Sabesp (SBSP3): sinais de novo CEO e de cronograma de privatização levaram à queda da ação na véspera, mas baixa se justifica?

Credit Suisse, destacou, em análise, ver mais "riscos" de alta para ativos do que de baixa, uma vez que valuation não precisa chance de privatização

Felipe Moreira

(Divulgação/Sabesp)

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As ações da companhia de saneamento do Estado de São Paulo, Sabesp (SBSP3), recuaram 4,5% na sessão de ontem (6), cotadas a R$ 56,57, chegando a cair quase 6% na mínima do dia. O Credit Suisse atribuiu esse movimento à fala do governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) de que pretende nomear o ex-diretor de Fomento do Ministério da Infraestrutura André Salcedo para a presidência da estatal.

Para o Credit, a reação negativa pode ser atribuída ao fato de que muitos analistas realmente não conhecem Salcedo e “provavelmente esperavam outros nomes da indústria”.

Tarcísio também afirmou, em entrevista à CNNC, que pretende privatizar a empresa em dois anos. Segundo o Credit, implementar a privatização em um cronograma desafiador de dois anos, até as eleições municipais, pode ser difícil e implicar em grande volatilidade nos preços das ações.

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De qualquer forma, analistas do banco suíço destacam que o valuation da companhia está próximo aos níveis históricos e, consequentemente, não incorpora os potenciais ganhos em cenários de privatização (corte de custos, alavancagem mais eficiente, melhor perspectiva de investimento, renovação de contratos). Nesse sentido, eles enxergam mais riscos para cima do que para baixo em apostar na tese de privatização.

Durante a entrevista, o governador eleito disse estimar que a Sabesp valha cerca de R$ 60 bilhões (versus o atual valor de mercado de R$ 38,7 bilhões).

Na avaliação do Credit Suisse, uma privatização nesses níveis pode implicar em vantagens significativas caso a empresa seja capaz de superar as metas regulatórias e se beneficiar de eficiências (mesmo que parcialmente compartilhadas com os clientes finais). “Atualmente, a Sabesp opera com custos cerca de 20% acima dos níveis regulatórios, perdas acima dos níveis normais, inadimplência ainda elevada, enquanto a governança para investimentos poderia melhorar”, diz o relatório.

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Tarcísio deve receber apoio necessário para aprovar privatização

Considerando que o Brasil terá eleições municipais em 2024, analistas acreditam que pode ser atrativo um formato de privatização citado pelo governador em que fundos são criados para remunerar ou compensar os municípios por novos contratos de concessão, o que levaria a maior apoio de alguns prefeitos para obter recursos para seus mandatos futuros.

Além disso, os partidos que apoiaram a eleição de Freitas representam cerca de 55% das cadeiras na Câmara dos Deputados de São Paulo e 583 prefeitos (de um total de 645) vêm de partidos aliados durante as eleições. Consequentemente, o banco acredita que o novo governador provavelmente receberá o apoio necessário para aprovar a lei para fazer a privatização e colocar o processo pelo menos em andamento durante seu mandato, mesmo que o novo presidente da República (Luiz Inácio Lula da Silva) não apoie as privatizações.

Perspectivas futuras

Além disso, embora a indicação do nome sugerido como novo CEO e a efetiva aceitação ainda seja incerta, o Credit Suisse lembra que o novo governador trabalhou anteriormente com André Salcedo, que já trabalhou tanto no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quanto em empresa privada de águas.

Dessa forma, analistas enxergam a potencial nomeação de neutra a ligeiramente positiva, considerando que a experiência em empresas públicas e privadas certamente pode ajudar nas negociações futuras para a privatização.

Cabe lembrar que Salcedo chegou a ser denunciado pelo MPF em 2019, junto com outros executivos do BNDES no governo de Dilma Rousseff (PT), no âmbito da Operação Bullish por operações feitas pelo banco com o frigorífico JBS [ativo=JBBS3]), dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Segundo os procuradores, a operação causou prejuízo de R$ 1,8 bilhão. A denúncia, contudo, foi rejeitada pela Justiça Federal do Distrito Federal por falta de provas contra os técnicos do BNDES.

Para o banco, a execução será fundamental neste processo, “onde vemos a redução de custos, o desinvestimento de ativos não essenciais, a negociação de novos contratos e um calendário para o cenário de privatizações como principais marcos para o caso”.

Credit Suisse mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ações da Sabesp e preço-alvo de R$ 63, potencial de alta de 11,4% frente ao preço de fechamento de terça-feira (6) de R$ 56,57.