Apesar de surpresa negativa nos custos, Vale (VALE3) se mantém otimista para 2024

Segundo a própria Vale, em seu balanço publicado na véspera, o custo caixa (C1) de produção subiu US$ 2,70 a tonelada na comparação trimestral e se manteve estável na comparação anual, em US$ 23,50 a tonelada

Vitor Azevedo

Vista aérea de mina de níquel da Vale em Sorowako, Indonésia. REUTERS/Ajeng Dinar Ulfiana/File Photo

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O resultado do primeiro trimestre de 2024 da Vale (VALE3) frustrou um pouco o mercado do lado dos custos, que foram mais altos do que o esperado. Apesar da queda das ações nesta quinta-feira (25), contudo, os executivos da companhia defenderam durante a teleconferência de resultados que se mantêm otimistas com esse e outros fatores no ano

Segundo a própria Vale, em seu balanço publicado na véspera, o custo caixa (C1) de produção subiu US$ 2,70 a tonelada na comparação trimestral e se manteve estável na comparação anual, em US$ 23,50 a tonelada. A Vale registrou menores custos de demurrage e maior diluição de custos fixos, com a produção crescendo na base anual, mas os avanços foram compensados pelo impacto negativo da valorização do real no trimestre. 

Nesse ponto, Gustavo Pimenta, CFO da mineradora, defendeu que o primeiro trimestre é usualmente contaminado pela sazonalidade. “A diluição dos gastos é menor entre janeiro e março. No entanto, para o ano, estamos confiantes em alcançar o que estipulamos. Desafios que gerimos nos custos estão em fatores como frete e câmbio, mas temos um hedge”, explicou. 

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A Vale, no meio do ano passado, estabeleceu um guidance de chegar a um C1 entre US$ 21 e US$ 23. Com o aumento da produção no começo de 2024, havia a perspectiva de que a empresa poderia diluir mais os gastos e entregar margens um pouco maiores.

Vale vê China resiliente

Do lado dos prêmios do minério, Pimenta mencionou que os ganhos estão um pouco mais apertados por conta do mercado, principalmente daquilo visto na China, mas defendeu que a Vale continua otimista. 

“Vemos a China da mesma forma, trazendo aquilo que chamamos de resiliência chinesa, com mercado parecido com o do ano passado. A despeito do problema do setor imobiliário, a manufatura está crescendo bastante, bem como a indústria de transição energética. Consideramos também a exportação de aço, que está aquecida, sendo que os inventários estão mais baixos do que o ano passado”, acrescentou o diretor de minério de ferro Marcelo Spinelli. 

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Os diretores da Vale, no entanto, também trouxeram um tom de moderação nos seus discursos. A despeito alta dos volumes produzidos na base anual, com o ramp up de algumas unidades (como do sistema S11D), por enquanto eles defenderam que não pretendem mudar o guidance de produção para 2024. 

“Se decidirmos revisitar o guidance, será mais para frente. Tivemos um primeiro trimestre bom, e um bom segundo semestre no ano passado, mas estamos aguardando. Temos nosso plano de sazonalidade, hidrologia nas nossas minas e por ai vai. Por hora, no entanto, manteremos”, falou o CEO Eduardo Bartolomeo. 

A Vale também manteve um certo tom cauteloso no que tange a distribuição de dividendos extraordinários. Pimenta explicou que uma potencial distribuição depende de vários elementos, e que apesar de o mercado de minério ter melhorado e estar resiliente, uma distribuição extra depende de fatores como caixa mínimo e provisões. “É um pouco precoce para falar sobre, mas está sendo avaliado”, expôs. 

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Quanto às provisões para Mariana, os diretores da mineradora expuseram que continuam engajados para chegar em um acordo no processo de remediação. “Queremos uma resolução que seja boa para todos e vemos que até meados do meio do ano conseguiremos isso”, defendeu o CFO. 

Por fim, foi destaque também na teleconferência os comentários quanto à fusão da BHP com a Anglo American. Eduardo Bartolomeo explicou que a mineradora está digerindo a notícia, que envolve duas concorrentes, mas que não vê grandes impactos. 

“Não vemos nenhum impacto no Minas-Rio. Nossa parceria com a Anglo será respeitada por que vier depois”, expôs, sobre a parceria que tem com uma das envolvidas no M&A. “Acreditamos que temos uma posição singular na indústria. Acrescentaremos 50 milhões de toneladas de minério com alta qualidade e com baixos custos. Temos também as melhores reservas em metais básicos. Sempre buscamos oportunidades, mas uma movimentação no mercado não muda nossa estratégia”, fechou.