Reforma da Previdência e Ibovespa a nível recorde: ainda vale comprar Bolsa?

Para analistas ouvidos pelo InfoMoney, o Ibovespa deve seguir avançando e quem estava de fora ainda pode aproveitar para surfar o rali

Rodrigo Tolotti Ricardo Bomfim

Investidor ganha com operações na Bolsa (Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após algumas semanas de turbulência, a Bolsa brasileira engatou um movimento de alta e no início desta semana superou seu maior patamar na história – marca que já foi quebrada mais três vezes -, chegando ao patamar dos 107 mil pontos. Mas se existe aquela máxima no mercado “compre na baixa”, será que este é mesmo um bom momento para comprar bolsa?

Para analistas ouvidos pelo InfoMoney, o Ibovespa deve seguir avançando e quem estava de fora ainda pode aproveitar para surfar o rali do mercado brasileiro. Mesmo assim, ainda existe um clima de cautela, ou seja, a alta da bolsa não deve acontecer de forma exageradamente rápida.

Segundo Gabriel Francisco, analista da XP Research, a aprovação da reforma da Previdência deve levar a uma revisão das expectativas dadas as projeções de melhoras da economia que a proposta deve trazer. “Isso por si só já justifica uma aceleração da Bolsa”, afirma.

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Com a reforma, ele explica, muda o panorama fiscal do país, o que deve se refletir na taxa básica de juros, com novas quedas. “Selic menor e com o fiscal controlado: isso impulsiona a Bolsa”, diz o analista, que lembra ainda que este cenário também abre mais espaço para a migração dos investidores da renda fixa para a variável, algo que já tem ocorrido no mercado brasileiro.

A XP Investimentos tem projeção para o Ibovespa este ano em 115 mil pontos, enquanto para 2020 a expectativa é que ao indicador chegue aos 140 mil pontos, mostrando que a alta deve ocorrer no médio e longo prazo.

Em relatório, os analistas Matheus Soares e Thiago Salomão, da Rico Investimentos, dizem que veem mais motivos para a bolsa brasileira subir do que cair no médio e longo prazo, mesmo no atual nível de 107 mil pontos.

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Eles destacam o retorno do investidor estrangeiro ao mercado como fator que deve ajudar as ações. “Isso é importante porque até agora os gringos ainda não haviam se animado com o Brasil. Como eles representam mais da metade do volume negociado na Bolsa, é muito importante que estejam comprando Brasil para que o rali continue”, afirmam.

Já Mathieu Racheter, estrategista de ações do banco suíço Julius Baer, afirma em relatório que vale a pena ficar overweight em ações brasileiras dado o crescimento “superior” dos lucros das empresas e as taxas de juros baixas, isso mesmo que o Ibovespa esteja na máxima histórica.

“Os principais indicadores apontam para uma retomada da atividade econômica no quarto trimestre, o que deve dar suporte ao mercado de ações, uma vez que a falta de crescimento econômico no Brasil estava entre as principais preocupações dos investidores”, diz ele apontando ainda para outros fatores positivos além da Previdência, como a reforma tributária e a agenda de privatizações. “Isso tornará o Brasil menos dependente de ciclos políticos à medida que o setor público encolhe”, completa.

A gestora Quantitas também está otimista com o momento da Bolsa. Em entrevista para a Bloomberg, o gestor de renda variável Wagner Salaverry diz que o movimento de aumento de exposição em ações vai continuar acontecendo e permitirá novos recordes, mas que a trajetória não será linear.

“O que vai fazer o mercado continuar andando, além da melhora da economia, é o resultado das companhias. Para o terceiro trimestre, a expectativa é de que a maior parte das empresas reporte
crescimento de receita, Ebitda e lucro”, afirma. Segundo ele, os investidores “não terão como fugir” de uma maior exposição ao risco por conta dos juros baixos.

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Segundo Salaverry, com a desaceleração do ritmo de crescimento no mundo, o estrangeiro deve reduzir sua exposição em emergentes e isso impactará o Brasil, mas, por outro lado, a direção neste momento é “de melhora, talvez não tão grande e ainda lenta”.

Otimismo também nos gráficos

Não são apenas os fundamentalistas que veem mais altas do Ibovespa no futuro. O analista técnico Gustavo Almeida, da Rico Investimentos, prevê que o índice subirá até 113.394 pontos até o fim do ano.

“Nós temos uma tendência a continuar em busca dos 108.400 pontos e, num segundo momento, podemos ver um movimento rumo aos 113 mil pontos”, destacou em seu vídeo de giro do dia, publicado diariamente no Telegram do InfoMoney (veja como acessar).

Almeida não espera que 2019 ainda reserve surpresas negativas como o recrudescimento da guerra comercial entre EUA e China, que levou a Bolsa a corrigir para 96 mil pontos em agosto.

Desse modo, o caminho estaria livre para o Ibovespa fazer o movimento gráfico até os 113 mil pontos, que aparecem como uma uma provável resistência relevante pela projeção de Fibonacci.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.