Ricos de Hong Kong se preparam para pior cenário

Investidores de alto patrimônio protegem cada vez mais suas apostas, enquanto o centro financeiro sofre crise econômica e política

Bloomberg

(Getty Images)

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(Bloomberg) — Um empresário de Hong Kong transferiu US$ 10 milhões para Cingapura e planeja transferir mais. Outro está de olho em imóveis em Londres, preocupado com os preços muito altos em Hong Kong. Famílias abastadas da cidade têm aberto contas bancárias no exterior e solicitado passaportes alternativos.

Embora ainda não possa ser chamado de êxodo, ricos de Hong Kong protegem cada vez mais suas apostas enquanto o centro financeiro sofre a pior crise econômica e política desde pelo menos 1997.

Muitos investidores de alto patrimônio reduzem a exposição a Hong Kong ou adotam medidas para garantir que possam retirar recursos a qualquer momento, destacando o desafio da chefe do Executivo Carrie Lam, que tenta manter o status da cidade como imã de riqueza na Ásia. Cidadãos de alta renda têm grande peso nos mercados de ações e imobiliário de Hong Kong, além de serem grandes investidores de títulos corporativos chineses emitidos na cidade.

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Executivos de private bank dizem que seus clientes aceleraram o planejamento de contingência depois que a China anunciou no mês passado que iria impor polêmicas leis de segurança nacional em Hong Kong. A legislação ameaça a independência judicial da ex-colônia britânica, a imposição de sanções dos EUA e o ressurgimento de protestos que atingiram os setores de turismo e varejo antes mesmo que o surto de coronavírus mergulhasse a economia na recessão mais profunda já registrada.

“O que estamos vendo basicamente é um acidente de trem em câmera lenta”, disse Richard Harris, diretor-presidente da Port Shelter Investment Management, em Hong Kong. “Pessoas que não transferiram dinheiro podem ficar tentadas a pensar: ‘Bem, talvez eu deveria transferir meu dinheiro’. É provável que esse processo continue.”

Existem poucas evidências até agora sobre uma fuga de capital generalizada. Depósitos bancários de Hong Kong aumentaram para nível recorde em abril e a moeda da cidade continua sendo negociada na ponta forte da faixa permitida em relação ao dólar, um sinal de entrada de recursos constante.

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O governo de Lam disse que as leis de segurança ajudarão a tornar Hong Kong uma “cidade segura, estável e acolhedora” e não afetará “direitos e liberdades legítimos usufruídos pelos residentes de Hong Kong e investidores internacionais sob a lei e poder judicial independente”. Os bilionários mais ricos de Hong Kong endossaram publicamente a legislação e expressaram confiança no futuro da cidade.

Nos bastidores, no entanto, muitos empresários de Hong Kong e profissionais de alta renda parecem mais pessimistas.

Cheng, o empresário que transferiu US$ 10 milhões para Cingapura, também garantiu seu status de residente permanente na cidade-estado neste ano e está vendendo propriedades em Hong Kong. Ele ainda não tem planos concretos de emigrar, mas estuda opções. Ele e a família têm passaporte dos EUA, Canadá, Austrália e França.

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Cheng, nascido em Hong Kong e que pediu para não revelar o nome completo, disse estar preocupado com o maior controle da China sobre a cidade e com a perspectiva de mais protestos.

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