Santander: balanço frustra e analistas veem caminho longo para recuperação; SANB11 cai

O banco teve um lucro líquido recorrente de R$ 2,204 bilhões nos últimos três meses do ano passado, 23% abaixo da projeção do consenso LSEG de R$ 2,87 bilhões

Lara Rizério

(Shutterstock)
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O Santander Brasil (SANB11) deu o pontapé inicial na temporada de resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23) com notícias não muito positivas para os investidores. Para analistas, os sinais são de que o ponto de virada (ou turnaround)  do “bancão” deve demorar a acontecer. Na sessão de quarta-feira, as units SANB11 caíram 1,88%, a R$ 28,65.

O banco teve um lucro líquido recorrente de R$ 2,204 bilhões nos últimos três meses do ano passado, 23% abaixo da projeção do consenso LSEG de R$ 2,87 bilhões. Em um ano, o resultado do banco teve alta de 30,5% (muito por conta do efeito Americanas no 4T22), mas em relação ao terceiro trimestre de 2023, a variação foi negativa em 19,2%.

Os números reforçaram a cautela dos analistas sobre o papel. O Citi destacou que o lucro antes de impostos (EBT) ficou ainda mais abaixo de suas projeções, em 46%, somando R$ 1,9 bilhão no período. O crescimento da carteira do crédito reacelerou (+9% na base anual versus +8% no 3T23), mas a margem de juros líquida (NIM) ficou estável em 9,6%. A qualidade dos ativos se deteriorou, avalia o banco, com a formação de inadimplência, ou “NPL formation” (a variação do saldo de créditos em atraso) aumentando de 4,3% no 3T23 para 5,5% (os empréstimos renegociados diminuíram de 6,8% do total para 6,3% em termos trimestrais).

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O índice de cobertura de inadimplência – que representa a proporção que a provisão para risco de crédito é capaz de cobrir os créditos inadimplentes – teve deterioração de 230% para 221%, apesar do aumento de 22% em termos trimestrais nas provisões.

“Embora o Santander tenha feito esforços para ajustar o seu perfil de risco e tenha demonstrado um maior apetite ao risco, parece que as tendências subjacentes da qualidade dos ativos poderão levar mais tempo do que o esperado para melhorar, com discretas NIM e melhorias de eficiência que poderão limitar uma reclassificação por enquanto”, avalia o Citi, que tem recomendação neutra para SANB11, com preço-alvo de R$ 27, ou queda de 7,5% frente o fechamento da véspera.

Em 2023, o lucro do Santander no País caiu 27,3%, para R$ 9,383 bilhões. Além do caso Americanas, o banco manteve um viés conservador na concessão de crédito, o que reduziu o ímpeto das margens. Ao mesmo tempo, os patamares de provisões contra a inadimplência continuaram altos, para fazer frente aos atrasos de operações concedidas até o final de 2021.

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Para o Bradesco BBI, os resultados foram mistos, com destaque para uma aceleração no crescimento do crédito e melhores tendências em seus resultados de tesouraria, mas com deterioração na formação da inadimplência, que se deveu à sua carteira renegociada, enquanto as despesas de provisão foram impactadas por um caso específico e outras empresas atacadistas.

“As despesas operacionais sofreram pressão devido ao acordo coletivo e ao processamento de dados relativos a projetos estratégicos e publicidade”, avalia o BBI, que tem recomendação underperform (desempenho abaixo da média, equivalente à venda), com preço-alvo de R$ 32 (upside de 10%).

Leonardo Piovesan, analista da Quantzed, ressalta que o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) está em 12,3%, ainda longe do patamar pré-pandemia em que o banco chegou a entregar um ROE de 20%, o que reforça o longo caminho que o Santander ainda tem para elevação da rentabilidade.

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Após os resultados, o Goldman Sachs reiterou a recomendação de venda para as units, com preço-alvo de R$ 27 (assim como o Citi), enquanto o JPMorgan tem recomendação neutra para os papéis. De acordo com compilação LSEG, de 13 casas que cobrem o papel, 11 possuem recomendação neutra e 2 têm recomendação de venda, com target de R$ 28,66, ou baixa de 1,85% frente o fechamento da véspera.

(com Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.