Reviravolta da JBS: ação salta 25% da mínima do dia até o fechamento; só 4 das 58 ações do Ibovespa caem

Confira os principais destaques de ações da bolsa nesta terça-feira

Paula Barra

(Bloomberg)

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SÃO PAULO – O Ibovespa “repicou” nesta terça-feira (23), com investidores acompanhando com toda a atenção os esforços do governo para fazer avançar as reformas estruturais do País. Com isso, o índice fechou em alta de 1,60%, a 62.662 pontos, com apenas 4 das 58 ações no negativo. Do grupo das quedas, um ponto em comum: todas têm perfil exportador e conseguiram se salvar nos últimos dias da avalanche de vendas que derrubou o mercado. Contribuiu para a correção dessas ações hoje o movimento do câmbio, com o dólar comercial caindo 0,30%, a R$ 3,2662 na venda, nesta sessão.

Do lado oposto, o movimento mais impressionante veio da JBS. Após tombo de mais de 30% ontem, quando teve seu pior pregão da história, a ação da companhia parecia caminhar para mais um dia de forte queda, mas sofreu forte reviravolta nesta tarde. Da mínima do dia até o fechamento, as ações subiram 25%. Na comparação com o fechamento do pregão de ontem, a alta nesta sessão foi de 9,5%, a maior do Ibovespa. 

Na esteira, destaque para as ações das siderúrgicas, que saltaram até 6%; e os papéis da Eletrobras, que dispararam mais de 5%, em meio ao anúncio do plano de aposentadoria.

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Confira abaixo os principais destaques de ações da bolsa:

JBS (JBSS3, R$ 6,55, +9,53%)
A JBS foi de pior ação do Ibovespa nesta manhã para a maior alta do índice no fechamento. Da mínima para o preço final desta terça-feira, as ações saltaram 25%.

Segundo informações da Reuters desta tarde, a empresa contratou o Bradesco BBI para vender alguns ativos. Membros da família Batista, que detém 42% da empresa, estariam de olho em formas para levantar recursos em meio à demanda de pagamento de R$ 11 bilhões para fechar acordo de leniência com o Ministério Público Federal. 

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Vale menção que, apesar da recuperação parcial das ações hoje, os papéis da companhia ainda acumulam queda de 31% do fechamento de quarta-feira (antes do estouro da bomba em Brasília) até esta sessão. Ontem, eles caíram mais de 30%, marcando o pior pregão da história da empresa. 

Veja mais: Colapso de um império: ações da JBS caem 44% em 5 dias e futuro é cada vez mais nebuloso

Ainda no noticiário da empresa: o colapso do papel e especulações sobre possível ação contra a empresa nos EUA têm comprometido os planos de um IPO da unidade JBS Foods em NY; também pesa sobre a companhia a incerteza sobre o bilionário acordo de leniência, cujas discussões foram retomadas na véspera. O acordo deveria ter sido fechado na semana passada, mas a empresa não concordou em pagar R$ 11 bilhões em dez anos, valor proposto pelo MPF para que o grupo não seja alvo das ações na Justiça. Durante as primeiras tratativas, a J&F ofereceu duas contrapropostas de R$ 1 bilhão e outra de R$ 1,4 bilhão, mas ambas foram rejeitadas pelos procuradores.

Já a companhia informou que as operações continuam em ritmo normal, dentro do plano de negócios” e que “tem uma situação financeira robusta e confia na qualidade de seus produtos e serviços”, segundo comunicado distribuído pela assessoria de imprensa na noite desta segunda-feira por e-mail. A JBS “segue em seu firme propósito de colaborar com a Justiça brasileira no combate à corrupção no país”. “Todos os atos ilícitos que a companhia e seus executivos cometeram no passado foram comunicados à PGR e estão documentados nos autos da delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal”. 

Vale destacar que a JBS sofre ação coletiva de investidores nos EUA. O processo protocolado por Rosen Law Firm em nome de investidores dos EUA que compraram ADR da JBS trata de comunicados falsos ou enganosos, segundo comunicado. De acordo com o processo, houve declarações falsas e/ou enganosas e/ou falha em revelar que executivos da JBS subornaram autoridades e políticos para subverter inspeções de alimentos de suas fábricas e ignorar práticas insalubres. JBS e outras entidades controladas por Joesley Batista e Wesley Batista, teriam feito transações suspeitas que exibem sinais de possível “insider trading” antes da revelação do acordo de delação premiada pelos principais executivos da JBS. A ação também cita irregularidades atribuídas a empréstimos do BNDES à JBS. O processo, que ainda não foi certificado, busca recuperar os danos sofridos pelos investidores dos EUA após “os detalhes verdadeiros chegaram ao mercado”.

Por fim, o Estadão informa que, mesmo se ficar comprovado que a JBS se beneficiou irregularmente de operações financeiras antes da divulgação do acordo de delação premiada assinado com os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo, os delatores podem ficar impunes e a colaboração com a Procuradoria-Geral da República (PGR) ser preservada, de acordo com a avaliação de especialistas. 

Apenas com a comprovação de participação direta dos delatores ou conhecimento por eles dos atos ilícitos é que eles seriam punidos e perderiam os benefícios que conseguiram ao celebrar a delação, como o perdão judicial que vai garantir que os empresários não sejam incriminados na Justiça.

Papel e celulose
As ações do setor de papel e celulose – Fibria (FIBR3, R$ 35,06, -0,40%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,85, -0,87%) – que conseguiram driblar a crise política e figuram no restrito grupo das ações que acumulam ganhos desde fatídico pregão da última quinta-feira – tentaram mais um pregão de alta nesta manhã, mas não conseguiram sustentar o bom humor e fecharam no negativo. Nos últimos 3 pregões, a alta acumulada dessas ações foi de 21% e 18%, respectivamente. Por sua vez, a Klabin (KLBN11, R$ 16,95, +2,98%), que teve uma alta mais tímida nos últimos 3 dias (+6%), conseguiu se manter no positivo. 

Em relatório desta segunda-feira, os analistas do BTG Pactual comentam que já vinham defendendo as ações do setor de papel e celulose como “bons hedges” para portfólio antes mesmo da virada no cenário na semana passada e que, agora, mais do que nunca, esses papéis voltam a ganhar destaque depois de alguns meses fora do radar do mercado. 

Eles acreditam que os ganhos recentes sejam sustentados por 3 fatores. São eles: 1) reposicionamento dos investidores para fins de proteção da carteira; 2) potencial revisão para cima de lucros em cima de real mais fraco em relação ao dólar; e 3) reprecificação de um call mais “bearish” de preço de celulose, o que eles vêm pouco espaço para se materializar.

Os analistas recomendam aos investidores que fiquem overweight (exposição acima da média) no setor, sendo Suzano e Fibria (nessa ordem) as suas “top picks”. 

Vale menção que o movimento de correção dessas ações hoje acompanha a queda do dólar frente ao real nesta sessão. O dólar comercial caía 0,24%, a R$ 3,2670 na compra e R$ 3,2685 na venda. 

Vale (VALE3, R$ 28,26, +1,22%; VALE5, R$ 26,58, +0,64%)
As ações da Vale ganharam força ao longo do pregão e conseguiram se descolaram dos preços do minério de ferro. Durante o pregão, contudo, os papéis da mineradora oscilaram no campo negativo: na mínima do dia, as ações ONs caíram 2,72%, enquanto as PNs recuaram 2,23%. 

Com esse movimento, a Vale se distanciou dos preços do minério de ferro: a commodity à vista negociada no porto de Qingdao, na China, caiu 1,88% hoje, a US$ 62,00 a tonelada; enquanto os contratos futuros cotados na bolsa de Dailian recuaram 3,23%, a 479 iunes. 

As ações da Bradespar (BRAP4, R$ 18,74, -0,37%) – holding que detém participação da Vale – e as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,84, +4,68%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,53, +6,34%), CSN (CSNA3, R$ 6,99, +1,01%) e Usiminas (USIM5, R$ 4,01, +3,08%) também registraram ganhos nesta sessão. 

Lojas Americanas (LAME4, R$ 14,44, +3,07%)
Após caírem 18% nos últimos 3 pregões, as ações da Lojas Americanas respiraram nesta sessão. No radar da empresa, duas notícias: 1) o Santander – que rebaixou a recomendação das ações brasileiras para neutra – incluiu o papel da varejista entre as suas 10 ações preferidas na América Latina; 2) o mesmo Santander elevou a recomendação dos papéis da companhia de neutra para compra, com preço-alvo de R$ 19,00. 

Petrobras (PETR3, R$ 14,42, +0,77%;PETR4, R$ 13,49, +0,67%)

As ações da Petrobras subiram em dia de respiro do mercado brasileiro. O movimento acompanhou também o dia positivo dos preços do petróleo no mercado internacional. Os contratos do WTI subiam 0,82%, a US$ 51,55 o barril, enquanto os do Brent avançavam 0,65%, a US$ 54,22 o barril. 

Destaque para duas notícias sobre a Petrobras. A companhia informou nesta terça-feira que efetuou uma operação de pré-pagamento de dívida com o Citibank, no valor de 500 milhões de dólares e vencimentos previstos para 2017 e 2018, e que simultaneamente realizou a contratação de novo financiamento com a instituição, no mesmo valor, com prazo de vencimento em 2022 e sem garantias reais. “A Petrobras continuará avaliando novas oportunidades de financiamento de acordo com a sua estratégia de gerenciamento de passivos, que visa a melhora do perfil de amortização e a redução do custo da dívida, levando em consideração as metas de desalavancagem previstas em seu Plano de Negócios e Gestão 2017-2021”, disse a empresa em comunicado.

Além disso, a empresa anunciou na véspera que iniciou a etapa de divulgação da venda do Campo de Juruá, na Bacia de Solimões, no Estado do Amazonas, segundo fato relevante da companhia.

A petroleira oferecerá 100 por cento de participação no campo de Juruá e disse que a transação é “oportunidade para desenvolver e monetizar uma descoberta de gás natural”.

Eletrobras (ELET3, R$ 13,06, +5,32%;ELET6, R$ 16,35, +3,81%)
Após caírem 22% nos últimos 3 pregões, as ações ONs da Eletrobras – que são negociadas no Ibovespa – tiveram um grande salto nesta sessão, em meio ao anúncio do plano de aposentadoria voluntária para até 4.607 empregados, incluindo holding e subsidiárias. O plano faz parte das iniciativas previstas no Plano Diretor de Negócios e Gestão da empresa para o período 2017-21. A iniciativa, chamada de Plano de Aposentadoria Extraordinária da Eletrobras (PAE), está sendo implantada simultaneamente na holding e nas empresas Eletrobras CGTEE, Cepel, Chesf, Eletronuclear, Eletronorte, Eletropar, Eletrosul e Furnas, segundo explicou a elétrica.

Em comunicado, a empresa disse que as adesões voluntárias ao PAE foram divididas em dois períodos, sendo o primeiro até o dia 30 de junho, enquanto o segundo ocorrerá entre 10 e 31 de julho. Os desligamentos ocorrerão entre junho e dezembro de 2017.

Nesta tarde, o presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr, disse que a companhia continuará trabalhando seus planos de privatizar subsidiárias e vender ativos para reduzir dívidas apesar do agravamento da crise política no Brasil, que pode impactar em alguma medida as metas da estatal.

“Se o ambiente político acaba arrastando o ambiente econômico… a gente acaba tendo mais dificuldade de fazer isso pelo menos nos preços que se poderia atingir. Num processo de venda (de ativos) em energia, por óbvio esses ativos ficam mais valorosos se a economia cresce mais”, disse Ferreira a jornalistas, após participar de evento da Universidade Mackenzie, em São Paulo.

O executivo disse ainda que é importante que o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, permaneça no cargo, apesar de seu partido, o PSB, tenha pedido que ele deixe o governo. “O ministro é muito importante hoje nessa agenda… torço para que ele continue, assim como o presidente Temer”, afirmou.

Prumo (PRML3, R$ 8,35, 0,0%)

O Porto do Açu Operações, subsidiária da Prumo, assinou contrato definitivo com a TRX Empreendimentos Imobiliários para o desenvolvimento e implantação de um Condomínio Logístico no Complexo Industrial do Porto, segundo comunicado da Prumo à CVM. A TRX será responsável pelo desenvolvimento, com investimento inicial garantido de cerca de R$ 30 milhões. 

BR Malls (BRML3, R$ 11,35, +1,34%)

 O conselho de administração da BR Malls aprovou em reunião na segunda-feira o preço de 11 reais por ação na oferta pública primária com esforços restritos, na qual foram subscritas 157.280.772 ações ordinárias, movimentando 1,73 bilhão de reais.

A Reuters noticiou na véspera, citando fonte a par do assunto, que a oferta da administradora de shopping centers havia sido precificada a 11 reais por ação.

A operação previa a oferta de 136.765.889 ações, que poderiam ser acrescidas de lote suplementar de até 15 por cento, ou seja, 20.514.883 ações.