“Rei dos bonds” diz que Trump só terá um mandato – e que será prejudicial para os que votaram nele

Bill Gross, da Janus Capital, não prevê uma alta expressiva dos mercados com Trump e aponta para o populismo do republicano

Lara Rizério

Conhecido como “rei dos bonds", Bill Gross foi um dos fundadores da Pimco e trabalha atualmente na Janus Henderson.

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SÃO PAULO – Em sua perspectiva de investimento mensal para a Janus Capital Group, o conhecido “guru dos bonds” Bill Gross, traçou um panorama sobre o que espera para os próximos anos de Donald Trump na presidência. 

Para Gross, o presidente eleito não vai durar mais de quatro anos na Casa Branca, em um período em que as corporações e Wall Street vão manter o controle sobre os trabalhadores que ajudaram a eleger Trump em meio a uma onda populista.

Na carta mensal chamada “Populism Takes a Wrong Turn”, Gross também disse que não há perspectivas de um novo bull market (tendência altista) para os mercados globais num futuro próximo com Trump e que os investidores globais devem se satisfazer com retornos anuais entre 3% e 5%. 

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“A Trumpian Fox entrou no Populist Henhouse, não tanto pela tecnologia, mas como resultado da interpretação equivocada de certas regiões dos EUA sobre o que tornará a América grande de novo”, escreveu Gross.

“O mandato de Trump será de quatro anos, mas é provável que seja prejudicial para os eleitores norte-americanos desempregados e de baixa remuneração”, acrescentou Gross. “Escrevo com espanto, com perplexidade sobre o que os eleitores americanos fizeram para com eles próprios.”

Gross tornou-se o mais famoso gestor de fundos de obrigações do mundo quando trabalhava na Allianz Pacific Investment Management, dirigindo o Pimco Total Return, onde trabalhou até 2014. Ele agora gere US$ 1,7 bilhão na Janus. 

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Gross diz ainda que a rival democrata Hillary Clinton provavelmente não teria feito muito melhor em melhorar os salários para a classe trabalhadora. “Clinton e quase todos os republicanos representam o status quo corporativo que favorece os mercados versus os salários; Wall Street versus Main Street. É por isso que o eleitorado americano e, de fato, os cidadãos globais continuamente tomando uma direção errada em seus esforços para neutralizar o estabelecimento e recuperar o impulso perdido em várias décadas de salários reais versus lucros reais”, afirma.

Gross ainda duvida de que o plano de Trump de repatriar grandes lucros corporativos para os Estados Unidos de forma a gastar com infra-estrutura seja bem-sucedido, dizendo que um esforço similar em 2004 resultou em grandes recompras de ações, dividendos e bônus corporativos.

“O populismo está em marcha”, aponta Gross, e pode durar décadas, a menos que a participação dos trabalhadores no PIB reverta sua tendência descendente. As políticas de imigração, impostos e comércio do Trump podem não promover esse resultado, disse ele. “O populismo global é a onda do futuro, mas tomou um rumo errado na América”, escreveu ele.

“Os investidores devem agir com cautela, entendendo que os maiores déficits resultantes de impostos mais baixos aumentam as taxas de juros e a inflação, que por sua vez têm o potencial de produzir lucros mais baixos”, acrescentou Gross. Confira a carta completa clicando aqui. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.