O corte de juros esfriou? O novo cenário para Selic resumido em 6 análises

Veja o que diversos economistas e analistas falaram sobre a possibilidade de corte de juros e o discurso do novo presidente do BC hoje

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O mercado estava praticamente certo de que não haveria como o Banco Central deixar de reduzir as taxas de juros este ano. Muitos especulavam sobre uma postura mais “dovish” (moderada) do novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, que quando ainda era economista-chefe do Itaú Unibanco previa diversos cortes na Selic. Contudo, o discurso de Goldfajn e o Relatório Trimestral de Inflação desta terça-feira (28), colocaram um novo cenário na mesa. Com foco total na luta para levar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ao centro da meta, em 4,5%, a autoridade monetária mostra que não vê hipótese de flexibilização monetária atualmente. 

Mas para os tantos “call” de queda de juros feitos nas últimas semanas, de que modo esses eventos mudaram o quadro visto por analistas. O InfoMoney compilou 6 opiniões que demonstram o que o mercado está vendo para o futuro da Selic agora. 

Alexandre Schwartsman
Para o ex-diretor do BC, Alexandre Schwartsman, sócio da Schwartsman & Associados, o discurso de Goldfajn foi duro e vai desapontar muita gente que contava com a história de que o BC não iria perseguir o 4,5% no ano que vem. “O discurso está indicando que não vai cortar juros já e que não será tão rápido e na magnitude esperada pelo mercado”, afirma ele. Na sua avaliação, o consenso do mercado de que o primeiro corte da Selic ocorrerá em agosto está fora de questão e a taxa básica de juros da economia brasileira não deve cair na magnitude esperada para atingir os 11% em meados do ano que vem. “Pela leitura do Ilan, o corte não vem nem em outubro. Ele reiterou 4,5% para fim de 2017”, avalia. Schwartsman ainda disse acreditar que o “Brexit” não teve impacto nenhum nessa perspectiva mais “hawkish” do BC para a economia. 

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Goldman Sachs
A equipe de análise do banco Goldman Sachs disse que o relatório de inflação foi mais “hawkish” (agressivo) do que o esperado porque o caminho projetado para a inflação não está particularmente fácil, estando ainda acima do teto da meta nas expectativas dos economistas para o fim de 2017. “Para frente, o BC não reconhece ou traz qualquer conforto, nesse estágio, do fato de que a inflação projetada fica abaixo da meta no segundo trimestre de 2018”, explica o analista Alberto Ramos. 

Itaú Unibanco 
De acordo com o economista Caio Megale, o relatório de inflação do BC mantém a visão do Itaú de que o “cenário econômico evoluirá no sentido de permitir cortes de juros no 2º semestre”, mas o Copom (Comitê de Política Monetária) pode precisar de mais tempo para iniciar cortes de juros. “A sinalização do relatório de hoje sugere que o Copom pode necessitar de mais tempo do que nosso cenário central, em agosto, para ter convicção de iniciar o processo”, diz ele. Megale ainda afirmou que projeções publicadas no relatório de inflação indicam uma queda gradual do IPCA no cenário de referência. 

Nomura
O analista da Nomura João Pedro Ribeiro, lembra que o relatório foi muito importante por ter sido o primeiro do Banco Central sob a gestão de Goldfajn. O documento, de acordo com ele, mostrou que o BC manterá o seu objetivo de levar a inflação ao centro da meta até o fim de 2017 e que apesar da melhora em algumas projeções de inflação para 2017 e 2018, ainda é insuficiente para haver uma convergência do IPCA para 4,5% até o fim do ano que vem, principalmente se assumirmos um ciclo de relaxamento monetário.  

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Tokyo Mitsubishi
O economista sênior do Banco de Tokyo Mitsubishi UFJ Brasil, Carlos Pedroso, disse que o Banco Central reforça o conservadorismo no relatório de inflação de hoje. Agora, o BC trouxe a data clara para a convergência da inflação à meta de 4,5% em 2017, diz. Pedrosa manteve após o relatório a sua previsão de Selic estável até o final do ano, com início de corte de juros previsto para janeiro, caso o CMN (Conselho Monetário Nacional) não altere a meta de inflação. “A maior preocupação é a questão fiscal. Não acredito que as medidas serão aprovadas pelo Congresso tão rapidamente quanto o mercado espera”, afirma. Ele ainda explica que dado o cenário fiscal e internacional com projeções ainda acima, ele não alteraria as metas.

XP Investimentos
Para Bruno Marques, gestor macro do fundo multimercado XP Macro, o CMN pode ver espaço para fixar a meta para inflação de 2018 em um nível de 4% ou 4,25%, com 2 pontos percentuais para cima e para baixo de banda. “Não será com banda de 1,5 ponto percentual, pois seria muito. Mas é factível o alcance de 4% ou 4,25% em 2018”, diz o gestor. De acordo com ele, o relatório trimestral foi “hawkish” e confirmou que Ilan não é como o antigo presidente do BC, Alexandre Tombini, diz Marques. “Deixou claro que ele vai entregar ou pelo menos tentar entregar a meta em 2017”, afirma.