Santander rebaixa Bradesco e tem nova “top pick”; Credit eleva MRV, 3 notícias de Petrobras e mais 10 destaques

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quarta-feira (8)

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – O noticiário corporativo desta quarta é bastante movimentado, com destaque para o resultado de MRV e Arezzo e as revisões de recomendações do Credit para construtoras e do Santander para bancos. A mudança na Rumo, a precificação da Lojas Americanas em oferta de ações e três notícias sobre Petrobras também são destaque. Confira no que se atentar no noticiário desta quarta-feira (8):

MRV (MRVE3)

A MRV Engenharia (MRVE3), a imobiliária preferida dos analistas, viu seu lucro líquido ter leve alta de 1,2% em um ano, fechando o quarto trimestre em R$ 142 milhões – ante R$ 140 milhões um ano antes. No acumulado do ano, o desempenho também teve leve melhora, subindo 1,7%, para R$ 557 milhões em 2016. 

A receita operacional líquida, por sua vez, recuou 11,7%, passando de R$ 1,208 bilhão no quarto trimestre de 2015 para R$ 1,067 bilhão no fim do ano passado. Enquanto isso, no acumulado de 2016, a receita ficou em R$ 4,249 bilhões, uma queda de 10,8% ante os R$ 4,763 bilhões do ano anterior.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), ficou em R$ 160 milhões no quarto trimestre e R$ 637 milhões no ano, quedas de 7,7% e 4,7%, respectivamente. A dívida líquida, no entanto, teve expressiva melhora, caindo 44,3%, passando de R$ 525 milhões para R$ 293 milhões de 2015 para 2016.

Outra melhora foi nos distratos, que passaram de 28,5% das unidades no fim de 2015 para 22,8% entre outubro e dezembro do ano passado, uma queda de 5,68 pontos percentuais. No anualizado, a queda chegou a 9,71 p.p., passando de 34,0% para 24,3%.

Após o balanço, a ação da companhia teve a recomendação elevada de neutra para outperform (desempenho acima da média do mercado) pelo Credit Suisse, com preço-alvo de R$ 16,00 por papel. Em relatório, o BTG Pactual destacou que o balanço do quarto trimestre foi em linha com o esperado, enquanto o lucro líquido ficou 8% abaixo das estimativas em meio a despesas não-recorrentes mais altas do que o esperado em meio a provisões maiores do que esperada. Os analistas mantêm recomendação de compra para as ações destacando que seguem otimistas com o papel. 

A MRV disse que espera ampliar o lucro e o ROE com crescimento de suas operações. “Estou muito confiante de que há espaço para crescimento. Nossa estratégia é crescer onde já estamos e já tenho equipes maduras”, disse o co-presidente da companhia, Eduardo Fischer, em entrevista para a Bloomberg.

“Já há dois anos que a gente vem investindo em compra de terreno e já começa a dar resultados nos alvarás. O próximo passo é esses alvarás virarem lançamentos”, explicou. A MRV recebeu 24.760 alvarás de construção no quarto trimestre, totalizando um potencial de 49,6 mil unidades a serem lançadas após o registro de incorporação.

No release de resultado a empresa afirmou ainda que as mudanças no programa Minha Casa Minha Vida em fevereiro foram positivas. A MRV tem R$ 2 bilhões em posição de caixa e uma alavancagem de 5,4% de dívida líquida/patrimônio. “Estamos numa condição de alavancagem muito tranquila,” disse Fischer reforçando que “2017 vai ser um ano de compra de terrenos agressiva”.

“Tenho um caixa robusto e tenho condições de usar esse caixa pra poder comprar terrenos em condições muito melhores, em um momento de crise”, continuou o co-presidente. A MRV fechou o quarto trimestre com a maior margem bruta em 6 anos, de 32,6%.

“Ao longo dos últimos dois anos a nossa operação foi ficando cada vez mais eficiente, isso nos coloca numa situação onde eu posso olhar para crescimento”, afirmou Fischer. “Nossa ação estava num patamar irreal. Muito, muito baixa. Eu diria que continua baixa. Tem que subir mais”, completou.

Outras construtoras

Enquanto a MRV foi elevada pelo Credit Suisse, o banco suíço cortou a recomendação de outras companhias do setor: a Cyrela (CYRE3) foi cortada de outperform para neutra, assim como a Eztec (EZTC3). Já a Tecnisa (TCSA3) foi cortada de neutra para underperform. 

Bancos

Ainda no radar de recomendações, o Santander soltou relatório sobre as ações de bancos apontando Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) como as ações preferidas do Santander no setor. 

O Santander ainda vê algum potencial de alta de bancos brasileiros, indicando que os investidores devem escolher nomes de melhor qualidade. O Itaú é a nova top pick; recomendação de compra reiterada, preço-alvo elevado de R$ 44 para R$ 49. 
“Deve ser o primeiro a apresentar “tendência de recuperação sólida” na rentabilidade nos próximos anos. Pode desbloquear forte potencial de valorização se usar excedente de capital de R$ 67,2 bilhões em outra rodada de aumento de proventos, recompras de ações adicionais ou para fusões e aquisições”, afirmam os analistas. 

O Banco do Brasil tem recomendação de compra reiterada, preço-alvo elevado de R$ 37 para R$ 40. “Os pontos positivos incluem ciclo de crédito, espaço para
melhorar a eficiência operacional e mudanças de governança corporativa feitas em 2016″, afirma. Já o Bradesco (BBDC4) foi rebaixado de compra para manutenção, preço-alvo cortado de R$ 40 para R$ 37: “o banco enfrenta desafios em meio à crescente deterioração da qualidade dos ativos, redução dos spreads e falta de potencial de valorização”.

Arezzo (ARZZ3)

A Arezzo reportou um lucro líquido de R$ 35,8 milhões no quarto trimestre de 2016, alta de 6,87% na comparação com os R$ 33,5 milhões registrados no mesmo período do ano passado, mas abaixo da estimativa de R$ 38,7 milhões de analistas, segundo compilação da Bloomberg.

A receita líquida, por sua vez, foi de R$ 338,9 milhões, ante estimativa de R$ 321,2 milhões e 19,42% superior aos R$ 283,8 milhões na base de comparação anual. O Ebitda foi de R$ 51,7 milhões, alta de 15,66% na mesma base de comparação. A margem Ebitda ficou praticamente estável, passando de 15,8% para 15,9%. O número de pares vendidos teve alta de 7,2% na comparação anual, enquanto número de bolsas vendidas foi 45,9% superior. No quarto trimestre, foram realizadas 21 aberturas líquidas de lojas e duas ampliações, “que somadas as demais expansões de 2016 representam crescimento de 3,7% da área de vendas nos
últimos 12 meses”.  

Petrobras (PETR3;PETR4

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou que a Petrobras refaça e reapresente as demonstrações financeiras anuais completas de 2013, 2014 e 2015, a fim de contemplar estornos de efeitos contábeis decorrentes da prática de contabilidade de hedge, informou a estatal em fato relevante divulgado na noite de terça-feira.

No documento, a estatal esclarece que pode recorrer da decisão e que tomará as medidas necessárias para defesa de seus interesses. A Petrobras ainda reitera que “as demonstrações financeiras da companhia relativas aos anos de 2013, 2014 e 2015 estão de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, assim como com as normas internacionais de contabilidade (IFRS) e foram auditadas por auditor independente”. Em maio de 2013, a Petrobras passou a aplicar às exportações um mecanismo conhecido como contabilidade de hedge, a fim de minimizar o impacto de oscilações cambiais em seu resultado financeiro.

Com a prática, ganhos ou perdas oriundos das dívidas em dólares norte-americanos, provocados por variações cambiais, somente afetarão o resultado da empresa na medida em que as exportações forem realizadas. A CVM abriu investigação para analisar o uso da contabilidade de hedge pela estatal em abril do ano passado. 

 A Petrobras também informou que o valor adicional de R$ 500 milhões em acordo com a Total citado em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo “e mencionado pelo presidente Pedro Parente em comunicado interno à força de trabalho da companhia, representa estimativa preliminar de potenciais ganhos que poderão advir da Aliança Estratégica firmada entre a Petrobras e a Total”, segundo comunicado da estatal em resposta a pedido de esclarecimento da CVM.

“A sinergia entre as empresas, com a Petrobras aportando os conhecimentos técnicos pela operação dos campos do pré-sal no Brasil, e a Total aportando sua experiência na operação de campos de águas profundas na costa oeste africana e em reservatórios carbonáticos, poderá viabilizar, no futuro, a otimização da produção, a partir do aumento do fator de recuperação em reservatórios carbonáticos e consequente aumento do volume produzido”, afirmou. “Dessa forma, o valor mencionado não foi contabilizado no valor global da Aliança Estratégica anunciada ao mercado em 24/10/2016, 21/12/2016 e 01/03/2017, no montante de US$ 2,2 bilhões, já que a concretização das sinergias vislumbradas dependerá do avanço das discussões técnicas e dos planos de desenvolvimento a serem elaborados em conjunto”. 

Por fim, a Petrobras confirmou que fez pedido de reconsideração à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para incluir na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) 2017 o valor de R$ 830 milhões referente à mudança nas regras de fornecimento de gás natural à Amazonas Energia, controlada da Eletrobras, e ao pagamento de dívidas pela estatal elétrica à petrolífera. O objetivo do pedido de reconsideração foi buscar a aprovação de um orçamento consistente para a CDE para que Amazonas Energia tenha recursos suficientes para honrar seus compromissos contratuais com a Petrobras pelo fornecimento de gás natural, disse a estatal. O pedido de reconsideração ainda se encontra sob análise da Aneel. 

JBS (JBSS3)

Segundo o Valor Econômico, a J&F, controladora da Vigor, negocia a venda da companhia de lácteos para a Pepsico. A J&F também é controladora da JBS. Segundo o jornal, a multinacional fez duas propostas para adquirir o laticínio, mas não houve acordo sobre o valor da transação e atualmente as conversas estão em compasso de espera. Mas a J&F continua interessada na venda da operação e, inclusive, tem conversado com outros potenciais compradores.

 

Oi (OIBR4)

A operadora de telecomunicações Oi (OIBR4) informou na terça-feira que o presidente do conselho de administração da companhia recebeu carta de renúncia do conselheiro Rafael Mora, que será substituído por João do Passo Vicente Ribeiro, anteriormente suplente.

Mora era o representante no conselho da Oi da Pharol SGPS, acionista controlador da operadora brasileira que está em processo de recuperação judicial.

A Pharol afirmou em comunicado nesta terça-feira que Rafael Mora renunciou ao cargo de diretor-executivo e como membro do conselho. A nota não explicou a razão da renúncia.

A Oi apresentou o maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil em junho passado para reestruturar cerca de 65 bilhões de reais de dívidas bancárias, títulos e passivos regulatórios.

Ainda sobre a Oi, o jornal O Estado de S. Paulo informa que o empresário Nelson Tanure, um dos maiores acionistas da companhia, por meio de fundo Société Mondiale e outros veículos de investimento, estaria se movimentando para ganhar maior poder na operadora, segundo fontes a par do assunto. Nesta terça-feira, 7, a renúncia de Rafael Mora abriu o caminho para o empresário brasileiro na companhia, que está em recuperação judicial desde junho do ano passado, segundo pessoas a par do assunto.

 Ultrapar (UGPA3)

Segundo o Valor, a Ipiranga (que pertence a Ultrapar) e a Alesat apresentaram defesa contra a decisão da Superintendência Geral (SG) do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de impugnar a operação envolvendo as duas distribuidoras de combustíveis. Em petição à autoridade antitruste, pedem a aprovação do negócio e apontam como “absurda” a conclusão da área técnica do órgão de que não há soluções concorrenciais que possibilitariam a aprovação do ato de concentração.

 Rumo (RUMO3)

As ações ON Rumo Logística serão trocadas por ONs Rumo S.A. na proporção de 1 para 1, segundo comunicado da Rumo. O último dia de negociação na BMF&Bovespa com as ações de emissão da Rumo Logística sob o código RUMO3 e nome de pregão RUMO LOG será em 10 de março 2017. A partir de 13 de março de 2017 serão iniciados os negócios com as ações ordinárias de emissão da Rumo S.A. sob o código RAIL3 e nome do pregão RUMO S.A. 

Petro Rio (PRIO3)

A Assembleia da PetroRio aprovou a aquisição da Brasoil. A Brasoil detém indiretamente participação de 10% sobre os direitos e obrigações do contrato de concessão do Campo de Manati, disse a Petro Rio em fato relevante.

O Campo de Manati produz atualmente 4,3 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, figurando como 8º maior campo produtor de gás natural do Brasil, segundo o comunicado. Além da participação no Campo de Manati, outros ativos da Brasoil incluem a participação indireta de 100% nas concessões do Campo de Pirapema – ativo de gás atualmente em desenvolvimento – e do Bloco FZA-M-254, ambos no Foz do Rio Amazonas, disse a companhia. O valor do negócio não foi revelado.

Lojas Americanas (LAME4)

A Lojas Americanas fixa nesta quarta o valor de sua oferta de ações. A companhia está vendendo 9,3 milhões de novas ações ordinárias e outros 142,9 milhões de papéis ordinários. Pelas condições da oferta, a venda parcial das ações não é admitida.

Metalúrgica Gerdau (GOAU4)

A Metalúrgica Gerdau e BTG fecham acordo para troca de ação da Gerdau. O contrato de troca de ações de emissão da Gerdau regula a permuta das 34,2 mi ações ordinárias (GGBR3) detidas pelo BTG Pactual por 33,4 mi ações PN (GGBR4) detidas pela Metalúrgica Gerdau, segundo comunicado enviado à CVM.

Com a troca, Metalúrgica Gerdau passa a ser titular de 483,9 mi ações ordinárias e 169,4 mi ações preferenciais (GGBR4). Em razão do aumento da participação da Metalúrgica Gerdau no capital ordinário da companhia, Metalúrgica Gerdau submeterá à CVM, em até 30 dias, pedido de registro de oferta pública
de aquisição de ações por aumento de participação, na qual será ofertado à totalidade dos titulares de ações ordinárias (GGBR3) o direito de permutarem tais ações por ações preferenciais (GGBR4). 

Contax (CTAX3)

A empresa de call center Contax informou que adiou a divulgação de balanço,  prevista para esta quarta-feira (8) para a quarta-feira seguinte (15). 

(Com Reuters, Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.