Robôs operando na velocidade da luz: conheça o High Frequency Trading

Modalidade busca realizar vários trades automatizados por dia, buscando margens apertadas em cada operação

Felipe Moreno

Australian Stock Market board, Melbourne Australia.

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SÃO PAULO – Nos Estados Unidos, o HFT (High Frequency Trading) – nome que define a execução de vários trades super velozes por dia -, corresponde a aproximadamente 65% de todo o volume negociado em bolsa, tomando ainda mais importância desde sua introdução, sendo apontada como causa do flash crash de 2010.

A automatização de ordens, porém, não é novidade por lá e já foi considerada culpada pelo maior queda diária do Dow Jones, o Black Monday de 19 de outubro de 1987. No Brasil, o HFT ainda está engatinhando, mas vem cada vez mais ganhando força ganhando força e relevância – segundo os dados operacionais da BM&FBovespa, o volume de negócios por DMA (Acesso Direto ao Mercado, na sigla em inglês) movimentou R$ 104,5 bilhões em fevereiro.

Eu, robô
Operando através de um computador, a ideia desse tipo de negociação é buscar várias operações de curtíssimo prazo em um mesmo pregão, com retornos baixíssimos – cerca de dois ou três centavos por trade. Para tal, utiliza-se um trading system que será replicado sobre os ativos. Este padrão de negócio pode ser baseado nas mais diversas estratégias, como análise fundamentalista, técnica ou até mesmo quantitativa, embora as últimas duas sejam as favoritas da maioria dos traders que usam tal tipo de sistema.

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Transformando em fórmulas e algoritmos matemáticos, essas estratégias passam por um sistema roteador de ordens, que define qual ativo se encaixa melhor no modelo proposto e deverá se movimentar como previsto. Esses programas atualmente podem identificar candles, aplicar indicadores, detectar resistências e suportes ou fórmulas estatísticas – como desvio padrão, regressão linear, variância, covariância e regra de probabilidade -, traçando o que melhor se encaixa no padrão de negociação do investidor.

O humano…
Se é um computador que atua pelo investidor, qual a importância do operador por trás do sistema? “O investidor pessoa física acha que automatizar uma estratégia é a oportunidade de fazer as malas, ir à praia e deixar o algoritmo fazer as operações”, afirma Juliano Carneiro, professor do Portal Juliano Carneiro. Embora isso seja possível, ele ressalta que não é essa a ideia por trás do HFT.

O fator humano continua importante mesmo nesse tipo de negociação, já que além de traçar a estratégia e ter que revisá-la de tempo em tempo, o investidor precisa monitorar os resultados e ver se está tudo indo de acordo com o previsto. “Há variáveis incontroláveis neste processo, como a estabilidade do servidor, os links de internet e os erros no sistema”, lembra Carneiro.

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Uma variável, embora controlável, é o horário das negociações – que altera bastante a forma com a qual os ativos respondem ao sistema. “Se o investidor quer ganhar pouco por operação, é importante que ele saiba os horários para isso. Em operações curtas, o horário do almoço é ideal. Já a abertura, que é mais volátil, não seria interessante”, diz Leandro Martins, analista-chefe da Walpires Corretora.

…e a máquina
O mais importante fator humano, contudo, é a construção e otimização do sistema de negociação. Não adianta automatizar um sistema qualquer, ou o resultado vai ser uma perda de dinheiro constante. Normalmente, o recomendado é realizar um backtesting, para obter estatísticas detalhadas do comportamento daquela estratégia, importante para entender se o modelo realmente prevê o comportamento futuro.

“Negociar através de algoritmos não é uma tarefa das mais simples, pois necessita desenvolvimento e principalmente a construção de uma estratégia vencedora que se adapte a diversas situações do mercado”, afirma Carneiro. A replicação de uma estratégia perdedora no longo prazo pode ser o pior dos mundos para o investidor, já que o dinheiro investido perde constantemente o seu valor. “Assim, se constrói o método automático mais profissional de se perder dinheiro”, brinca o professor.

Se o sistema está estatisticamente bom, hora de automatizar. “A ideia inicial é tirar a emoção e aumentar a agilidade no envio da ordem”, afirma Carneiro. Isso ocorre porque a emoção geralmente é um grande problema para muitos investidores, que ignoram o que racionalmente traçaram e tomam decisões apressadas, ou evitam fazer alguma coisa, apenas para perceber então que se tivessem seguido o plano original, poderiam ter tido sucesso em suas operações.