Resultado da Yduqs (YDUQ3) não surpreende, mas traz boas sinalizações de recuperação, apontam analistas

Cada vez mais, digitalização e segmento premium estão ganhando espaço no balanço da companhia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Pertencente a um dos setores mais afetados pela pandemia, mas com perspectivas de recuperação conforme a vacinação e a reabertura avançam, a companhia de educação Yduqs (YDUQ3) é apontada como uma das preferências dos analistas de ações de educação tanto por conta de sua estratégia de digitalização quanto por estar se voltando mais ao segmento premium.

O resultado não foi visto como um grande catalisador para as ações, o que se reflete no desempenho dos ativos nesta terça-feira (9). Os papéis chegaram a subir 3% durante a manhã, mas passaram a operar entre leves ganhos e perdas posteriormente, fechando com leve queda de 0,26%, a R$ 22,78. Contudo, os números trouxeram sinais importantes para o segmento.

A companhia teve lucro líquido ajustado de R$ 146 milhões no terceiro trimestre de 2021, queda de 24,9% sobre o mesmo período do ano passado.

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A XP destacou que, apesar da queda do lucro, ele ficou 78% acima da sua estimativa. Os principais destaques foram (i) uma redução de R$ 59 milhões em termos anuais em descontos obrigatórios, para apenas R$ 8,8 milhões no terceiro trimestre de 2021, (ii) a consolidação da QConcursos, contribuindo com aproximadamente R$ 47,4 milhões em receitas, e (iii) um aumento de R$ 16 milhões na base anual nas despesas financeiras líquidas devido ao aumento da taxa Selic e aumento de 23% na dívida líquida.

O grupo, que tem entre as marcas o Ibmec, teve alta de cerca de 9% no resultado operacional, atingindo um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 361,3 milhões entre julho e o fim de setembro.

A linha de mensalidades subiu 12,5%, para R$ 2,16 bilhões, mas as despesas comerciais tiveram incremento de 19,2%, para R$ 191,6 milhões. Já as despesas gerais e administrativas avançaram 27% no período, para R$ 247 milhões.

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A base total de alunos da Yduqs cresceu 65,1%, para 1,26 milhão de alunos no terceiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado. O ensino digital mais que dobrou, saindo de 435,6 mil para 970,9 mil alunos.

Os segmentos premium (faculdades de medicina e IBMEC) e digital apresentaram um grande aumento de relevância, representando 20% e 32% das receitas do trimestre, respectivamente (versus 16% e 26% no terceiro trimestre de 2020). Já a receita do ensino presencial passou de 57% da receita total no terceiro trimestre de 2020 para 48% da receita total no mesmo período de 2021.

As escolas de medicina e ensino digital estão impulsionando o crescimento. Detalhando por segmento de graduação, a XP ressalta que: (i) a base de alunos de medicina cresceu 27,3% na base anual com a aprovação de 150 novas vagas, enquanto o preço médio aumentou 12,4% na comparação anual; (ii) a base de alunos do IBMEC aumentou 1% na base anual, enquanto o preço médio aumentou 2,4% ano a ano; (iii) a base de alunos de ensino digital aumentou 38%, impulsionada pela maturação dos polos (81% dos polos ainda estão em maturação), enquanto o preço médio diminuiu 1,3%; e (iv) a base de alunos presenciais diminuiu 12,5% na comparação anual, enquanto o preço médio aumentou 8,8%.

O Credit Suisse apontou que os resultados trimestrais mostraram sinais de recuperação positivos, mas ainda transitórios. O banco ressalta que houve uma captação de alunos melhor do que em 2020, mas ainda não acima dos níveis pré-pandêmicos.

Para os analistas do banco suíço, as receitas ajustadas de ensino à distância e de cursos premium continuam a crescer e já representam 50% da receita, proporcionando relativa estabilidade ao negócio.

“A Yduqs tem mantido um nível adequado de custos e despesas, o que cria uma alavancagem operacional à medida que a base de alunos cresce. Além do mais, a estabilidade do Ebitda, aliada a uma baixa alavancagem (1,4 vez a relação entre dívida líquida e o Ebitda ajustado), dá à empresa flexibilidade para buscar oportunidades inorgânicas. No entanto, as aquisições e outras depreciações de capex provavelmente se traduzirão em um novo nível de lucros (mesmo com a provável melhora do Ebitda)” apontam os analistas. O Credit tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para o papel, com preço-alvo de R$ 35, ou potencial de alta de 53% em relação ao fechamento.

A XP ressalta que a visão sobre os resultados é mista, mas reitera a recomendação de compra para a ação, visto que vê a empresa sendo negociada a um múltiplo de preço sobre o lucro (P/L) de 10,1 vezes para 2022, que considera baixo em comparação à média histórica da companhia (de 12,8 vezes nos últimos 36 meses).

O Morgan Stanley também reiterou recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) com preço-alvo de R$ 35, destacando a captação de alunos e também com a empresa conseguindo entregar as suas projeções, mesmo ainda navegando em um ambiente desafiador.

“Há tendências positivas à frente: (i) digital e premium continuarão impulsionando o crescimento, (ii) há também melhora da perspectiva do ensino presencial e (iii) há um cenário favorável para fusões e aquisições”, apontam os analistas.

Os analistas do banco americano avaliam que a alavancagem relativamente baixa posiciona a Yduqs para considerar formas alternativas de gerar valor. As opções incluem: amortização de dívidas, dividendos, recompra de ações e fusões e aquisições. “Destacamos que a Yduqs está fortalecendo seu ecossistema, investindo em tecnologia e transformação digital para melhorar a qualidade e a experiência”, aponta o Morgan.

O Itaú BBA apontou que os resultados reportados estiveram amplamente em linha com as suas expectativas, impulsionados pela integração das recentes aquisições e da continuação do bom momento no ensino à distância e cursos premium.

“Dito isso, a expectativa é de que uma reversão da dinâmica para o segmento presencial – o que poderia acelerar significativamente o ritmo de crescimento e alteração da dinâmica atual – demore um pouco mais para se materializar”, apontam os analistas, que mantêm recomendação marketperform (desempenho em linha com o mercado) e preço-alvo de 2022 para R$ 45 por ação até “retrabalharem o modelo”.

Ao olhar para as suas preferências do setor, o Morgan ressalta preferir empresas alavancadas pelo potencial de recuperação no ensino presencial e balanços sólidos, mas com exposição ao ensino à distância. A preços atuais, os analistas destacam gostar de Yduqs, além de Cruzeiro do Sul (CSED3) na B3, assim como Vitru e Laureate, estas duas últimas negociadas na Nasdaq.

Até o final da semana, ainda serão divulgados os balanços da Cogna (COGN3) e Ser Educacional (SEER3), que serão acompanhados de perto pelos investidores para entenderem quais são as tendências do setor – e qual a empresa está na frente em termos de recuperação.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.