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SÃO PAULO – O ano começou com uma boa dose de bom humor nos mercados globais: os Estados Unidos seguiam o chamado “rali Trump”, enquanto no Brasil os investidores se animavam com a melhora da economia e as reformas do governo. Mas tudo mudou em maio, quando o País afundou em mais um escândalo político, enquanto o exterior seguiu na mesma toada otimista.
No Brasil, a combinação de uma inflação em queda e uma economia ainda cambaleante levou o Banco Central a acelerar o corte de juros. Por outro lado, o Ibovespa quase apagou os ganhos dos primeiros meses e dólar se distanciou dos R$ 3,05 registrados na mínima do ano após a divulgação dos áudios envolvendo o presidente Michel Temer e o dono da JBS, Joesley Batista, que acabou instaurando uma nova crise política.
Na Europa, o ano tem sido de ganhos nos principais mercados em um cenário agitado diante das eleições presidenciais na França e na Alemanha. Enquanto isso, nos EUA, apesar dos problemas enfrentados pelo presidente Donald Trump, o mercado segue otimista com as propostas e com o rumo da maior economia do mundo, sustentando patamares recordes para os principais índices.
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Entre as commodities, o ano tem sido bastante complicado tanto para o petróleo quando para o minério de ferro. No primeiro caso, discussões com a Opep e os EUA elevando sua produção, mesmo com a tentativa de um acordo global para reduzir a mesma, acabaram pesando nos preços, que se distanciaram dos US$ 58 do fim do ano passado. Já o minério sofreu com um excesso de oferta e problemas envolvendo “carteis”, mas conseguiu esboçar uma reação neste fim de semestre com sinais de melhora da economia chinesa.
Confira o desempenho dos principais ativos no primeiro semestre:
Ibovespa e dólar
O Ibovespa começou o ano mostrando otimismo dos investidores com a recuperação da economia e com as reformas do governo, levando o índice para o patamar máximo de 69.487 pontos. A crise instaurada na política, porém, derrubou as ações e fez o benchmark da bolsa chegar a bater em 59.370 pontos. Por outro lado, enquanto o governo se sustenta, o mercado ainda mantém leves ganhos em 2017.
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No caso do câmbio, o sentido foi parecido. A moeda começou o ano próxima de R$ 3,30, mas chegou a valer R$ 3,05 no fim de fevereiro conforme o mercado ficava otimista com as reformas do governo. Com a delação da JBS e um cenário externo mais pressionado diante da alta de juros do Federal Reserve, o dólar acabou revertendo este cenário mais próximo de R$ 3,00 e termina o primeiro semestre com leves ganhos.
Ativo | Fechamento em 30 de junho | Variação no semestre | Máxima no período | Miníma no período |
Ibovespa | 62.899 | +4,44% | 69.487 pontos | 59.370 pontos |
Dólar | R$ 3,3123 | +1,93% | R$ 3,3890 | R$ 3,0565 |
Juros futuros
Com a inflação registrado forte queda e voltando para o centro da meta estipulada pelo governo de 4,5%, mas com a economia ainda mostrando dificuldade de ter uma reação, o Banco Central iniciou a aceleração do corte da taxa básica de juros. A expectativa da maioria dos analistas, agora, é que a Selic volte para apenas um dígito até o fim deste ano.
Contrato | Valor em 30/12/16 | Valor em 30/06/17 | Variação (em pontos-base) |
Janeiro de 2018 | 11,52% | 8,94% | 258 |
Janeiro de 2019 | 11,03% | 8,91% | 212 |
Janeiro de 2021 | 11,33% | 10,06% | 127 |
Wall Street
Seguindo o desempenho positivo registrado desde a eleição de Donald Trump para presidente, os mercados americanos seguiram em forte rali, com os três principais índices dos Estados Unidos renovando seguidamente suas máximas históricas. A expectativa sobre as medidas econômicas que o republicano pretende adotar tem elevado o ânimo dos americanos, mas riscos envolvendo escândalos de Trump seguem no radar.
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Enquanto isso, o mercado segue atento aos movimentos do Federal Reserve, que projeta mais uma alta de juros este ano – apesar do mercado não acreditar muito que isso irá acontecer. Neste último mês, o Nasdaq chegou a sofrer diante da realização das ações de tecnologia após a forte valorização dos meses anteriores, mas conseguiu registrar seu melhor primeiro semestre desde 2009.
Índice | Fechamento em 30 de junho | Variação no semestre |
Dow Jones | 21.349 | 8,03% |
S&P 500 | 2.423 | 8,22% |
Nasdaq | 6.140 | 14,06% |
Europa
Na zona do euro, enquanto os investidores segue de olho na tentativa de retomada da economia, esta primeira metade do ano ficou marcada por novas discussões envolvendo o Brexit e pelas eleições presidenciais na Alemanha e França, que trouxeram volatilidade para os índices.
No Reino Unido, as eleições parlamentares no início deste mês agitaram o mercado, que com a derrota da primeira-ministra Theresa May passou a ver maiores dificuldades na negociação da região da zona do euro.
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Índice | Fechamento em 30 de junho (em pontos) | Variação no semestre |
FTSE 100 | 7.312 | 2,38% |
DAX | 12.325 | 7,35% |
CAC 40 | 5.120 | 5,31% |
Ibex 35 | 10.444 | 11,68% |
Ásia
Na China, o semestre foi de preocupações sobre a continuidade do forte crescimento da segunda maior economia do mundo. Até abril, o mercado praticamente não saiu do lugar, mas passou a ganhar força nos últimos dois meses, com um destaque para as últimas semanas com a decisão do MSCI de incluir as ações do país em seu índice alimentando compras de blue-chips.
Índice | Fechamento em 30 de junho (em pontos) | Variação no semestre |
Asia Dow | 3.358 | 14,84% |
Nikkei | 20.033 | 4,81% |
Shanghai | 3.192 | 2,87% |
Petróleo
O excesso de oferta continua a ser o principal fator para a derrocada da commodity, que registra seu pior primeiro semestre desde 1997, segundo a Reuters. Próximo do pior nível em sete meses, o petróleo não deve ver uma mudança de cenário tão cedo e alguns analistas já apontam para patamares abaixo de US$ 40 por barril.
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) acordou, em novembro do ano passado, um corte da produção em 1,8 milhões de barris por dia nos seis meses com início em janeiro. Líbia e Nigéria, porém, ficaram fora do acordo, com a primeira anunciando recentemente que sua produção atingiu a máxima em quatro anos. Já o Iraque, segundo dados recentes, está a aumentar as suas exportações para os EUA. Notícias que afetam a confiança dos investidores em relação a um possível reequilíbrio do mercado.
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Tipo | Preço de fechamento do semestre | Variação no semestre |
Brent | US$ 47,90 | -18,59% |
WTI | US$ 46,06 | -19,05% |
Minério de ferro
Após chegar a encostar nos US$ 90, o minério de ferro voltou para níveis mais baixos neste fim de semestre, com analistas já apontando que aqueles preços eram exagerados. Um aumento na oferta global da commodity tem sido a principal explicação para este recuo e especialistas apontam que o atual nível mais próximo de US$ 60 é o mais razoável no momento.
Tipo de minério | Fechamento em 30 de junho | Variação no semestre |
Qingdao | US$ 64,95 | -17,65% |
Dalian | 474 iuan | -13,50% |
Ouro
Em um primeiro semestre de pouca volatilidade no mercado internacional, mas com diversos temas que trouxeram preocupações para os investidores, como eleições na Europa e polêmicas envolvendo o presidente Donald Trump, com boatos sobre pedidos de impeachment chegando a circularem na mídia, ativos mais seguros como o ouro acabaram subindo. A alta não foi tão expressiva por falta de fatos concretos que elevassem a tensão, mas a tendência é que investidores estejam se dividindo entre ativos de maior e menor risco.
Ativo | Fechamento em 30 de junho de 2017 | Variação no semestre |
Ouro | US$ 1.241 | 7,73% |
VIX
Seguindo o primeiro semestre mais “calmo” dos mercados globais, o VIX, chamado também de índice do medo, encerra esta primeira metade do ano com queda, apesar de passar por dois momentos de estresse, principalmente em maio, quando chegou a superar os 15 pontos com as informações de que Trump teria ligação com agentes russos, gerando os boatos sobre um processo de impeachment. Por outro lado, maio também marcou um período que o índice atingiu seu menor patamar em 24 anos.
Ativo | Fechamento em 30 de junho | Variação no semestre |
VIX | 10,79 pontos | -23,15% |