Santander vê alta de 58% para Marfrig; Vale e Gerdau preferidas do Bradesco BBI e mais recomendações de ações

Já o Morgan Stanley iniciou cobertura para varejistas, com recomendação equivalente à compra para Magalu, C&A e Renner; Hering é venda para o banco

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O início de ano tem sido marcado por diversas mudanças de recomendação e início de cobertura para grandes ações da bolsa e outras que não estão tanto no radar. O Santander, por exemplo, elevou a recomendação de neutra para compra para as ações da Marfrig, enquanto o Bradesco BBI elevou a recomendação para a estatal Sanepar.

O Bradesco BBI também destacou posição positiva para o setor de mineração e siderurgia (mantendo recomendação neutra apenas para CSN). Já o Itaú BBA iniciou cobertura para Log-In com recomendação equivalente à compra, enquanto Morgan Stanley iniciou cobertura para varejistas com visão positiva para o Magazine Luiza, Lojas Renner, C&A e recomendação equivalente à venda para Cia. Hering. Confira as recomendações:

Marfrig (MRFG3)

Os analistas do Santander elevaram recomendação para as ações da Marfrig de manutenção para compra, com potencial de valorização de 58% (em relação ao fechamento de segunda-feira) ao também elevar o preço-alvo em 2020 para as ações de R$ 12 para R$ 16. É o maior preço-alvo entre os analistas sell-side acompanhados pela Bloomberg.

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O potencial de alta, apontam os analistas do Santander, ocorre em meio à forte demanda global por carnes, menor oferta de proteína animal e ao momento favorável ao setor de bovinos nos Estados Unidos.

As ações do segundo maior produtor global de carne bovina tiveram queda de cerca de 7% em dezembro, maior recuo mensal em 6 meses e terceiro pior desempenho entre os membros do Ibovespa. O papel foi afetado pela oferta de ações que permitiu a saída do BNDES do capital da empresa.

Contudo, aponta Marcel Moraes, analista do banco, as perspectivas para a companhia permanecem promissoras com a geração de caixa favorecida pelos efeitos da peste suína africana no mercado global de proteínas, a gradual reabertura do mercado chinês para a carne dos EUA e à ampla oferta de gado nos EUA.

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As perspectivas de melhora no nível de alavancagem da empresa também contribuem para a elevação de recomendação. A aquisição pela Marfrig de 31% da National Beef no ano passado deve dar à administração da companhia maior flexibilidade para gerenciar o fluxo de caixa, investimentos e dividendos, de acordo com o analista.

“A transação ofereceu aos investidores maior visibilidade na futura alavancagem financeira da companhia, o que antes era uma preocupação chave“, disse o analista em relatório.

Sanepar (SAPR11)

O Bradesco BBI elevou a recomendação das ações da Sanepar, empresa de saneamento e abastecimento de água do Paraná, de neutra para compra.

O BBI projeta um preço-alvo de R$ 124 para a ação da empresa paranaense – atualmente o papel da Sanepar custa R$ 96. Segundo o BBI, com a aprovação do novo marco do saneamento pela Câmara dos Deputados, no final do ano passado, novas perspectivas se abrem para o setor.

“Embora a privatização ainda não esteja no horizonte da Sanepar, nós notamos uma recente redução nos riscos da empresa. O Tribunal de Contas do Estado confirmou o reajuste de 12,1% nas tarifas de 2019, que havia sido bloqueado e foi permitido. O BBI também ressalta o “estrito controle de custos” na empresa e uma margem Ebitda 10% superior para o período 2019/20.

Log-in (LOGN3

O Itaú BBA incluiu as ações da Log-In na sua cobertura com a recomendação “outperform”, com um preço-alvo de R$ 30 por ação para 2020.

Segundo o Itaú BBA, a empresa de logística “reestruturou sua dívida, capitalizou-se e melhorou sua capacidade de emissão, começando a melhorar sua operação”. O preço-alvo de R$ 30 implica uma valorização de 22% no papel neste ano.

Cesp (CESP6)

O Itaú BBA reduziu sua recomendação dos papéis da geradora e distribuidora energética paulista Cesp de outperform para neutra, mas manteve seu preço-alvo de R$ 34,00 para as ações em 2020.

A corretora começou a cobrir a Cesp em outubro do ano passado; atualmente, a alta em direção ao preço-alvo é menor, de 6%. Como fatores positivos, o Itaú  BBA destaca que a CESP tem forte geração de fluxo de caixa e encaminha bem a disputa judicial Três Irmãos, com potencial para anunciar dividendos mais altos aos acionistas no futuro.

Suzano(SUZB3), Klabin (KLBN11) e Duratex (DTEX3)

A disparada de 26% das ações da Suzano desde o final de outubro do ano passado pode ter ido além da perspectiva para os preços da celulose, segundo aponta o Bradesco BBI, que manteve recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 40.

Embora existam alguns sinais de uma recuperação morna do mercado de celulose, incluindo um corte agressivo de estoques anunciado pela Suzano, o rali das ações reflete preços da commodity que provavelmente não serão atingidos este ano, uma vez que os fabricantes de papel já se reabasteceram, de acordo com os cálculos do banco.

A Suzano está sendo negociada a uma relação “mais do que justa” entre o valor da empresa e os ganhos estimados para 2020, diz o analista Thiago Lofiego, do Bradesco BBI, em relatório. “Nós precisaríamos ver a demanda e os preços da celulose surpreenderem para cima para nos tornarmos otimistas novamente com a ação.”

Ainda assim, seis dos 16 analistas compilados pela Bloomberg recomendam a compra da ação, enquanto nove indicam a manutenção e um, a venda. A Suzano não quis comentar à agência.

O Santander também manteve recomendação neutra para os ativos da Klabin, apontando recuperação do mercado interno, mas avaliando que o processo de recuperação da margem deve ser gradual.

Já para a Duratex, o analista mantém visão positiva há três anos, esperando que as ações continuem crescendo em 2020, impulsionadas por um forte impulso nos lucros, à medida que a demanda por painéis de madeira e materiais de construção brasileiros aumentar. O preço-alvo é de R$ 21 para o final de 2020.

Vale (VALE3), Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3)

Thiago Lofiego, analista do Bradesco BBI, destacou visão positiva para mineradoras e siderúrgicas, elevando a recomendação da Usiminas para outperform (desempenho acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 13, avaliando que a recuperação potencial do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) não está totalmente precificada.

No geral, o analista vê cenário global melhorando, com ciclo de manufatura chegando ao piso e menor risco com o acordo comercial entre EUA e China, que devem implicar em um potencial de valorização para demanda e preços de commodities.

“Estimamos minério de ferro em US$ 80 a tonelada para 2020 (ante previsão anterior de US$ 75 a tonelada), numa combinação de produção saudável de aço na China (alta projetada de 3% em 2020) e oferta menor do que esperada da Vale (estimamos 340 megatoneladas versus 350 mt antes). Assim, o mercado ainda está apertado, mas menos do que 2019”, avalia o analista.

Para Lofiego, os preços globais de aço provavelmente ficarão de lado em 2020, principalmente pela sobrecapacidade da China, mas há potencial de alta para os preços nos Estados Unidos e no Brasil. Por aqui, uma demanda doméstica mais forte deve resultar em um maior poder de precificação e os preços também devem ser sustentados por um real mais fraco. Nos EUA, a expectativa é de que a demanda aumente para aços longos de 1% a 2%.

Neste cenário, os analistas possuem recomendação de compra para Gerdau e Usiminas, vendo valuations atrativos. No primeiro caso, há boas perspectivas para o ciclo de construção no Brasil e também em relação ao mercado de aço nos EUA. Já para Usiminas, a recomendação é de compra em função de uma melhora na dinâmica no preço de aços planos. A recomendação neutra fica para a CSN, em função do valuation menos atrativo em relação aos pares.

Já a Vale é a principal recomendação para 2020: “a redução de riscos pós-Brumadinho continua, enquanto a geração de fluxo de caixa livre permanecerá robusta, traduzindo-se em um potencial significativo de distribuição de dividendos”, aponta o analista. Gerdau, por sua vez, é apontada como a principal recomendação para siderurgia.

Varejistas

O Morgan Stanley iniciou cobertura para varejistas, destacando que a mudança digital está acelerando na América Latina. A recomendação é overweight (exposição acima da média) para Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Renner (LREN3), C&A (CEAB3) e Mercado Livre (MELI, negociada na Nasdaq) , destacando que a visão positiva sobre liderança e multicanalidade reforça que há oportunidades ainda não precificadas nos papéis.

No caso de MGLU3 e MELI, a visão é para ganhos no longo prazo, enquanto Lojas Renner a oportunidade com ganhos vem de margem e aumento do retorno sobre o patrimônio líquido (ROE). Já a C&A é vista como uma empresa com crescimento a um preço razoável (GARP). A recomendação para as ações da Cia. Hering (HGTX3), por sua vez, é underweight (exposição abaixo da média do mercado).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.