Saiba por que os “mais generosos” estão torcendo para a Nigéria na Copa

Com base nos princípios econômicos utilitaristas, Nigéria teria a população com uma maior felicidade agregada se ganhasse a Copa; Brasil e México também estão na lista

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A maior parte dos países do mundo considera a Copa do Mundo a competição mais importante de todas. Por outro lado, algumas outras grandes economias, como é o caso dos EUA, ainda não estão tão certos de para quem vão torcer – mesmo com a seleção americana fazendo uma campanha que tem contagiado os torcedores.

Com base nisso, o economista e professor da Universidade de Yale, Dean Karlan, elaborou um “guia” reportado em artigo do New York Times para ajudar os americanos a escolher um país para apoiar, que também pode ser utilizado caso a seleção dos EUA seja eliminada – cabe lembrar que a coluna do professor foi feita antes dos EUA passar para as oitavas de final. Dentre as opções, a principal é a Nigéria, mas há também opções como o Brasil e México. Gana também estava na lista, mas a seleção africana foi eliminada nesta quinta-feira.

Mas quais são os critérios para isso? O princípio básico é simples, diz Karlan, com base nos argumentos utilitaristas: torcer para o resultado que irá levar a maior alta agregada de felicidade. Então, com base num índice simples, calculado pela paixão de um país por futebol multiplicado pela sua população, o economista estabeleceu o seu ranking, destacando “importantes verdades sobre o mundo”. 

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Fórmula mágica
O economista considera, claramente, o interesse dos torcedores por futebol: quanto mais apaixonados, mais felizes eles ficarão se a equipe se tornar vitoriosa. Incorpora-se a pobreza no “placar” por diversas razões: em primeiro lugar, a felicidade e a riqueza são correlacionadas e, ceteris paribus (ou tudo mais constante) um economista que usa os “princípios utilitaristas” prefere ajudar as pessoas que estão em pior situação. Em segundo lugar, os ricos têm mais meios para lidar com as suas decepções esportivas – como sair para um bom almoço – e se recuperar rápido.

Além disso, deve-se pensar sobre a população dos países em questão se o intuito é beneficiar o maior número de pessoas. “Enquanto os uruguaios amam futebol, sem dúvida, será uma nação de apenas 3,3 milhões de pessoas comemorando seu triunfo. Em contrapartida, se a vizinha Argentina ganha, isso significará uma celebração para 42,7 milhões de pessoas”, destacou.

Karlan ainda “metrificou” a paixão de cada país por futebol, olhando para os dados do Google Trends. Enquanto futebol é responsável por 16% das pesquisas sobre esportes nos EUA, a participação é de 85% na Colômbia. Enquanto isso, alguns países considerados grandes nações do futebol estão mal nesta medida, como é o caso da Alemanha. Sabe-se que os alemães amam o esporte bretão, mas também gostam de handebol. 

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Mas quais são as regiões com maior amor ao futebol? Dentre elas, estão diversas nações africanas, caso de Argélia, Gana, Nigéria e Costa do Marfim, que estão entre os seis primeiros – os outros que estão no top 6 são Brasil e Equador.

Nigéria: a que mais vai ficar feliz se ganhar a Copa
Com base neste estudo, a Nigéria sai na frente na classificação utilitária. A seleção nigeriana, que avançou para as oitavas de final na quarta-feira, está no quarto lugar dentre o ranking dos apaixonados por futebol e é um dos países mais pobres do torneio. Além disso, tem uma enorme população: 174 milhões de pessoas.

Simplificando, os nigerianos têm uma população muito apaixonada por futebol e pessoas de baixa renda que estão prontas para comemorar o sucesso da selação. A Nigéria termina com uma pontuação muito maior do que qualquer outro país”, ressalta o economista.

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Após Nigéria, vêm o Brasil, México e Gana – todos os países com grandes populações e muita paixão pelo esporte. Brasil e México avançaram para as oitavas, enquanto Gana, no mesmo grupo dos EUA, foi eliminada na quinta-feira. 

Como um economista do desenvolvimento, ele finaliza: “a vida é cheia de escolhas. Assim como não podemos ter mais de um vencedor da Copa do Mundo, também não é possível enviar o mesmo capital a duas organizações diferentes. Devemos escolher. Então, vamos escolher aqueles que terão o maior impacto”.

Confira os países que mais ficariam felizes ao ganhar a Copa do Mundo:

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.