Securitização do começo ao fim: saiba o que acontece até um papel chegar ao mercado

Entre a geração dos ativos e a distribuição dos títulos estão diversas etapas de um processo que envolve vários agentes

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O mercado brasileiro de securitização, relativamente pouco desenvolvido, tem experimentado significativo crescimento nos últimos anos e, de acordo com especialistas do setor, deve continuar assim. No entanto, suas vantagens, riscos e oportunidades ainda são do conhecimento de poucos, quadro que reflete sua própria natureza plural e, ao mesmo tempo, complexa.

Apesar disso, muito embora possa existir uma grande variedade de modelos de estrutura e instituições envolvidas no processo, de um modo geral, toda securitização possui uma mesma estrutura básica que precisar ser conhecida por aqueles que cogitam a possibilidade de recorrer a este mercado. As informações são da Uqbar Educação & Informação Financeira Avançada.

Os recebíveis

No começo de tudo, está a criação dos ativos, momento em que uma instituição concede crédito para um cliente, caso de um financiamento imobiliário, por exemplo. Em termos técnicos, a parte que concede o empréstimo, ou seja, a empresa, é chamada de originador, enquanto seu cliente é o tomador.

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Depois disso, o passo que segue é a seleção dos ativos, tarefa de responsabilidade do originador. Nesta hora, é selecionado um conjunto de ativos que apresentem características relativamente homogêneas para que possam ser cedidos a um terceiro.

A seleção dos ativos

“Empacotados”, os ativos podem ser vendidos para a entidade emissora que, por sua vez, emite títulos com o objetivo de financiar a compra dos ativos do originador. Estes títulos são estruturados para atender demandas específicas, identificadas junto aos próprios investidores.

Aqui cabe um comentário importante: o desempenho destes títulos estará diretamente ligado ao desempenho dos ativos e, no caso de inadimplência, não cabe recurso contra a empresa que deu origem aos recebíveis.

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Classificação de risco

Porém, quem estuda entrar no mercado de securitização conta com uma ferramenta muito importante: a classificação do risco de crédito por parte de uma ou mais agências de rating. Em geral, os títulos a serem emitidos são analisados sob esta ótica e, desta forma, os investidores se baseiam nessas análises, atualizadas regularmente, para estudar a qualidade do crédito e a integridade estrutural da operação.

Depois de tantos processos, os títulos mobiliários podem, finalmente, ser emitidos no mercado de capitais pela entidade emissora. É bastante comum, embora não obrigatório, que uma pequena parte dos títulos seja adquirida pelo próprio originador.

Este tipo de operação é uma das formas que pode ser usada para reforçar o crédito da operação, já que permite que os títulos de classe sênior atinjam classificações de risco dentre as mais elevadas nas escaladas das agências de rating.

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A hora de lucrar

Entretanto, o fluxo não chegou ao fim. Uma vez na mão dos investidores, os ativos precisam ser administrados, ou seja, os pagamentos recolhidos e repassados à entidade emissora e aos investidores, trabalho que pode ser feito por uma ou mais instituições.

De posse dos recursos gerados pelos ativos securitizados, a entidade emissora os utiliza para remunerar aqueles que adquiriram os títulos. No final do processo, quando todos os empréstimos que foram securitizados são quitados, a emissão é liquidada e eventuais recursos excedentes são, normalmente, repassados ao originador.