Se é livre de interações humanas, então é mais confiável aos humanos

Superfund busca atrair investidores com ferramentas quantitativas, tecnologia de ponta e um discurso inteligente

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SÃO PAULO – Os gestores do austríaco Superfund tomam conta de um patrimônio de US$ 1,6 bilhão, distribuído por ativos financeiros de diversas partes do mundo. Agora eles estão também no Brasil, não atrás dos ativos, mas sim dos investidores.

Quem tem R$ 1 milhão – qualificados e institucionais – passa pelo crivo e pode entrar no superfundo. É um requisito proporcional à vantagem de se alocar recursos com os agentes mais confiáveis do mercado: os computadores.

Segundo Lance Reinhardt, diretor do Superfund na América Latina, o sistema de gestão é “livre das interações e emoções humanas”. A caracterização busca refletir preferência por ferramentas quantitativas e tecnologia de ponta.

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Soa plausível. A matematização presta bons serviços à indústria de fundos, sobretudo mediante avanços na precificação de ativos e na gestão de risco. Modelos menos e menos sujeitos a fórmulas prontas e fáceis, mais e mais interessados em descrições não-lineares, respeitando o dia-a-dia dos mercados.

E também as finanças comportamentais não se cansam de apontar os lapsos de razão do investidor comum, humano. Ele é teimoso, não aceita perder, não sabe calcular direito, entra em pânico, segue outros humanos, e tantas coisas mais.

Feita justiça aos argumentos simpáticos, resta uma dificuldade: a de imaginar algo absolutamente livre de interações e emoções humanas. Lance adota uma retórica tradicionalmente ligada ao uso do que é científico. Computadores são exatos, não erram, é melhor deixar com eles. Assim, a declaração é inteligente enquanto mostra toda a perspicácia humana.

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