Sabesp (SBSP3) a R$ 100? JPMorgan vê potencial de alta de 77% para ações em caso de privatização

Banco americano se junto a outras casas de análise que veem ação a pelo menos R$ 100 caso empresa de saneamento saia das mãos do governo paulista

Lara Rizério

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As ações da Sabesp (SBSP3) aparecem como um dos destaques de alta do Ibovespa em outubro, com ganhos de cerca de 15%, em um mês marcado pelas expectativas acerca da privatização da companhia, reavivadas em meio à disputa eleitoral do governo de São Paulo. Nesta sexta-feira (21), os ativos subiram 3,71%, a R$ 58,74.

A expectativa de uma privatização da Sabesp renasceu após o resultado do primeiro turno: Tarcísio de Freitas (Republicanos) garantiu vaga no segundo turno, à frente de Fernando Haddad (PT) e contrariando as pesquisas, que mostravam o petista à frente.  O segundo turno será em 30 de outubro e determinará o novo governador do estado.

Quando ministro no governo de Jair Bolsonaro, Freitas promoveu uma agitada agenda de concessões e privatizações do setor de infraestrutura no Brasil. As últimas pesquisas mostram o ex-ministro de Bolsonaro à frente do petista.

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Caso uma privatização se concretize, analistas do JPMorgan avaliam que a ação da Sabesp pode valer R$ 100, o que corresponderia a um potencial de valorização de quase 77% em relação ao preço de fechamento da véspera.

Para os analistas Henrique Peretti e Victor Burke, “existem fundamentos legais e institucionais para viabilizar uma privatização”. Contudo, ponderam que estão mais céticos quanto ao potencial ‘timing’ e formato do processo.

Desta forma, mantêm o preço-alvo da ação em R$ 50 (valor quase 12% menor frente o fechamento da véspera), com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado).

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A probabilidade de privatização também não foi definida, sendo vista como evento binário influenciado por diversas variáveis em um longo período de tempo.

Para chegar ao valor de R$ 100, os analistas veem um valor adicional de R$ 27 em razão de redução de custos e R$ 23 em menores taxas de desconto e outros.

“A Sabesp já está próxima da universalização e muito à frente do setor”, afirmaram em relatório a clientes.

O cenário base para a companhia de saneamento paulista também leva em conta a universalização dos serviços até 2035, o que seria antecipado para 2030 no caso de privatização, em razão de uma projeção de aceleração nos investimentos.

Os analistas também esboçaram um cronograma provisório de privatização, com base em privatizações anteriores no setor de serviços públicos e requisitos legais, e chegaram à conclusão de que o processo poderia ser finalizado apenas em 2025.

“Isso significaria que os investidores que apostam nesse cenário precisariam suportar muita volatilidade ao longo do caminho.”

Avaliações positivas

Depois do primeiro turno, diversas casas de análise traçaram cenários para a ação da Sabesp em caso de privatização, vendo o ativo acima de R$ 100.

Para o Bradesco BBI,  uma empresa privatizada poderia atingir um valuation de 1,2 vez a 1,3 vez o múltiplo  EV/RAB (EV = enterprise value, ou valor de mercado + dívida líquida”; RAB = base de ativos regulatórios), ou R$ 110 por ação. A recomendação atual dos ativos pelo BBI é outperform (desempenho acima da média do mercado, ou equivalente à compra).

A XP também avalia que, caso haja uma vitória de Tarcísio no segundo turno, haverá um aumento considerável na probabilidade de privatização da estatal. Isso porque o candidato já defendeu abertamente a privatização da companhia, mesmo que, nos últimos meses tenha suavizado seu discurso e evitado comentar sobre essa possibilidade, avalia.

“A alta das ações precifica parcialmente esse aumento da probabilidade de privatização, cenário no qual enxergamos a possibilidade de a Sabesp atingir um múltiplo de 1,3 vez o EV/RAB ou aproximadamente R$ 104 por ação”, apontou, mas também ressaltando que o processo de privatização é complexo e demanda tempo.

Pouco depois do primeiro turno, o Itaú BBA elevou o preço-alvo para as ações da Sabesp de R$ 65 para R$ 74,90, mantendo recomendação de compra, mas com expectativas mais conservadoras em caso de privatização.

“Avaliamos que a privatização pode ser um divisor de águas para a companhia e nossas estimativas conservadoras apontam que a Sabesp pode valer 1 vez sua base de ativos regulatórios se for privatizada, o que implica num valor justo de R$ 87 por ação”, apontou.

Os analistas do banco também ponderaram que qualquer movimento para privatizar a Sabesp não seria isento de desafios, pois exigiria uma lei que fosse aprovada por maioria simples na Câmara dos Deputados do estado de SP e o consentimento dos prefeitos mais importantes. “No entanto, acreditamos que as chances melhoraram significativamente tendo em vista os resultados das eleições. Ao nosso ver, o governador vencedor terá que negociar com deputados e prefeitos para obter apoio”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.