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Os analistas estão reduzindo a nota de ações de empresas brasileiras mais rapidamente do que em qualquer outro mercado emergente de importância. Mas os investidores não escutam.
O ganho em dólares de 20 por cento do Ibovespa nos últimos três meses, o maior entre os maiores mercados acionários do mundo, se opõe aos rebaixamentos recebidos no período por 39 de suas 71 empresas, 55 por cento do total. Na China, 18 por cento dos valores no índice Shanghai Composite têm menos recomendações de compra agora do que em março, comparado com 34 por cento no índice Micex da Rússia e com 40 por cento no índice Sensex da Índia.
Embora os analistas tenham rebaixado notas de ações de companhias como a empresa de educação Kroton Educacional SA e a operadora de shoppings BR Malls Participações SA, o Ibovespa entrou num mercado altista no mês passado pela especulação de que a presidente Dilma Rousseff talvez seja derrotada nas eleições presidenciais. Os investidores estão apostando que Dilma ou uma nova administração terá que alterar as políticas para reforçar o crescimento, disse Rogério Freitas, sócio do hedge fund Teórica Investimentos.
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“As ações brasileiras tiveram um desempenho inferior ao do restante do mundo nos últimos anos, em grande parte por todas as coisas que esta administração fez errado”, disse Freitas, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “Não há razão para não acreditar em uma recuperação das ações em meio a sinais de que as coisas possam mudar”.
Políticas intervencionistas
As políticas intervencionistas da administração de Dilma afetaram os lucros de empresas como produtoras de energia e companhias de eletricidade, disse Freitas. O Brasil obrigou a produtora estatal de petróleo, a Petróleo Brasileiro SA, a subsidiar as importações de combustível e disse às companhias elétricas que desejam renovar as licenças que elas devem reduzir os preços da energia no intuito de conter a inflação.
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Uma pesquisa do Ibope publicada em 19 de junho mostrou que o apoio à reeleição de Dilma antes das eleições de 5 de outubro era de 39 por cento. A pesquisa, encarregada pela Confederação Nacional da Indústria, tem uma margem de erro de 2 pontos porcentuais e contou com a participação de 2.002 pessoas em todo o País, entre os dias 13 de junho e 15 de junho. Embora Dilma conserve a liderança na pesquisa, o apoio combinado dos candidatos opositores Aécio Neves e Eduardo Campos poderia bastar para forçá-la a concorrer em um segundo turno, em 26 de outubro.
O Ibovespa perdeu 22 por cento do seu valor desde a posse de Dilma em 2011, comparado com um rali de 30 por cento no índice MSCI All-Country World. A Petrobras recuou 33 por cento durante o período, e o despenco das empresas de energia eliminou US$ 24,2 bilhões do seu valor de mercado em 2012.
Custos de tomar empréstimos
Os analistas já erraram sobre o desempenho do Ibovespa no passado. No final de 2012, eles predisseram que a escala ganharia 19 por cento nos 12 meses seguintes, segundo dados compilados pela Bloomberg. O índice caiu 16 por cento em 2013. A brecha entre o desempenho da escala e as previsões dos analistas foi a segunda maior entre 45 países acompanhados pela Bloomberg.
Prever o resultado das eleições e seu impacto na economia seria uma tarefa muito difícil, portanto isso não é levado em conta na hora de dar nota a uma ação, disse Nataniel Cezimbra, analista-chefe de ações do Banco do Brasil SA. Com o esfriamento da economia e a alta nos custos de tomar empréstimos em meio a uma política monetária mais estrita, a perspectiva para as companhias é desafiadora, disse ele.
“O Brasil preenche todos os requisitos para o que poderia ser o fundo do poço”, disse Michael Shaoul, CEO da Marketfield Asset Management LLC, que supervisiona mais de US$ 20 bilhões, em entrevista por telefone de Nova York. “Não é que não haja notícias realmente boas no Brasil, é que agora o mercado está completamente informado sobre as coisas realmente ruins”.
