Real é a terceira moeda que mais se desvalorizou nos últimos 12 meses

Queda das commodities, alta de juros nos EUA e benefícios das maiores economias: a conta que não fecha para a Tov Corretora

Marília Kazmierczak

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SÃO PAULO – Não é novidade que a economia mundial está se deteriorando, e com a iminente elevação de juros nos EUA, o dólar vem ganhando força contra as principais moedas. Segundo a Tov Corretora, nos últimos doze meses, o real desvalorizou 53,94% em relação ao dólar, perdendo só para Colômbia e Rússia com o pior desempenho, 59,42% e 80,34%, respectivamente. O cenário político conturbado e a economia decadente ajudam na descida da moeda brasileira.

Para se ter uma ideia, o peso mexicano ficou em nono lugar com 25,64% de desvalorização, enquanto Hong Kong, China e Filipinas ocupam as melhores posições, com 0,05%, 4,01% e 6,05% de queda, respectivamente. O euro ficou em décimo quinto lugar com 20,87%.

O fato é que os países emergentes dependem de exportações e, assim, ficam reféns do mercado. Para o analista-chefe da corretora, Pedro Paulo Silveira, quanto mais a economia se deteriora, mais esses países sofrem com suas moedas se desvalorizando em relação ao dólar. 

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Segundo relatório da corretora, entre os anos de 2002 e 2008 o dólar sofreu uma forte desvalorização e, em parte, isso é parte da causa para a alta das commodities. A moeda só voltou a recuperar valor ano passado e, de fato, o caminho a ser percorrido até o patamar de 2002 é longo. 

A certeza que fica é o dilema do Fed: se subir as taxas de juros, pode impulsionar uma aceleração na valorização do dólar e com isso, a economia global que já está devagar, pode piorar, levando os próprios EUA a um novo ciclo de queda do PIB; se ficar onde está, poderá deixar as coisas piores no futuro.

Para a corretora, tudo indica que o mercado continua a apostar em um caminho intermediário, onde as commodities caiam, os juros subam e as maiores economias se beneficiem. “Mas é difícil ver essa conta fechar”, afirma Silveira.