Vittia (VITT3) lucra R$ 5,3 milhões no 2º trimestre e reverte prejuízo de um ano antes

Resultado positivo em plena entressafra é atribuído ao crescimento de receitas; insumos biológicos seguem no foco da companhia

Mitchel Diniz

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O Grupo Vittia (VITT3), empresa de fertilizantes e defensivos especiais e biológicos, reportou lucro de R$ 5,3 milhões no segundo trimestre de 2022. Reverteu, assim, o prejuízo de R$ 3,8 milhões registrado um ano antes, quando a companhia ainda não estava listada na Bolsa. A Vittia está na B3 desde o último mês de setembro.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado cresceu quase seis vezes no mesmo intervalo de tempo (+439%), para R$ 15,7 milhões. A receita líquida consolidada atingiu R$ 156,8 milhões, crescimento de 50,2%.

“A gente geralmente até espera prejuízo no segundo trimestre, por ser um período de entressafra. Tem muito pouca venda para as principais culturas”, afirma Alexandre Del Nero Frizzo, diretor financeiro de relações com investidores da Vittia. Ele explica que a empresa fatura quando entrega efetivamente o produto, o que acontece pouco antes ou durante o plantio.

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A indústria de insumos costuma ter dois terços do seu faturamento obtido na segunda metade do ano. “Nosso desafio é diversificar o máximo as culturas e os momentos de venda para que a gente possa diminuir a sazonalidade e otimizar o nosso negócio”, diz Frizzo.

As receitas cresceram com uma elevação nos preços dos insumos, que foram impulsionados pela perspectiva de escassez de matéria-prima. A linha de produtos biológicos foi destaque de crescimento, avançando 141,6% para R$ 13,6 milhões. A margem bruta desse segmento cresceu 121,4%.

Os biológicos também concentraram dois terços dos R$ 5,6 milhões que a Vittia investiu em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no segundo trimestre, cifra que foi 37,2% maior que a de um ano atrás. “Ainda há um longo caminho para o desenvolvimento das tecnologias biológicas. Nós temos que gradativamente aumentar a nossa equipe e acelerar investimentos”, afirma Frizzo.

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O CFO da empresa explica que os biológicos estão cada vez mais disseminados na agricultura brasileira. Entraram em evidência depois que a guerra na Ucrânia ameaçou o abastecimento global de insumos, já que a Rússia é o maior exportador do complexo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Os biológicos são organismos vivos, como fungos e bactérias, usados como adubo e pesticida na lavoura. Além de estarem apresentando um bom desempenho no campo, em termos de produtividade e custo, segundo Frizzo, também deixam o plantio mais alinhado com culturas sustentáveis.

Ainda que tenha respondido por menos de 10% da receita líquida da Vittia no segundo trimestre, os produtos biológicos seguem no foco da empresa. “O que a gente espera que aconteça é que o biológico cresça mais que as outras linhas e acabe tomando espaço. É uma estratégia que está se concretizando este ano”, diz Frizzo. Nos seis primeiros meses do ano, o segmento cresceu 63,9% (receita de R$ 46,1 milhões).

A maior parte dos R$ 20,2 milhões investidos em bens de capital também foi dedicada a essa linha. Custeou a ampliação na fábrica de biopesticidas e aumentou a capacidade de produção de inoculantes – bactérias que fixam o nitrogênio do ar na raiz da planta.

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Agricultura continua sendo desafiada

Além do aumento do custo do insumo e o risco de disponibilidade de fertilizantes, por conta da guerra no leste europeu, o setor agrícola também enfrentou intempéries climáticas em grandes regiões produtoras como o sul do país.

“O preço do insumo [fertilizante] recuou, mas continua elevado, em patamar alto. Isso traz uma elevação de custo para o produtor, mas que está sendo compensada em parte pelo preço alto da produção, ainda que com muita volatilidade para ambos”, avalia Frizzo.

O CFO diz que o cenário atual, para os grãos, é de uma oferta restrita. “É um ano menos favorável para a indústria como um todo, em relação ao ano passado, mas que promete ser um ano bom”.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados