Saiba o que dizem analistas e entidades sobre nova redução de 0,75 p.p. da Selic

Mercado diverge sobre futuro da política monetária nacional, enquanto associações pedem redução dos juros bancários

Mariana Mandrote

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SÃO PAULO – Em sua terceira reunião no ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu intensificar o ciclo de alívio monetário e reduzir a taxa básica de juro em 0,75 ponto percentual, levando a Selic para 9,75% ao ano e repetindo a decisão da reunião de política monetária de março. 

Após o anúncio, analistas divergem sobre os próximos passos da política monetária nacional. Enquanto algumas instituições, como a LCA Consultores, projetam uma manutenção da Selic; outros, como é o caso do Bradesco, esperam que a taxa básica de juro seja reduzida ainda mais. Porém, a maioria concorda que é a ata da reunião, publicada no próximo dia 25, que dará mais clareza às intenções futuras do Banco Central. 

Associações patronais
No caso das associações patronais do varejo e da indústria, o discurso foi um pouco mais uniforme, sendo que a maioria propôs a redução dos juros finais cobrados do consumidor e das empresas. Além disso, a decisão do Comitê foi elogiada por grande parte das associações, que consideram o novo corte da Selic como incentivo ao crescimento da economia e a geração de empregos. 

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Confira os comentários sobre a decisão do Copom compilados pelo Portal InfoMoney: 

Comentários sobre a redução da Selic em 75 pontos-base

“A ata da reunião (…) deve esclarecer se a autoridade está considerando a possibilidade de rever o ‘orçamento’ total do ajuste da Selic. Até lá, mantemos avaliação de que o ciclo atual de redução do juro básico foi encerrado com o corte promovido nesta quarta-feira (18)”, opinião da LCA Consultores. 

“(…) mantemos o nosso cenário referencial de juros para 2012, que projeta uma Selic estável em 9% a.a. até o final do ano. Ainda assim, alertamos que a possibilidade de um novo corte (com a Selic sendo reduzida até mesmo abaixo do mínimo histórico, de 8,75% a.a.) não pode ser completamente descartada”, Flávio Combat, economista da Concórdia Corretora. 

“(…) embora não estejam descartadas as chances de manutenção na próxima reunião em maio, acreditamos ser mais provável que o Copom reduza novamente a taxa de juros, mas em 50 pbs (…) Assim, confirmando nossa expectativa, o novo mínimo histórico da taxa Selic deixaria de ser 8,75% e passaria a ser 8,50%, permanecendo nesse patamar até pelo menos final de 2012”, Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco. 

“O comunicado (…) deixou aberta a possibilidade do ciclo de redução da Selic ter continuidade. (…) No entanto, fica a dúvida a respeito da intenção do Copom (…) por conta de outros aspectos do comunicado. (…) Assim, por ora, acreditamos que permanece elevada a probabilidade de encerramento deste ciclo com a Selic em 9% [ao ano]”, Mauro Schneider, economista-chefe do Banif. 

“Esperamos pelo menos uma queda adicional de 0,5 p.p. na taxa Selic em maio. Além disso, há possibilidade de reduções adicionais na taxa de juros, desde que permaneça benigna a avaliação do Copom sobre o cenário inflacionário, e que entraves institucionais sejam contornados”, Illan Goldfajn e Caio Megale, economistas do Itaú BBA. 

“Se irá seguir seu plano o que fica implícito é que a Selic ficará onde está por um bom tempo. A decisão de ontem, onde a unanimidade do colegiado dá um viés claro, sugere que o BC poderia ter cortado, e seguiria cortando ainda mais, mas que não pode fazê-lo pois isto esbarraria em limites institucionalizados à queda dos juros, onde destacamos a remuneração da poupança”, André Perfeito, economista da Gradual. 

“O BC vem baixando os juros há seis meses. Nesse contexto, os bancos devem baixar a taxa de juros para as pessoas físicas e jurídicas. É preciso estimular o crescimento econômico e a geração de empregos no Brasil”, Paulo Skaf, presidente da Fiesp/Ciesp.

“Entendemos que, com esta queda conta-gotas, o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade para fazer uma drástica redução na taxa básica de juros, que poderia funcionar como estímulo para criação de novos empregos e para aumento da produção do País”, Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.

“O novo corte é fundamental para que o governo continue pressionando as instituições financeiras por uma redução do spread bancário e do custo do crédito para pessoas físicas”, opinião da FecomercioSP. 

“Esperamos que esta redução permita uma retomada mais vigorosa da economia no final do segundo trimestre, especialmente no que diz respeito ao mercado de trabalho e desempenho do comércio de bens, serviços e turismo”, Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ.

“A redução (…) é um importante passo para que o Brasil consiga enterrar de vez o fantasma do juro real mais alto do mundo. (…) A perseguição dos juros mais baixos pelo BC (…) criou um ambiente favorável à redução dos juros finais cobrados do consumidor”, presidente da CNDL.

“(…) o próximo passo é atuar na redução dos spreads bancários. Retomar essa agenda é crucial para que o custo do capital para tomadores de empréstimo seja menos punitivo à produção (…)”, opinião CNI.

“(…) a redução da taxa Selic deve ser acompanhada de reformas institucionais que permitam perene redução dos custos de produção e aumento da produtividade do trabalho, conforme tendência mundial”, opinião Firjan.

“(…) ainda há espaço para maior redução da taxa básica, de forma a se aproximar dos níveis internacionais (…) é imprescindível forçar o sistema financeiro a também baixar o spread e suas taxas de juros”, opinião Contraf-CUT.