Repsol e JPMorgan desatam maior liquidação de títulos do ano na Argentina

Depois que a Repsol vendeu os últimos US$ 190 milhões de títulos à JPMorgan Chase Co. em 23 de maio, a oferta extra levou à maior queda nos mercados emergentes na semana passada

Bloomberg

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Quando o diretor financeiro da Repsol SA, Miguel Martínez, recebeu US$ 5 bilhões em títulos da Argentina como compensação pela sua participação confiscada na produtora de petróleo YPF SA, ele disse que poderia demorar até dois anos para vender os papéis.

Em vez disso, ele os vendeu em duas semanas.

Depois que a Repsol vendeu os últimos US$ 190 milhões de títulos à JPMorgan Chase Co. em 23 de maio, a oferta extra levou à maior queda nos mercados emergentes na semana passada, quando as notas em dólares do país caíram 3 por cento. A dívida com vencimento em 2024, emitida pelo país para pagar à Repsol, perdeu US$ 0,01, caindo para US$ 0,8814 e levando os rendimentos até 10,8 por cento.

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O dilúvio está deprimindo os preços e aumentando os custos de tomar empréstimos quando a demanda em um dos mercados de títulos de melhor desempenho neste ano está diminuindo. Investidores estão saindo da Argentina antes de o Supremo Tribunal dos EUA decidir se revisará a disputa legal do país com credores insatisfeitos com seu default em 2001, decisão que poderia ser tomada no mês que vem, segundo Alejo Costa, estrategista na corretora Puente Hnos Sociedad de Bolsa SA, com sede em Buenos Aires.

“Embora houvesse demanda por títulos argentinos nos dois meses anteriores, uma quantidade tão grande em tão pouco tempo pegou o mercado desprevenido”, disse Costa em entrevista por telefone de Buenos Aires. “Os investidores não estavam dispostos a tomarem tanta dívida nova tão perto de uma decisão do Supremo Tribunal americano, que poderia causar um default”.

Oportunidade
Com a venda, a Repsol cortou seus laços com o governo, que nacionalizou sua participação de 51 por cento na YPF em abril de 2012. A Repsol vendeu todos os títulos à JPMorgan e se desfez da sua participação de 12 por cento na YPF por US$ 1,3 bilhão.

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Ainda que o presidente da Repsol, Antonio Brufau, tenha dito em fevereiro que vender os títulos poderia levar até dois anos, em 8 de maio Martínez disse que a companhia poderia vendê-los antes se houvesse “uma oportunidade”.

“O mercado nos deu uma oferta suficientemente boa para escolhermos tomar a primeira oportunidade disponível”, disse o porta-voz da Repsol Kristian Rix em entrevista por telefone de Madri.

O Tribunal Superior dos EUA poderia decidir no mês que vem se tomará a disputa entre a Argentina e os detentores de títulos ou pedirá a opinião do Advogado-geral.

Supremo Tribunal
Se os juízes não tomarem o caso, a decisão do tribunal inferior de que a Argentina deve pagar US$ 1,4 bilhão a detentores de títulos quando pagar a dívida assumida continuaria vigente.

A Argentina disse que não obedecerá voluntariamente à decisão do tribunal inferior, e a presidente Cristina Fernández de Kirchner revelou planos para fazer um swap com os detentores de dívida regida por leis estrangeiras para valores determinados pela legislação local.

Não haverá suficiente demanda pelos valores argentinos se a JPMorgan, com sede em Nova York, continuar vendendo os títulos que comprou à Repsol, segundo Siobhan Morden, diretora de estratégia de renda fixa para a América Latina do Jefferies Group LLC.

A JPMorgan vendeu parte dos valores com vencimento em 2024 por cerca de US$ 0,8675 por dólar há duas semanas, segundo duas fontes do setor. Os títulos caíram US$0,01 para US$0,8820 as 11h34 em Buenos Aires, segundo datos compilados pela Bloomberg.

A nova emissão é “difícil de absorver para um crédito tenso com jurisdição da lei local”, escreveu Morden em um relatório em 23 de maio. “Será cada vez mais difícil absorver os títulos se eles não podem ser apoiados pelo intermediário”.