
Publicidade
O ex-ministro da fazenda, Delfim Netto, também deu as suas impressões sobre o cenário político brasileiro e como o País está posicionado dentre os emergentes. No cenário que se desenha, afirmou, não poderemos contar com o progresso extraordinário pelo qual nós fomos beneficiados de 2003 a 2010. Ao mesmo tempo, destacou que não há nenhum cenário catastrófico para o País, mas que o desenrolar das questões internas deve comandar o debate sobre a economia nacional.
Leia mais em: Brasil continuará “patinando” se não resolver os próprios problemas
Eduardo Campos: governo precisa ser mais transparente
Continua depois da publicidade
Além de Delfim, o atual governo de Pernambuco Eduardo Campos, (e potencial candidato às eleições presidenciais deste ano), também apresentou críticas ao governo, principalmente frente ao cenário atual das elétricas. Campos afirmou que o governo precisa ser mais transparente e evitar remendos em vez de correções mais completas dos problemas. “As pessoas querem saber qual é a regra do jogo. Precisamos ter capacidade de dizer: ‘temos um problema e vamos enfrentá-los’.
Leia mais: Delfim e Campos criticam medidas do governo para setor elétrico
Belluzzo: “Brasil criou um Frankenstein em seu sistema tributário”
Publicidade
“O Brasil criou um Frankenstein em seu sistema tributário e precisa urgentemente rever isso”, disse Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos economistas mais influentes dos governos Lula e Dilma, em sua apresentação. Segundo o economista, essa é uma reforma difícil mas que precisa ser feita o quanto antes. “Isso é uma encrenca política enorme, mas o Brasil precisa rever seu sistema tributário, que é sem dúvida alguma o grande empecilho para aumento dos investimentos e ganho de produtividade”.
Leia mais em: “Brasil criou um Frankenstein em seu sistema tributário”
Luiza Trajano: otimismo, principalmente com o varejo
A presidente da varejista Magazine Luiza, Luiza Trajano, mostrou-se bem otimista, principalmente com o setor de varejo. “Tivemos um janeiro espetacular, um fevereiro muito bom e março que está indo pelo mesmo caminho”, disse. Para ela, as políticas sociais e moradias populares, como o programa Minha Casa, Minha Vida, são motivo para boas expectativas, já que os imóveis significam a venda de móveis e eletrodomésticos. O que falta no Brasil ainda, segundo ela, é uma união dos representantes políticos. “O país parece mergulhado em um estado de depressão e o governo não esclarece os números. A comunicação está muito ruim, ainda muito fragmentada. A presidente Dilma precisa falar claramente com a população”, ressaltou.
Leia mais em: “Magazine Luiza vê bom começo de ano em vendas”