Schwartsman detona visão econômica de Belluzzo; “não me surpreende que levou o Palmeiras à Segundona”

Ex-diretor de BC tece duras críticas ao ex-mentor econômico do governo Lula, chamando-o inclusive de "Sr. Bellezza pela sua conivência pela inflação

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – Heterodoxos e ortodoxos nunca se bicaram muito na economia. Mas desde o acirramento das eleições do ano passado, essas linhas antagônicas de raciocínio têm provocado faíscas sempre que grandes personalidades desses lados se encontram. Na última quarta-feira (18), presenciamos uma resposta bem agressiva (para tentar ser sutil) de Alexandre Schwartsman para Luiz Gonzaga Belluzzo, tendo inclusive jogado a discussão para uma esfera ainda mais passional do que a economia: o futebol.

Schwartsman – que foi diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central no governo Lula e economista-chefe do Santander até 2011 – utilizou sua coluna no jornal Folha de S. Paulo para responder às críticas feitas no começo de novembro por seu colega Belluzzo, professor de titular da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (1985-1987). 

O ex-diretor do BC disse que Belluzzo reclamou de sua argumentação de deduzir o impacto da inflação sobre a dívida para saber o verdadeiro efeito da taxa de juros em cima da mesma dívida. Deixando claro seu desgosto à “nova matriz econômica” que Belluzzo ajudou a construir no governo petista, Schwartsman respondeu de maneira bem ácida: chamando-o de “sr. Bellezza”, ele disse o motivo para essa dedução é simples, “embora, ao que parece, além da capacidade de entendimento” de Belluzzo.

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Para ilustrar sua explicação, ele deu um exemplo hipotético mostrando que um país sem inflação e com taxa de juros baixa pode apresentar um mesmo impacto na relação “dívida-PIB” que outro país com taxa de juros e inflação altas. A distinção nos dois cenários só poderia ser percebida olhando para a taxa real de juros – a já descontada da inflação (o exemplo completo você encontra entre o 5º e 8º parágrafo da coluna).

“Nesse aspecto, a medida de déficit operacional (que justamente faz esse procedimento) é sempre mais adequada para explicar a evolução das contas públicas, mesmo quando a inflação é moderada, ao contrário do que dizem os autores”, disse o ex-diretor do BC.

2ª divisão no futebol… e na economia?
Para finalizar o texto, ele associou o Belluzzo economista ao Belluzzo presidente do Palmeiras, cuja gestão foi bastante criticada: “dado seu conhecido desrespeito à aritmética, não me espanta que a incompetência do Dr. Bellezza tenha conseguido mandar o Palmeiras para a Segundona. Difícil é entender como ainda permitem que ele insista em fazer o mesmo com o Brasil”, finalizou o ex-diretor do BC.

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Presidente do tradicional clube paulista e um dos maiores times de futebol do Brasil, Belluzzo presidiu o clube entre 2009 e início de 2011. Sua gestão gerou bastante expectativa, não só pelo seu reconhecimento intelectual como por ser palmeirense fanático. Contudo, a ausência de títulos no período – sendo que em 2010 o título do Campeonato Brasileiro escapou nas últimas rodadas – e a “explosão” do endividamento do Palmeiras por conta de algumas decisões julgadas como passionais fizeram com que sua gestão pouco deixasse saudades. Aliás, essa dívida maior acabou se tornando inclusive um dos culpados para o “Verdão” ser rebaixado para a 2ª divisão em 2012.

Não que isso influencia a opinião econômica de Schwartsman, mas a saber: ele é torcedor do São Paulo Futebol Clube.

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Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers