Risco de ação leva conselheiros da Petrobras a não renovar mandato

Há a preocupação de que os conselheiros, como pessoas físicas, acabem sendo atingidos nos processos e fiquem, por exemplo, com os bens bloqueados na Justiça

Estadão Conteúdo

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A notícia de que acionistas da Petrobras (PETR3;PETR4) se preparam para entrar com ações coletivas contra a empresa foi um dos motivos que levaram quatro membros do conselho de administração da petroleira a pedirem, na terça-feira, 2, para não ter seus mandatos renovados. Um outro já havia manifestado a intenção de não ser reconduzido pelo governo.

Segundo apurou o Estadão, há a preocupação de que os conselheiros, como pessoas físicas, acabem sendo atingidos nos processos e fiquem, por exemplo, com os bens bloqueados na Justiça. “O risco ficou muito grande”, afirmou um dos membros do colegiado, sob condição de anonimato.

Os acionistas da estatal ameaçam ir à Justiça após o presidente Jair Bolsonaro decidir retirar Roberto Castello Branco da presidência da estatal por não concordar com a política de reajuste de preço do combustível conforme as variações do mercado internacional. O general Joaquim Silva e Luna é apontado para substituir Castello Branco.

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Além do risco jurídico, outra apreensão no colegiado é com a continuidade do projeto que vinha sendo desenvolvido na empresa, no qual não havia espaço para interferências do governo federal. “(O motivo da saída) não é o novo presidente. Nada contra ele, mas, sim, contra a sinalização que está sendo dada (com a mudança no comando). Para que mudar alguém que está indo muito bem?”, questionou um dos conselheiros que está deixando o colegiado.

“(Antes) o governo estava deixando a empresa ter sua gestão. Havia um conselho bom, com competências diversificadas. Pessoal sério. Diretoria executiva competente e fazendo uma transformação na Petrobras em todos os sentidos. Tem muita coisa de melhorias sendo feita nas áreas digital e de recursos humanos. É uma transformação ampla, com planejamento estratégico bem definido e elaborado. Estava sendo bem executado. Aí, de repente, tem uma intervenção dessa. Para mim, aquele projeto está em dúvida”, acrescenta o mesmo membro.

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Na semana passada, os conselheiros aprovaram a convocação de uma assembleia extraordinária de acionistas que decidirá sobre a troca no comando da companhia. Apesar de a maioria dos membros ter aprovado a decisão, que atende um pedido do governo, eles eram contra a mudança na presidência. A preocupação com a possibilidade de que a Petrobras entrasse em uma crise ainda maior caso a assembleia não fosse convocada, porém, prevaleceu, e eles optaram por convocar a reunião.

Fato Relevante

Em comunicado ao mercado, na terça-feira, 2, a companhia informou que João Cox Neto e Nivio Ziviani alegaram razões pessoais para a decisão. Já Paulo Cesar de Souza e Silva só declarou que por conta de seu mandato ser “interrompido inesperadamente, peço, por favor, para não ser reconduzido ao Conselho de Administração na próxima Assembleia”.

A mensagem de Omar Carneiro da Cunha revelou insatisfação com a decisão de Bolsonaro de promover uma troca no comando da estatal.

Já o conselheiro Leonardo Antonelli havia manifestado interesse em sair do conselho dias antes da interferência do presidente da República na companhia.

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