Rumo (RAIL3) tem prejuízo de R$ 384 milhões com quebra de safra e ações lideram perdas da bolsa

Já o Ebitda caiu 44,6% na comparação com igual etapa de 2020, totalizando R$ 419 milhões.

Augusto Diniz

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A Rumo (RAIL3) apresentou prejuízo líquido de R$ 384 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), revertendo lucro de R$ 3 milhões no mesmo período de 2020. Em 2021, a Rumo lucrou R$ 156 milhões, cifra 48,9% menor do que o registrado no ano imediatamente anterior.

Como consequência do resultado, as ações da empresa fecharam com a maior queda do Ibovespa no dia, recuando 8,81%, a R$ 15,21. Abrindo relatório de análise do desempenho, o Credit Suisse escreveu sobre o desempenho: “desculpa trazer más notícias”.

Para o Credit Suise, os resultados fracos ocorreram apesar dos fortes volumes no trimestre e podem ser atribuídos a tarifas substancialmente mais baixas e margens, também impactadas pelo aumento nos custos de combustível. Adicionalmente, a empresa divulgou novas projeções (guidances) para 2022 abaixo do consenso.

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Conforme o Credit, as novas projeções estão apenas R$ 100 milhões acima do guidance do ano passado, de R$ 4 bilhões a R$ 4,4 bilhões, apesar das fortes colheitas esperadas no Mato Grosso e de um ano inteiro de operação na Rede Central.

A Rumo informou que o volume transportado em 2021 atingiu 64,0 bilhões de TKU, 2,5% acima do ano anterior. A empresa explicou que o resultado é consequência da quebra de safra do milho, ocorrida no segundo semestre, a qual foi atenuada por uma estratégia comercial que trouxe ganho de market share.

“A quebra de safra do milho impactou o volume de exportações em todos os estados no segundo semestre”, afirmou a companhia no relatório de resultados.

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Ebitda da Rumo

O lucro antes do juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 44,6% na comparação com igual etapa de 2020, totalizando R$ 419 milhões. Já a margem Ebitda alcançou 27,7% no 4º trimestre de 2021, baixa de 17,8 p.p. na comparação com igual trimestre de 2020.

Segundo a Rumo, o desempenho do Ebitda foi pressionado pela menor tarifa no trimestre, ante o aumento do custo variável, principalmente com combustível, e a pressão de inflação sobre os custos fixos.

Para o Credit, a perda de Ebitda também é explicada em grande parte pelo aumento repentino de R$ 49 milhões na linha “outros” dentro de “outras despesas”, que o banco acredita ser não recorrentes.

Após os resultados, o Credir manteve avaliação outperform para as ações da Rumo, e preço-alvo de R$ 26,00, frente a cotação de terça-feira (15) de R$ 16,68.

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A receita líquida somou R$ 1,512 bilhão no 4T21, recuo de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O lucro bruto caiu 65,9% no 4T21, atingindo o montante de R$ 141 milhões. Assim, a margem bruta da companhia foi de 9,3% entre outubro e dezembro de 2021, queda de 15,6 pontos percentuais.

A dívida líquida da companhia encerrou o ano de 2021 em R$ 9,4 bilhões.

Dessa forma, o índice de alavancagem, medido pela relação entre dívida liquida e o Ebitda ajustado foi de 2,8 vezes, um aumento de 0,4 vez em relação ao 3T21.

O capex no ano de 2021 foi de R$ 3,453 bilhões, em linha com o plano de investimentos.

Perspectivas da Rumo (RAIL3)

A malha ferroviária sob concessão da Rumo (RAIL3) atende fortemente o mercado de milho e espera-se safra 2021/2022 recorde de 111 milhões de toneladas desse grão. Com isso, a empresa espera reverter o cenário negativo apresentado no resultado do 4T21 do ano passado devido a quebra na safra de milho.

Durante apresentação a analistas, nesta sexta-feira, a Rumo trouxe um quadro com números em dois grandes centros de produção de milho que reflete o seu otimismo em torno da safra do grão.

O plantio de milho na região do Mato Grosso alcançou 63,9% (a média histórica é de 42% para a mesma data) e no Paraná, 33,5% (a média histórica é de 15% para a mesma data). Tanto no MT como no PR a média desse ano é bastante acima da média dos últimos cinco anos.

Com a safra recorde de milho, a companhia de logística prevê a retomada do volume exportado na safra 2021/2022 o mesmo resultado que foi em 2019/2020, de 34 milhões de toneladas. Em 2020/2021 o volume exportado alcançou apenas 14 milhões de toneladas de milho.

A quebra de safra trouxe retração de 38,4% nas exportações de milho no Brasil na safra 2020/2021 em relação à safra anterior, de acordo com relatório da empresa.

A soja também é outro mercado importante para a Rumo, mas a produção do grão em 2021/2022 deverá ser menor do que em 2020/2021, quando alcançou o numero recorde de R$ 137 milhões de toneladas.

Negociações e pedagiamento

A Rumo afirma que foi difícil negociar volumes de grãos no 2º semestre de 2021. De acordo com a empresa, no 1T21 viu-se spread no preço entre Miritituba (PA) e Rondonópolis (MT) – ligada pela rodovia BR-163, que faz o escoamento de grãos pelo chamado Eixo Norte – acima de R$ 120 por tonelada.

Mesmo com preço alto de combustível, a empresa afirma que no segundo semestre houve redução desse spread, indo para algo em torno de R$ 80 por tonelada.

“Isso mostra como foi difícil negociar volumes no segundo semestre do ano passado”, relata a empresa, que opera no chamado Eixo Sul e a saída de grãos pelo Eixo Norte pelo modal rodoviário concorre com ela.

No entanto, a empresa afirma que o pedagiamento previsto para a BR-163, entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), a partir desse ano, com a concessão feita pelo governo federal do trecho no ano passado, deverá aumentar a competitividade.

“O ano de 2022 é um período de transição. Segundo semestre será um período de transição. Estamos administrando negócios para longo prazo. Em 2023 o ambiente competitivo será diferente”, afirmou João Alberto Abreu, CEO da Rumo.

Novo projeto no Mato Grosso

Abreu ressaltou que iniciará o projeto da ferrovia ligando Rondonópolis a Lucas de Rio Verde, representando mais um passo importante de escoamento de grãos de Mato Grosso pelo modal da Rumo. O projeto estaria aguardando licenças para início das obras.

Em setembro do ano passado, o governo do Mato Grosso assinou o contrato com a Rumo para a construção dessa ferrovia de 730 quilômetros, a primeira no âmbito estadual do país, onde serão investidos cerca de R$ 11 bilhões.

Aumento de capacidade

Para acalmar o mercado, a empresa informou a analista que sua capacidade no 1º semestre estaria vendida, mas disse que não divulgará a capacidade vendida no segundo semestre.

“Mas estamos confortáveis em negociar”, afirmaram os executivos. O otimismo estaria na previsão da safra recorde de milho, como já citado.

O guidance 2022 apresentado pela Rumo a analistas de mercado, prevê aumento de 16% no volume de carga transportado pela empresa entre 2021 e 2022, passando de 64 bilhões de TKU para entre 72 e76 bilhões de TKU.

Já o Ebidta, o avanço de 28% representaria crescimento de R$ 3.350 milhões para entre R$ 4.100 milhões e R$ 4.500 milhões em 2022.

Executivos da empresa tem expectativa maior no crescimento dos números no segundo semestre desse ano.

Análise sobre estratégia agressiva

Após a teleconferência, o Bradesco BBI destacou em relatório que a estratégia agressiva de precificação da Rumo para ganhar market share prejudicou os preços dos fretes no 4T21, e os impactos dessa dinâmica também devem se refletir no 1T22.

“Ainda assim, as perspectivas para o 2S22 são muito melhores, com expectativa de safra recorde de soja e milho e normalização dos preços dos fretes dos caminhões”, acrescentaram os especialistas do BBI,

“A nosso ver, a Rumo também poderia alavancar potenciais gatilhos de alta desde o início da cobrança de pedágio na BR163 e a cobrança do ICMS das tradings que exportam grãos pelo Arco Norte, o que deve melhorar ainda mais a competitividade da solução logística da empresa via Porto de Santos”, acrescentaram.

Por fim, o BBI destacou que manteve o rating de outperform, com preço-alvo YE22 de R$ 25,00.

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