Dominância fiscal à vista? DIs despencam com mercado de olho na recessão

Curva de juros cai forte principalmente nos contratos mais longos em meio a expectativas de que a Selic talvez não suba em janeiro

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Os contratos de DI (Depósitos Interbancários) da parte mais longa da curva de juros estão caindo forte nesta terça-feira (5). Isso significa que o mercado, que precificava um novo ciclo de aumento da taxa básica de juros nos próximos meses, já começa a mudar de ideia. 

Nos últimos tempos, o DI tem se movido de maneira constante para cima, mostrando que o mercado uma elevação da Selic na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) dos dias 19 e 20 deste mês. A relação é simples, a curva de juros é uma precificação das expectativas do mercado para onde irá o famoso CDI no futuro, de modo que quanto mais se espera que a taxa de juros suba, maior a taxa de juros mostrada nos contratos. 

Dentro deste cenário, a queda de hoje mostra uma reprecificação, baseada em perspectivas de que talvez o Banco Central não eleve os juros tão cedo, nem com a intensidade que se imaginava antes. Segundo um gestor de uma grande asset, que não quis se identificar, o movimento ocorre porque os números da atividade econômica como um todo estão ruins. “Durante essa semana, eu vi alguns economistas já mudando de ideia e pensando que os juros talvez não devessem ser elevados apesar da necessidade de quebrar as expectativas de aumento de preços. Agora, as expectativas estão saindo de 70% para 50% de aumento de juros em janeiro”, disse.

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Ou seja, há um pensamento se alastrando pelo mercado de que a demanda agregada da economia já está excessivamente pressionada, o que se reflete na queda forte do PIB (Produto Interno Bruto), que segundo o último relatório Focus, deve cair 3,7% em 2015 e mais 2,9% em 2016, o que, se confirmado, fará a pior recessão do Brasil desde 1901. 

Outra explicação aventada era de que os juros estão respondendo à notícia de que o PT quer que o governo faça uma “Carta aos Brasileiros” às avessas, derrubando a Selic para estimular a economia assim como foi feito em 2012. Contudo, para o gestor, se o mercado estivesse realmente comprando esta tese de ingerência da cúpula do partido em uma decisão autônoma do BC, haveria motivo para que a curva fosse para cima, já que significaria um aumento do risco para o País no longo prazo.

Ou seja, há uma maior probabilidade do movimento ocorrer pela ideia de que estamos entrando no reino da dominância fiscal, que é quando mexer nos juros passa a ter um efeito cada vez mais limitado na inflação, sendo necessárias elevações cada vez maiores para se produzir uma desaceleração no aumento dos preços. Isso ocorre, geralmente, quando a atividade econômica já está de sobremaneira pressionada, com nenhum crescimento ou até retração da economia. Este é, atualmente, o caso brasileiro. 

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Além disso, aumentar os juros, para muitos economistas, significa colocar gasolina no fogo, uma vez que aumenta o custo da dívida, o que também aumenta o risco. 

No entanto, é bom fazer a ressalva de que a questão de se já estamos ou não na dominância fiscal é algo polêmico, que continua alvo de intensos debates entre os economistas. O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, por exemplo, acredita que ainda não entramos neste terreno. 

Às 11h52 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2017 caía 10 pontos-base a 15,66%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recua 21 pontos-base a 16,37%. 

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