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SÃO PAULO – Risco país e rating soberano são conceitos bastante diferentes. O risco país é uma medida de quanto os investidores exigem, em termos de rentabilidade, para aplicar em títulos de um determinado país. Já o rating passa por conceitos de avaliação de crédito.
Apesar das diferenças, muitas vezes os dois indicadores andam de mãos dadas. Em geral, países com ratings mais elevados, ou seja, melhores classificações de risco, tendem a mostrar indicadores de risco país mais baixo. Isso ocorre porque os investidores tendem a exigir um retorno menor para aplicar em seus recursos em ativos mais seguros.
Risco país: reflexo do mercado
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O risco país, calculado pelo banco de investimentos JP Morgan, representa a diferença entre o rendimento pago por um conjunto de emissões de um determinado país e a taxa considerada como “livre de risco” para o mesmo vencimento ponderado. O risco país, portanto, é um reflexo imediato das condições de mercado, entre eles sentimento dos investidores em relação ao crédito e perfil de risco do país emissor.
Ele é, portanto, um reflexo das condições de mercado, podendo mudar não somente em função da percepção de risco. Por exemplo, em momentos de elevada liquidez internacional, o risco país tende a ser menor, pois muitos investidores internacionais optam por aplicações mais arriscadas por falta de opções mais rentáveis. Isso gera maior demanda por títulos de países emergentes, o que reduz a rentabilidade dos papéis.
Outro fator que pode afetar o risco país é a quantidade de títulos no mercado. Um país, por exemplo, que tenha poucas emissões no mercado internacional, pode apresentar risco país mais baixo do que um país com indicadores semelhantes de crédito, mas que tenha mais títulos no mercado.
Isso ocorre em função das alocações de carteira dos investidores e sua relação com a oferta de papéis. Ou seja, quanto menos títulos, maior pode ser o desequilíbrio entre a oferta e a procura, pressionando os preços e, conseqüentemente, o risco país.
Rating: indicadores de crédito
Já o rating soberano é uma avaliação, por parte de uma agência de classificação de risco, da capacidade de pagamento das dívidas de um país, num horizonte de longo prazo. São levados em consideração para sua determinação aspectos qualitativos e quantitativos, e ele reflete os fundamentos macro e microeconômicos de um país no longo prazo.
Ele é portanto, menos sujeito a elementos de mercado, já que leva em consideração variáveis que mais refletem os fundamentos da economia do país do que a situação atual do mercado.
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Na comparação, o risco-país possui um caráter de curto prazo do que uma análise de rating, que procura determinar a capacidade de pagamento no longo prazo. Isso explica porque, muitas vezes, o risco país pode mostrar maiores flutuações do que o rating.